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Para assentar tijolo basta saber ler e escrever…
Comecemos pelos números: metade das/os jovens em Portugal não conclui o ensino secundário. Mais de 600 mil pessoas são analfabetas. A maioria das/os trabalhadoras/es tem menos que o 9º de escolaridade. Portanto, sejamos claros: Portugal não tem um problema de excesso de qualificação! Portugal tem um problema de abandono escolar, baixa escolaridade e pouca qualificação profissional, que tem vindo a ser debelado com a criação de políticas de educação e formação diferenciadas e dirigidas a diversos públicos, que precisarão de ser melhoradas e não aniquiladas!
Para as/os jovens surgiram modalidades de formação como os cursos de educação formação de jovens (CEF), os programas integrados de educação e formação (PIEF) ou os cursos de aprendizagem.
No que diz respeito à formação de adultas/os, foram implementaram-se, por exemplo, os cursos de educação de formação de adultas/os (EFA) de dupla certificação (permitindo obter uma equivalência escolar e conhecimentos para o desempenho de uma profissão) ou os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC).
Estas modalidades já existiam, muito antes de se terem lembrado de as juntar debaixo de um chapéu chamado Novas Oportunidades, muito antes dos anúncios na televisão e nos autocarros, muito antes das cerimónias de entrega de diplomas; muito antes dos excessos ou da propaganda ideológica do atual governo, a formação de adultas/os já era estudada cientificamente e já estava a ser implementada.
Nuno Crato decidiu que tinha que acabar com a formação de adultas/os. Já o tinha anunciado e falava insistentemente num estudo que nunca ninguém tinha visto. Decidiu então encomendar um estudo sobre estas medidas ao Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico algo tão coerente como solicitar um estudo de veterinária a uma faculdade de letras. E o estudo chegou dizendo o que Nuno Crato queria (alguém ficou surpreendido?).
De uma assentada, Nuno Crato humilha intencionalmente milhares de pessoas que investiram na sua qualificação e formação, insulta as/os profissionais que trabalham nesta área e anuncia que vai ressuscitar uma medida de educação e formação de adultos que tinha sido extinta: o ensino recorrente.
Em menos de um ano de governo, Nuno Crato recuperou os exames da 4º classe e agora restaurou o ensino recorrente. Se dúvidas houvesse, fica cada vez mais claro que Nuno Crato quer voltar aos tempos em que a escola era uma elite para alguns privilegiados que podiam estudar. Os outros não precisavam porque o seu destino estava traçado: filho de pedreiro, pedreiro será; e quem vai assentar tijolo só precisa saber ler e escrever!
Comentários
Já fiz um comentário ao texto
Já fiz um comentário ao texto do Senhor Moisés Ferreira a propósito do processo RVCC e das Novas Oportunidades"
Reitero o que disse nesse comentário. As novas oportunidades não serviram praticamente para nada, excepto gastar muito dinheiro.
Se quiserem contactar-me terei o maior prazer em falar pessoalmente convosco.
Estive metido no processo, sei do que falo e se quiserem posso transmitir-vos a minha experiência.
Por favor, defendam as causas verdadeiramente justas, o país precisa, os trabalhadores, reformados e esmagadora maioria do povo também.
Hoje, vi uma reportagem sobre
Hoje, vi uma reportagem sobre as candidaturas que foram enviadas para Schwabisch Hall. Um dirigente de uma das empresas, comentou que recebeu uma carta manuscrita e isso não era aceitável, o que afirmou com tom irónico. Pos bem, a maioria da população portuguesa não sabe o que é um CV, o que é uma carta de candidatura e muito menos, utilizar o computador! Não sei qual foi o seu envolvimento neste processo mas eu acompanhei e certifiquei adultos através de várias medidas da INO (RVCC, Cursos EFA) e posso afirmar que os maiores ignorantes são os que têm ferramentas para perceber o mundo e a realidade e, mesmo assim, fazem afirmações como as suas... pois os adultos pouco escolarizados que acompanhei... bem, esses nunca tiveram oportunidade nem lhes foram dadas ferramentas para que reconheçam a importância da formação ao longo da vida... ninguém lhes incutiu que para ser pedreiro e estar inserido numa sociedade, precisam saber muito mais do que ler e escrever.
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