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23 mil famílias em risco de perder a casa
Pelo menos 23 mil famílias portuguesas não conseguem pagar à banca os empréstimos à habitação, um aumento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. O cálculo é feito na edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, a partir dos dados do Banco de Portugal. Por outro lado, João Fernandes, da DECO, disse ao Correio da Manhã que as prestações do crédito à habitação continuam a subir pelo menos até Dezembro.
Os efeitos da crise financeira na economia real e nas taxas de juro estão a fazer subir o número de famílias e empresas com dificuldade em pagar os empréstimos. Junto dos particulares, o valor do crédito de cobrança duvidosa atingiu em Agosto um valor recorde de 2,8 mil milhões de euros, o que evidencia uma subida de 26,5% em relação há um ano.
No total, o volume de crédito concedido às famílias portuguesas ascendia em Agosto a 133 mil milhões de euros, dos quais 105,9 mil milhões foram destinados à compra de habitação e os restantes ao consumo. Mas o incumprimento do pagamento destes empréstimos registou um aumento de 23,7% em relação à habitação e de 69,9% em relação ao consumo.
Por isso, segundo as contas do DN, pelo menos 23 mil famílias portuguesas com empréstimos à compra de casa deixaram de ter as contas em dia com a banca. Nos primeiros oito meses do ano o total dos empréstimos hipotecários em falta atingiu os 1,51 mil milhões euros. Por outro lado, o Correio da Manhã avisa que as prestações do crédito à habitação vão continuar a subir, na revisão dos contratos, e só começarão a reflectir a descida dos últimos dias em Dezembro. "Isto se se mantiver a tendência de descida da Euribor, a taxa de referência para os empréstimos à habitação", alerta João Fernandes, da DECO.
O DN lembra que "em rigor, o endividamento financeiro das famílias deverá ser muito maior, já que nesta contabilidade não entram os empréstimos concedidos ao telefone por instituições parabancárias, bem como o "calote" nos leasing ou em ALD, de equipamentos ou carros ou no velho costume dos cheques pré-datados".
Segundo os dados do Banco de Portugal o endividamento médio dos portugueses junto da banca ultrapassa em 29% o rendimento médio anual disponível (salários e rendas, descontado os impostos), de acordo com dados do banco central. Ou seja, o salário de um ano já não paga o acumulado em empréstimos.