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Amigo de Passos nomeado para gerir o buraco do BPN

Francisco Nogueira Leite tem acompanhado o primeiro-ministro desde os tempos da JSD até à administração da Tecnoforma, a empresa que recolheu a grande fatia do bolo das verbas de formação distribuídas por Miguel Relvas no governo Durão/Portas. Em julho foi nomeado presidente da Parvalorem, com salário de 5822 euros/mês.
Passos Coelho e Miguel Relvas, ligados pela política e pelos negócios. Foto PSD.

No final dos anos 80, Francisco Nogueira Leite presidiu ao Conselho de Jurisdição da JSD e depois de acompanhar Passos Coelho na administração da empresa que recebeu mais de quatro milhões de euros do programa Foral, gerido por Miguel Relvas, prosseguiu a carreira de administrador no universo dos transportes públicos, em empresas participadas da CP, Metro e Refer. Com a chegada de Passos Coelho a primeiro-ministro, foi nomeado para liderar a administração da Parvalorem. Esta empresa gere as sociedades veículo do BPN, ou seja, os ativos tóxicos do banco afundado pelas fraudes dos ex-governantes do PSD que o administraram desde a fundação.

Mas ao contrário dos administradores da Parups, SA e da Parparticipadas SGPS - as outras duas empresas criadas em conjunto com a Parvalorem  no âmbito da reprivatização do BPN e que o Estado adquiriu em fevereiro deste ano - a Secretária de Estado do Tesouro e Finanças fez um despacho a classificar a Parvalorem na categoria B, para efeitos das remunerações de gestores públicos, ficando as outras duas na categoria C.

Nomeado pelo Governo logo a seguir a esse despacho, Francisco Nogueira Leite - que não é parente do gestor com o mesmo apelido que foi nomeado por Passos Coelho para a Caixa Geral de Depósitos - passou a auferir 4159 euros mensais, acrescidos de 1663 euros mensais em despesas de representação, totalizando um salário bruto de 5822,61 euros por mês. Ficou mais uma vez invalidada a promessa feita a poucos dias das eleições legislativas, quando Passos Coelho garantiu no fim de um jantar de campanha que não ia "ser primeiro-ministro para dar empregos ao PSD".

O escândalo da relação estreita entre Miguel Relvas - então secretário de Estado da Administração Local, que geria os fundos do programa Foral para dar formação a autarcas - e a empresa Tecnoforma, administrada por Pedro Passos Coelho e Francisco Nogueira Leite, foi levantado em junho por Helena Roseta durante um comentário político na SIC-Notícias. Nela, a atual vereadora e antiga presidente da Ordem dos Arquitetos, lembrou ter sido abordada por Relvas para que a Ordem aderisse ao programa Foral, na condição da formação ser dada pela empresa de Passos Coelho.

O jornal Público foi saber quais as empresas contempladas com verbas deste programa que usava dinheiros públicos e concluiu que a Tecnoforma foi a escolhida para um quarto das candidaturas apresentadas a nível nacional entre 2002 e 2004. Um número que aumenta para 82% se contarmos apenas as candidaturas aprovadas na Região Centro, onde o administrador do programa era o ex-dirigente da JSD Paulo Pereira Coelho.

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