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Banco de Portugal prevê destruição de 203 mil postos de trabalho até 2014

Banco de Portugal (BdP) revê em alta as suas projeções no que respeita à redução do emprego, que será de 3,6% este ano e de 0,7% em 2013. O PIB português deve encolher 3,4% este ano, e registar uma variação nula em 2013. BdP sublinha que poderá ser necessária a “adoção de medidas adicionais”.Deputado do Bloco Pedro Filipe Soares defende que números divulgados pelo BdP são “desmentido” ao primeiro-ministro.
Foto de Paulete Matos.

No seu Boletim de Primavera, divulgado esta quinta-feira, o Banco de Portugal (BdP) reviu em alta a redução do emprego. Se, no Boletim de Inverno, o BdP apontava para um recuo de 1,8% no emprego já este ano, esta instituição vem agora apresentar números ainda mais penalizadores, apontando para um decréscimo de 3,6%. Para 2013, o BdP vem agora projetar um redução de postos de trabalho na ordem dos 0,7%, contra os 0,6% anteriormente avançados.

Serão destruídos 170 mil postos de trabalho já este ano e 33 mil em 2013.

Segundo o Bdp, a contração do emprego durante este ano será mais acentuada no sector privado, enquanto que no sector público o emprego “deverá manter um ritmo de redução relativamente constante, apresentando uma queda mais acentuada do que a do sector privado em 2013".

Ainda que o BdP não avance previsões sobre a evolução da taxa de desemprego, é certo que a redução do emprego terá consequência dramáticas no que respeita ao aumento do número de desempregados em Portugal. O nosso país já tem a terceira taxa de desemprego mais alta da União Europeia, com 14,8% em janeiro deste ano, mais duas décimas que em dezembro de 2011, segundo o Eurostat.

Agravamento da atividade económica

No Boletim de Inverno, o BdP projetava uma quebra do PIB de 3,1% em 2012, e um crescimento de 0,3% em 2013. Três meses depois, o Bdp já prevê que o PIB português encolha 3,4% este ano, e registe uma variação nula em 2013.

Esta instituição aponta ainda não só para um decréscimo de 7,3% no consumo interno já em 2012, o que equivale ao dobro do registado no ano passado, como também anuncia um desaceleramento acentuado do crescimento das exportações.

No Boletim de Primavera, o BdP aponta para um aumento das exportações de apenas 2,7% em 2012, uma previsão bastante inferior à anunciada há três meses, de 4,1%. Para 2013, a previsão é de um crescimento de 4,4%, contra os 5,8% anteriormente avançados.

"A evolução do consumo privado deverá continuar a ser condicionada pelas perspetivas desfavoráveis para o rendimento disponível, num contexto de deterioração das condições no mercado de trabalho e do impacto de medidas de consolidação orçamental", avança o BdP.

A instituição sublinha ainda que “no plano interno, uma deterioração do cenário macroeconómico poderá conduzir à necessidade de adoção de medidas adicionais que garantam o cumprimento do objetivo orçamental”.

"Não há saída para a crise neste caminho”

Deputado do Bloco Pedro Filipe Soares defende que números divulgados pelo BdP são “desmentido” ao primeiro-ministro.

Segundo Pedro Filipe Soares, enquanto Passos Coelho "prometia uma saída", o Banco de Portugal vem agora dizer que "não há saída neste caminho de austeridade".

Na prática, a economia ficará ainda pior do que era previsto”, avança o dirigente bloquista, sublinhando que “a cada nova previsão é pior o cenário da economia”.

"Não há saída para a crise neste caminho”, reitera Pedro Filipe Soares, e “é por isso necessária uma alternativa de crescimento da economia capaz de responder a este disparar do desemprego”.

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