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Carlos do Carmo (1939 - 2021)
O jornal Expresso noticiou a morte do fadista Carlos do Carmo. O artista terá falecido esta manhã no hospital de Santa Maria, em Lisboa, aos 81 anos.
Carlos do Carmo assumiu a gerência de uma casa de fados da família em 1962, ano em que começou a atuar para amigos. Dois anos depois iniciou oficialmente a sua carreira gravando uma versão do fado Loucura com a sua mãe, a fadista Lucília do Carmo.
Ao longo da carreira, o criador de “Por morrer uma andorinha” somou mais de duas dezenas de álbuns, entre antologias, registos ao vivo e de estúdio. "Fado é amor", um dos últimos álbuns, contou com a participação de nomes como Camané, Mariza, Carminho, Ana Moura e Ricardo Ribeiro.
Em 2014 foi distinguido nos Estados Unidos da América com o Grammy Latino de Carreira, tendo-se tornado o primeiro artista português a ser distinguidos com este galardão. A única portuguesa a conseguir um Grammy Latino foi a soprano Elisabete Matos, em 2000, que conquistou o Grammy Latino de melhor álbum de música clássica dado ao elenco de "La Dolores".
Com 55 anos de carreira, o fadista despediu-se dos palcos em novembro de 2019.
"É o ano que vou fazer 80 anos. Há pessoas que têm a capacidade de durar até aos 90 ou 100 a cantar. Não é o meu caso. Este será o ano da despedida. E será o ano da despedida sem amarguras, sem azedumes. Será o ano da despedida com muita muita gratidão a todas as pessoas que me têm dado tantas alegrias e e tanta generosidade", frisou num vídeo partilhado na altura pela sua editora discográfica.
Expoente máximo da cultura nacional
A dirigente e eurodeputada bloquista Marisa Matias comentou hoje o falecimento de Carlos do Carmo, à margem de uma visita ao centro de acolhimento de vítimas de violência doméstica Casa do Lago.
“É uma forma muito triste de começar este ano de 2021. Falamos de uma pessoa que não foi apenas um expoente máximo da cultura, mas foi também um expoente máximo na reflexão, em ajudar-nos a pensar o país, ajudar-nos a construir um país melhor”, afirmou Marisa Matias.
Comentários
Obrigado Carlos
Com o Carlos do Carmo, partiu também uma grande parte de nós, de todos os que dele gostávamos e continuaremos a gostar. Para além de um fadista e cantor de rara qualidade, aliava isso a uma afabilidade genuína, que não se confundia com a mera bajulação que é arma de muitos medíocres. Entrava-nos em casa como um amigo e mantinha connosco um diálogo rico de memórias e de esperanças. Lúcido, sabendo dos seus méritos mas nunca se elevando neles para que fosse visto. Não precisava.
2021 começa da pior forma. Para a cultura sim, ou não tivesse ele feito do fado o que fez, mas muito mais para Portugal, cujo povo amou e o amava.
Sinatra foi o Carlos do Carmo norte-americano e não o contrário, como se propala.
Obrigado Carlos, pelo que nos deste!
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