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The New York Times: Portugal está a “afundar-se cada vez mais no buraco”

Num artigo publicado no The New York Times, Landon Thomas, correspondente deste órgão de comunicação na área dos assuntos financeiros, defende que a Grécia deveria estar atenta ao exemplo do nosso país que, apesar de ter feito tudo o que a troika exigiu, está a “afundar-se cada vez mais no buraco”.
Passos atento a Merkel. Foto de Tobias Kleinschmidt, EPA.

Num momento em que a Grécia se esforça por atender a todas as condições exigidas para garantir um novo plano de financiamento no valor de 130 mil milhões de euros, valerá a pena tirar algumas lições do exemplo de Portugal, segundo defende Landon Thomas.

Este correspondente na área dos assuntos financeiros sedeado em Londres lembra que, “ao contrário da Grécia, Portugal é um país devedor que tem feito tudo o que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional lhe exigem, em troca dos 78 mil milhões de euros de resgate que Lisboa recebeu em maio passado” e que, ainda assim, Portugal tem-se “afundado cada vez mais no buraco”.

No seu artigo, Landon Thomas sublinha ainda que, quando foi acordado o plano de financiamento, o rácio da dívida de Portugal em relação ao PIB era de 107 por cento, sendo expectável que até o próximo ano ascenda a 118 por cento.

Para este correspondente do The New York Times, tal não acontece “necessariamente porque a dívida geral de Portugal está a crescer, mas porque a sua economia está a encolher”.

“Sem crescimento, a redução da dívida torna-se quase impossível”, defende Landon Thomas, citando ainda David Bencek, analista do Instituto Kiel para a Economia Mundial, que alerta para o facto de a economia real portuguesa não ter “a estrutura para crescer no futuro”, não sendo, portanto, o país “capaz de pagar sua dívida a longo prazo."

As medidas de austeridade adoptadas pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar, identificado neste artigo como ex-diretor de pesquisa do Banco Central Europeu e um “discípulo da filosofia focada na austeridade do setor bancário” estarão, neste sentido, a condicionar o crescimento económico do país.

Perante os mais recentes protestos organizados em Portugal, entre os quais a manifestação de 11 de fevereiro, Landon Thomas alerta: os portugueses estão a “perder a paciência”.

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