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Grupo Sonae condenado por assédio moral
No texto decisório da ação de processo comum movida contra a Modelo Continente Hipermercado, a que o Esquerda.net teve acesso, o Tribunal Judicial da Comarca da Madeira - Juízo do Trabalho do Funchal refere que a trabalhadora “foi vítima de um conjunto de comportamentos indesejados e abusivos, perpetrados de forma persistente e reiterada pelo seu superior hierárquico”.
Estes comportamentos consistiram “em estabelecer metas impossíveis de alcançar; em desvalorizar sistematicamente o trabalho por ela realizado ou o realizado pelos colegas; em ataques verbais de conteúdo ofensivo ou humilhante; em fazer críticas constantemente perante os colegas de trabalho; desprezar, ignorar ou humilhar a própria e os seus colegas; em ameaçar de despedimento ou de procedimento disciplinar, atos que intimidaram e afectaram a dignidade, a integridade psicológica e mesmo física” da trabalhadora.
Esta esteve sujeita, “por mais de dois anos, a um comportamento persecutório no ambiente de trabalho oriundo dum superior hierárquico, real e manifestamente humilhante, vexatório e atentatório da sua dignidade que integra o conceito de assédio moral ou mobbing”, lê-se no documento.
Ao invés de “proporcionar boas condições de trabalho do ponto de vista físico e moral”, de respeitar a trabalhadora e a “tratar com urbanidade e probidade e de garantir a segurança e saúde no trabalho da mesma”, a Modelo Continente Hipermercados “procurou legitimar os comportamentos do assediante”.
Dando-se como provado que foi exercida sobre a trabalhadora “uma conduta persecutória intencional que atingiu os valores da sua dignidade profissional e da sua integridade física e psíquica, enquadrável na figura de assédio moral”, o Tribunal Judicial da Comarca da Madeira - Juízo do Trabalho do Funchal condenou a empresa do grupo Sonae a pagar uma indemnização por danos não patrimoniais no montante de cinquenta mil euros. Bem como a atribuir à trabalhadora funções compatíveis com a sua categoria profissional.
Decisão “representa um inegável avanço na conceptualização do assédio moral”
“Não podendo, nem devendo, falar sobre casos que ainda estão pendentes, a decisão em causa representa um inegável avanço na conceptualização do assédio moral”, afirmou Rita Garcia Pereira, em declarações ao Esquerda.net.
A advogada da trabalhadora adiantou ainda que, “por seu turno, a matéria de facto julgada provada é apta a demonstrar o ambiente de brutalidade que, muitas vezes, se esconde atrás de meras prateleiras de supermercado”.
Rita Garcia Pereira foi perentória ao sublinhar que “a dignidade do ser humano não pode ser abandonada à porta do trabalho, principalmente quando publicamente se promove a imagem de um grupo empresarial com preocupações sociais".
Comentários
Como ex-colaborador do grupo
Como ex-colaborador do grupo Sonae - porque felizmente tive condições de me despedir desta empresa que vi a desrespeitar de forma grave muitos dos seus colaboradores, especialmente havendo noção das mudanças que existiram internamente comparativamente às políticas do antigo Carrefour - acredito plenamente nesta notícia. Espero com isto que, tanto colaboradores como entidades externas competentes, comecem a tomar cada vez mais ações afim de obter as condições necessárias e de direito dos trabalhadores. Há muitas histórias que nos passam ao lado por pensar que são casos isolados ou da responsabilidade de um indivíduo sem escrúpulos que chefie uma equipa, mas temos que perceber que existem inúmeros casos que não passam para fora por medo dos colaboradores ou incapacidade/incompetência de certos mecanismos reguladores, começando com simples estruturação de horários feitos de forma ilegal - trocas de folgas - desrespeito pelos tempos de descanso e/ou vida pessoal dos colaboradores, abusos no horário de trabalho como tempos indevidos sem pausas para refeição ou até mesmo exigir picagens de ponto feitas indevidamente para contornar ilegalidades ou pagamento de horas extras, até situações mais graves como abusos morais e processos disciplinares que são aplicados indevidamente a colaboradores que vivem o dia-a-dia a lidar com estruturas mal organizadas que geram constantes insatisfações de clientes, responsabilizando os colaboradores por não conseguir lidar com isso quando não lhes são dadas devidas condições.
Tudo isto pode e DEVE ser fiscalizado a pente fino por quem lhes compete.
lavagens de cérebro de quase todos os HIPERs
ÒH RESPONSÁVEIS DO "CONTINENTE" !!!! então e quando eu for a tribunal pedir uma indemnização por "ASSÉDIO MORAL" de que só pago por certo produto 1euro, 2euro, 3euro, 4euro, 5euro, quando afinal tenho de pagar 2euro-menos 1 centimo ,3euro-menos 1 centimo ,4euro-menos 1 centimo , 5euro-menos 1 centimo ,6euro-menos 1 centimo , voçês vão à falência "VIGARISTAS DE LAVAGEM DE CÉREBRO" do meu não que eu não deixo!!!!!
Infelizmente o que se passa
Infelizmente o que se passa nessa empresa, passa-se igualmente em várias empresas deste grupo. Em plena pândemia com as lojas dos shoppings encerradas, as do grupo Sonae são as únicas que mantêm os funcionários dentro das lojas.
Quando o apelo há mais de 1 mês é o do confinamento pergunto-me que farão mais de 10 pessoas dentro de uma loja fechada dia após dia desde o início do segundo estado de emergência.
Estará este grupo a defender o bem estar dos seus trabalhadores? Estará este grupo a zelar pela saúde daqueles que dão a cara pela empresa no dia a dia?
Onde estão as entidades competentes para averiguar estas situaçoes?
8h horas parecem uma semana a passar. Será que psicológicamente é bom para a saúde mental destas pessoas? Se sim, que venham para as lojas os grandes que estão no conforto dos seus sofás há mais de 1 mês e a protegerem-se do vírus esquecendo- se que quem mantém nas lojas nestas condições também são seres humanos, também tem família e filhos.
E com verdadeira alegria que
E com verdadeira alegria que finalmente se começa a fazer justiça em relação a estas situações de injustiça e desrespeito pelo ser humano que se passam nesta empresa .Trabalhei para o grupo sonar 18 anos e fui vitima de todo o tipo de chantagem e vi muita também o ser.
Com incompetentes no topo que
Com incompetentes no topo que só lá estão porque pisam os mais fracos para se manterem onde estao.
Grupo que diz proteger e salvaguardar o bem estar dos seus colaboradores, em nada é coerente...ameaçam, fazem chantagem emocional, não garantem estabilidade a um trabalhador porque depois de uma certa idade a pessoa deixa de ser válida, pois consideram-na velha para trabalhar, etc..
Empresa que em nada é transparente e verdadeira para os que para si trabalham.
O trabalhador que ousa dizer um não
é ameaçado.. e a maior parte sofre calado sem nada denunciar porque tem medo das represalias a que o grupo está habituado a fazer e porque tem uma família para alimentar e no final do mês precisam de colocar o pão na mesa...
Os verdadeiros trabalhadores, os que vestem a camisola são despedidos, enquanto os que pisam e espesinham permanencem... Assim é a verdadeira SONAE.
Quando irão perceber que o sucesso de uma empresa depende das condiçoes de bem estar emocional, confiança e felicidade que oferecem aos seus trabalhadores??
Para quando decidem colocar à frente dos vossos negócios pessoas HUMANAS, bem formadas e que na realidade sabem o que estão a fazer em vez de terem diretores de mil e uma funçoes, coordenadores, etc... que nao acompanham, não formam, não apoiam e mal conhecem as equipas com quem trabalham?
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