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Vinci, dona da ANA, promovia França como destino turístico, no aeroporto de Faro

A francesa Vinci Airports tinha lançado uma campanha no aeroporto de Faro com o slogan “fugir da confusão algarvia e descansar em França". Em declarações a propósito do aeroporto do Montijo, Joana Mortágua apelou à nacionalização da ANA.
Nicolas Notebaert, presidente da Vinci Airports, assinou um memorando de entendimento com o Governo português em fevereiro de 2017, onde se “comprometeu a estudar a solução Montijo” para aumentar capacidade do aeroporto de Lisboa – Foto de António Cotrim/Lusa
Nicolas Notebaert, presidente da Vinci Airports, assinou um memorando de entendimento com o Governo português em fevereiro de 2017, onde se “comprometeu a estudar a solução Montijo” para aumentar capacidade do aeroporto de Lisboa – Foto de António Cotrim/Lusa

A empresa francesa Vinci Airports ganhou a privatização da ANA, em 2012. Ficou assim dona dos aeroportos portugueses e detém, segundo a wikipedia, uma rede de 36 aeroportos a nível mundial, sendo 13 em França e 10 em Portugal.

Esta empresa francesa lançou descaradamente uma campanha no aeroporto de Faro, contra o turismo no Algarve, para promover França como destino turístico. Segundo o “Diário de Notícias”, a campanha nas redes sociais denigria o Algarve e promovia Marselha: "fugir da confusão algarvia e descansar em França".

O Governo português decidiu nesta segunda-feira ordenar o fim dessa campanha. Segundo a RTP, o ministério das Infraestruturas e da Habitação anunciou, em nota: "O Governo, assim que tomou conhecimento da situação (...), pediu explicações à ANA e pediu de imediato que fossem tomadas medidas para retirar uma publicação que é contrária aos interesses do país, dos portugueses e da economia nacional".

Joana Mortágua defende “nacionalização da ANA”

Entretanto, também nesta segunda-feira, teve início o processo de consulta do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo.

Em declarações ao jornal “Público”, a deputada bloquista Joana Mortágua manifestou preocupações com o ambiente, salientou a “pressão enorme” do Governo para que o EIA desse luz verde ao aeroporto no Montijo e afirmou que “a decisão de escolher um novo aeroporto não é para ser tomada em modo low cost por uma empresa estrangeira”.

“Sempre alertámos que o Governo estava a condicionar o estudo da APA [Associação Portuguesa do Ambiente]. E o estudo confirma que há impactos ambientais, apesar do parecer positivo”, afirmou a deputada.

“Sempre dissemos que era uma decisão tomada por uma empresa estrangeira, a Vinci, devido ao erro estratégico que foi privatizar a ANA – Aeroportos de Portugal”, destacou, frisando que o Bloco está “contra a opção do Governo de deixar uma decisão desta importância para o país nas mãos de uma empresa estrangeira” e realçando que o Bloco defende a nacionalização da ANA no seu programa eleitoral.

Programa do Bloco

“A questão de um novo aeroporto de Lisboa cuja necessidade está inscrita no próprio contrato de concessão da ANA à Vinci configura-se como uma das razões substantivas para corrigir o grave erro estratégico de privatizar a ANA, pelo que a opção de a fazer regressar ao controlo e à posse do Estado está colocada na próxima legislatura”, refere o programa do Bloco.

E conclui: “a nacionalização da ANA é não apenas condição para resolver a questão de um novo aeroporto, como também para responder às insuficiências que diversos aeroportos já apresentam”.

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