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Síria: massacre recebe condenação internacional

O Conselho de Segurança da ONU condenou, por unanimidade – ou seja, com o apoio da Rússia e da China – o massacre de sábado, na Síria, ocorrido em Houla, e que vitimou mais de uma centena de pessoas, incluindo 32 crianças. Desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad já morreram mais de 13 mil pessoas.
Desde 12 de abril, quando entrou em vigor o cessar-fogo negociado pela ONU que nunca foi respeitado, pelo menos 1.881 pessoas, 1.260 delas civis, morreram em consequência da violência. Foto LUSA/EPA/STR.

O Conselho de Segurança da ONU condenou, este domingo, por unanimidade – ou seja, com o apoio da Rússia e da China – o massacre de sábado, na Síria, ocorrido em Houla, e que vitimou mais de uma centena de pessoas, incluindo 32 crianças com menos de 10 anos de idade. A decisão daquele órgão da ONU deixa Damasco sem dois dos seus principais aliados internacionais e põe a descoberto o cada vez maior isolamento do regime de Bashar al-Assad.

Os observadores das Nações Unidas que estão na Síria para monitorizar o cessar-fogo - que deveria ter entrado em vigor a 12 de abril, mas tem sido largamente ignorado – divulgaram os números do massacre que ocorreu na passada sexta-feira em Houla (que fica no centro do país, a 30 quilómetros a noroeste de Homs), após bombardeamentos de artilharia atribuídos às forças do presidente Bashar al-Assad.

A declaração do Conselho de Segurança da ONU não tem a força de uma resolução, mas esta é a mais forte expressão de condenação coletiva por parte deste organismo à atuação do regime sírio. Apesar de não ter sido fácil convencer a Rússia (os representantes russos levantaram dúvidas sobre as versões que responsabilizam o governo sírio pelo sucedido em Houla, exigindo mais provas) a assinar esta declaração, subscrita por todos os 15 membros do Conselho de Segurança, o documento condena o uso de artilharia pesada contra a população civil e reclama que os culpados de tal atrocidade respondam perante a justiça.

Foi finalmente após a intervenção do próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e do enviado especial para a Síria, Kofi Annan, que a Rússia acabou por aceitar dar o seu apoio à resolução que condena a atuação do regime de Bashar al-Assad, indica o jornal El País. Ban Ki-Moon e Kofi Annan afirmaram categoricamente que o ataque de Houla foi uma “flagrante violação das leis internacionais”.

Kofi Annan chega hoje a Damasco, capital da Síria, onde inicia a sua segunda visita para avaliar a aplicação do cessar-fogo entre as partes. Para amanhã está previsto um encontro entre Annan e Assad.

Também o fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) condenou os bombardeamentos à cidade síria de Houla. "Este crime atroz contra crianças tão jovens que não têm qualquer intervenção nos combates evidencia mais uma vez a urgência de encontrar uma solução para o conflito na Síria", disse, em comunicado, Sarah Crowe, porta-voz do diretor-geral da UNICEF, Anthony Lake. "Tal massacre não pode ficar impune", acrescentou.

Mais de 13 mil pessoas mortas desde março de 2011

Os números violentos contabilizam as mortes desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011, e foram divulgados pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Pelo menos 9.183 civis, 3.072 membros das forças de segurança e 749 desertores morreram vítimas da repressão, dos combates e dos atentados dos últimos 14 meses.

Desde 12 de abril, quando entrou em vigor o cessar-fogo negociado pela ONU que nunca foi respeitado, pelo menos 1.881 pessoas, 1.260 delas civis, morreram em consequência da violência.

E o massacre ao povo sírio continua…

Este domingo, uma nova ofensiva das tropas governamentais sírias contra a cidade de Hama (centro) fez pelo menos 33 mortos, incluindo sete crianças com menos de seis anos, de acordo com um novo balanço anunciado pelo OSDH.

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