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Biblioteca República e Resistência fecha em junho com destino do seu acervo incerto
A Biblioteca-Museu República e Resistência, parte da rede de bibliotecas municipais de Lisboa com um acervo especializado no republicanismo e resistência ao fascismo, vai encerrar a 15 de junho e desconhece-se o destino a dar ao acervo, noticia o site O Corvo. As instalações deverão requalificada para passar a acolher uma nova biblioteca da rede municipal BLX.
A biblioteca foi criada em 1993 por decisão de João Soares, então vereador da cultura no executivo camarário liderado por Jorge Sampaio. Inicialmente situava-se num edifício na vila operária Grandella em Benfica, de onde se transferiu para as atuais instalações no bairro do Rego em 2001. Destaca-se pelo seu acervo de mais de 50 mil livros e documentos focados especialmente nas áreas da Primeira República, Maçonaria e resistência ao fascismo. Parte substancial do acervo provém do espólio do jornalista Carlos Ferrão (1898—1979), cedido ao Estado em 1976 e colocado mais tarde ao cuidado da CML.
Com a mudança em 2001 da biblioteca de Benfica para o Rego, pretendia-se dinamizar o bairro de habitação social circundante, construido na mesma altura com o realojamento de vários bairros clandestinos, carente de equipamentos sociais e isolado a norte pela barreira viária da Avenida das Forças Armadas. Pretendia-se também cativar estudantes, dada a proximidade da Cidade Universitária e Universidade Católica.
Passados 25 anos, a biblioteca prossegue o seu trabalho mas sofre de instalações degradadas, falta de manutenção (a cafetaria encerrou há anos, o ar condicionado tem avarias crónicas) e agora incerteza quanto ao futuro. A presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Ana Gaspar (PS), declarou ao Corvo ser favorável à mudança, que permitiria no seu entender reabrir com uma nova biblioteca municipal mais vocacionada para cativar o público local.
No entanto, há preocupação entre quem usa a biblioteca e nela trabalha pelo seu acervo especializado. Um funcionário afirmou ao Corvo que "esta coleção não pode ser desagregada" pois "uma biblioteca especializada, como esta, enriquece qualquer rede". Luís Vasconcelos, 60 anos, um dos 10 a 15 frequentadores diários do espaço, afirmou ao site que “um espaço com tais características, especializado nesta área, deveria ser mantido”.
Há informações não oficiais de que o acervo da biblioteca República e Resistência deverá passar a integrar o Museu do Aljube, inaugurado em 2015 pela CML na antiga prisão de Alfama onde estiveram muitos opositores ao Estado Novo, com o qual há portanto afinidades temáticas. Jorge Mangorrinha, atual coordenador da biblioteca, não contesta essa solução, mas afirmou ao Corvo que “a decisão de fecho e retirada dos conteúdos não é minha”. Para já, a informação oficial da Câmara é que após 15 de junho o acervo passará para a biblioteca do Palácio Galveias.
Comentários
UM PEQUENO REPARO AO VOSSO ARTIGO
O vosso artigo, embora oportuno, não capta na verdade a gravidade do problema. A realidade é esta, estamos perante a destruição bárbara e obscurantista de um dos poucos equipamentos culturais especializados da Câmara Municipal de Lisboa.
A Biblioteca-Museu República e Resistência é, desde o seu início, um verdadeiro repositório da memória histórica e social das lutas populares pela democracia, pela liberdade e pela justiça social. O seu acervo documental, rico e único, é de grande relevância para o estudo da sociedade portuguesa (e não só) desde meados do século XIX até à actualidade. Que soluções propõe a Câmara para este equipamento? 1) A sua destruição com o pretexto de obras de renovação; 2) O desmembramento do seu acervo, condenando irremediavelmente a maior parte dele a uma lenta destruição em depósitos de retaguarda; 3) A substituição de um equipamento cultural especializado (da Câmara) por uma "Biblioteca de Bairro" sob a gestão da Junta de Freguesia. O curioso é que nesta intervenção nunca se admite a relocalização do equipamento fortalecendo os seus meios materiais e humanos. A destruição da Biblioteca-Museu República e Resistência é um objectivo assumido há já muito tempo Pelo pelouro da Cultura. Basta olhar para a história do equipamento nos últimos anos. Mas o fim do equipamento só será possível se todos nós permitirmos que isso aconteça!!!
Nota final:
1) Não é verdade que os livros fiquem disponíveis na Biblioteca Galveias e no Museu do Aljube; A Biblioteca Galveias só poderá receber menos de 3000 livros e o Museu do Aljube também não tem muito espaço disponível.
2) A maior parte da documentação tem como destino um depósito de retaguarda.
Um grande abraço!!!
Mais uma matriz para, o
Mais uma matriz para, o conhecimento da História contemporânea de Portugal que se perde.
É lamentável e vergonhoso.
Mais uma matriz para, o
Mais uma matriz para, o conhecimento da Historia contemporânea de Portugal que se perde.
É vergonhoso!
Mais uma fonte de estudo
Mais uma fonte de estudo credível, que vamos deixar de ter.
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