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Vigília pela educação

Centenas de docentes fazem vigilância pela educação em muitas cidades do país, em convocação pelo facebook. O protesto contra o aumento dos horários zero, o despedimento de professores e a degradação do ensino e em defesa da escola pública prolonga-se até quinta feira às 12 horas.
Vigília pela educação no início em Lisboa – Foto de Mário Cruz/Lusa

Convocada através do facebook, está a decorrer uma vigília pela educação em muitas cidades do país. Através daquela página da rede social, há informação de concentrações em Lisboa (junto à Assembleia da República), no Porto e ainda em Aveiro, Beja, Bragança, Bragança, Faro, Vila Real e Viseu.

Os professores denunciam a degradação do ensino, o despedimento de professores e defendem a escola pública.

Em declarações à agência Lusa, um professor e uma professora do Agrupamento de escolas do Caramulo denunciam a grave situação nas escolas, a revisão curricular e os horários zero, em que este ano foram ambos lançados, apesar dele ser professor há 17 anos e ela há 21 anos. Salientam que a revisão curricular do governo PSD/CDS tem como objetivo “cortes e mais cortes” e frisam que há um clima de “medo e pânico” nas escolas.

No Porto, a vigília começou às 19 horas na Praça da República com a presença de cerca de 100 pessoas. À agência Lusa, um dos autores da convocatória, João Paulo Silva, refere: “Decidimos convocar isto para dizer que a escola pública está no mau caminho. Isto não é uma questão de professores, é uma questão da escola pública”.

João Paulo Silva critica a constituição de mega-agrupamentos, “quase impossíveis de gerir”, e o fim de disciplinas como Educação Cívica e Estudo Acompanhado, “que eram importantes para os alunos com mais dificuldades”.

Nesta quinta feira, dezenas de professores e professoras protestaram também no parlamento no fim da apreciação parlamentar da proposta de revisão curricular, na comissão parlamentar de educação. Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, presente no protesto declarou à agência Lusa: “Há um ano votaram a suspensão de vigência de uma revisão curricular que tinha um impacto muito menor do que esta, e depois passam uma esponja sobre o passado recente”. Durante o debate a deputada Ana Drago, do Bloco de Esquerda, afirmou que o diploma “empobrece a escola pública”, porque “foi feito com os pés”. Em resultado disso, afirmou, há "escolas e professores desmobilizados e em pânico", com a perspetiva de não ter colocação, porque o governo "brinca com a vida das pessoas".

Nesta quinta feira, a Fenprof criticou também o absurdo de haver "100 euros para pagar por cada avaliação externa" aos professores, quando o Ministério da Educação e Ciência ainda não pagou as compensações por caducidade de contrato determinadas pelos tribunais.

Mário Nogueira sublinhou à Lusa que “o dinheiro existe para o que interessa ao Ministério e não para o bom funcionamento do sistema”.

Para a Fenprof, mais importante que a avaliação de desempenho é a “quantidade de horários zero que foram criados nas escolas”. Mário Nogueira destacou que, mesmo que professores do quadro sem horário sejam destacados para outras funções nas escolas, algo que “também já se sabia”, não deixam de ser professores do quadro que não foram colocados com horário.

Nota:

Uma leitora comentou este artigo, acrescentando a notícia da vigília em Coimbra, a qual agradecemos e acrescentamos duas fotos retiradas do blogue Demo Crato

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