Está aqui
Governo separa “bons” e “maus” alunos
O documento ontem divulgado pelo Ministério da Educação pouco ou nada adianta sobre a intenção do Governo, mas Nuno Crato confirmou ontem, na conferência de imprensa onde apresentou a proposta de revisão curricular, que pretende permitir a constituição de diferentes grupos de estudantes consoante o seu rendimento escolar.
Dizendo que esta separação, entre “bons” e “maus” alunos, será sempre “temporária” e que não estará presente na formação das turmas no início do ano letivo, o ministro da Educação afirma que esta escola pública a duas velocidades é para “prover a homogeneidade das aprendizagens”.
A única referência a este ponto, no documento onde o Governo apresenta as linhas de orientação para a “revisão da estrutura curricular”, indica que “o acompanhamento e a avaliação dos alunos” será efetuado através de “medidas que incrementem a igualdade de oportunidades, de homogeneidade relativa em disciplinas estruturantes, ao longo de todo o Ensino Básico, atendendo aos recursos da escola e à pertinência das situações”.
“É o velho sonho da direita, que nunca aceitou a ideia de uma escola democrática: uma escola pública para formar elites”, diz Ana Drago. Para a deputada do Bloco, “o sucesso escolar de grande parte dos alunos, que ficam acantonados em grupos de nível, e a equidade de oportunidades são uma preocupação menor para uma direita que nunca disfarçou a sua saudade de uma escola de elites, para as elites”.
Depois dos protestos das associações de pais e conselhos de escolas contra a eliminação da disciplina de Formação Cívica, o Governo recuou e prevê-se agora a possibilidade de uma aula por semana, com conteúdos e objetos ainda a definir, sempre e quando as escolas assim decidirem.
Entre as outras novidades da revisão curricular estão os exames para os alunos do 4º ano já a partir do próximo ano letivo, escolas com autonomia para definir a duração das aulas, ou a divisão da disciplina de Educação Visual e Tecnológica em duas disciplinas autónomas, mas apenas com um docente cada (com a diminuição abrupta do número de docentes necessários a esta área curricular). O apoio ao estudo deixa de ser obrigatório, passando a ter uma “frequência facultativa para os alunos indicados pelo Conselho de Turma e os encarregados de educação”.
“A proliferação de exames, no preciso momento em que o Governo corta no apoio aos alunos com maiores dificuldades de aprendizagem, não só não terá nenhum reflexo na melhoria educativa, como não deixará de conduzir a um aumento dos chumbos”, considera Ana Drago. “Não há nada menos exigente do que repetir toda a gente”, conclui a deputada do Bloco, que solicitou hoje a presença do ministro da Educação no Parlamento para discutir e esclarecer os pontos mais polémicos da revisão curricular.
Comentários
“Não há nada menos exigente,
“Não há nada menos exigente, do que repetir toda a gente”
ah, então apoiam a progressão continuada do governo do PSDB paulista?
Excelente medida, os alunos só dependem de si próprios, afinal são escolas públicas. Injusto seria compará-los aos de particulares. Se isto é errado, então o PSDB paulista fez o certo? Nunca.
O que é democrático é a
O que é democrático é a igualitarização? Dar as mesmas oportunidades é o mesmo que colocar todos os alunos, independentemente do seu comportamento e aproveitamento escolares, na mesma turma? Chamam a isto promover as elites?
"Toda esta gente que nos diz que é preciso misturar numa mesma turma os maus alunos, os médios e os sobredotados [...], toda esta gente vive em bairros em que não há este tipo de estabelecimentos escolares, os seus filhos estão em escolas privadas ou escolas secundárias de elite. Objetivamente participam na guetização da escola.Supostamente dedicados a uma conceção igualitária da instituição, funcionam como agentes do liberalismo." (Maurice Maschino, Pais contra professores).
Sinceramente, não me revejo no discurso da Ana Drago,apesar de ser um aderente do Bloco.
A proposta do governo de
A proposta do governo de segregar os alunos com pior aproveitamento vem promover o abandono e o insucesso escolar e fazer a escola pública fracassar enquanto projeto para o desenvolvimento do país. Aí sim, muitos pais irão optar pelas escolas privadas - que em geral estão num nível abaixo ao das escolas públicas da sua região.
A discriminação ao seu mais
A discriminação ao seu mais alto nível! E os alunos com NEE, ficam onde... do lado dos "bons" ou dos "maus"? Se calhar ainda vão criar o lado dos "deficientes" (não os vejo como tal, estou apenas a seguir a lógica discriminatória deste governo)!!!
Quanto a EVT nem vale a pena comentar... está visto que não há lugar para mim em Portugal, aliás, nem sequer há mais lugar para um ensino/aprendizagem de qualidade! A ideia deve ser formatar os cérebros dos mais pequenos, para que não haja lugar ao pensamento e à criatividade, para que um dia sejam submissos a quem os governar!
Assinado: professora de EVT desempregada
Excelente idéia! Do jeito que
Excelente idéia!
Do jeito que está agora (nivelando as turmas por baixo), pior não fica.
Apoio em todos os
Apoio em todos os sentidos.
Assim apenas existirá rentabilização da aprendizagens para todos os alunos.
É cruel uma criança sobredotada ouvir durante anos coisas que conhece...
Adicionar novo comentário