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Imposto Google: Pedro Filipe Soares acusa PS e direita de não quererem fazer nada

Proposta de imposto Google foi hoje rejeitada no parlamento. Pedro Filipe Soares defendeu a proposta como uma questão de soberania e qualidade da democracia, e criticou a resignação de PS e direita em "não poder nem querer fazer nada".

No debate parlamentar desta quarta-feira sobre o chamado imposto Google, Pedro Filipe Soares criticou o PS por "estar vergado aos grandes interesses alemães" na rejeição da proposta, e a direita por qualificar como "saque fiscal" uma proposta que nada custaria aos contribuintes. A proposta foi rejeitada com os votos contra do PS e da direita.

Referindo que a Google só no último trimestre faturou 32 mil milhões de euros em publicidade, e o Facebook 16 mil milhões, o deputado registou como para a direita não se pode tocar nesses casos — "Se fosse pensões, se fosse salários, se fosse um aumento do IVA, como fizeram no governo deles, aí já poderia ser", ironizou.

Registando como houve consenso no debate sobre a evasão fiscal das grandes empresas da economia digital, Pedro Filipe Soares sublinhou como para PS e direita a conclusão é a mesma: não podem nem querem fazer nada. O medo de retaliações das empresas, evocado pelo PS, ilustra bem "como uma multinacional compra os favores de um país para garantir que não paga impostos".

O líder parlamentar do Bloco contrapôs que "não aceitamos essa inevitabilidade" da chantagem empresarial, referindo que os gigantes digitais constituem um "oligopólio que garante que nenhuma outra empresa cresce". Seria de esperar que preocupação à direita com essa situação, porém "batem no peito para defender a concorrência, mas na prática votam a favor do oligopólio", concluiu.

Pedro Filipe Soares precisou também como o problema de soberania colocado pelos gigantes digitais é uma questão de justiça fiscal, mas também de combate às fake news vindas de uma qualquer potência internacional, "fale ela em russo, chinês ou inglês", e de garantia de que há "um conhecimento e informação sobre o país que dê qualidade à democracia".

O líder parlamentar sublinhou ainda as contradições de PS e direita face aos seus congéneres que apoiam propostas semelhantes, que nada custam aos contribuintes: "PS faz de conta que Pedro Sanchez não sabe o que quer", o PSD "faz de conta que não conhece Macron", o CDS "assobia para o lado" quando o presidente da república apoia a ideia.

A ideia do imposto sobre os gigantes digitais, recorde-se, era passar a taxar os proveitos das grandes empresas de serviços online como o Google e Facebook nas suas atividades publicitárias, de comercialização de dados sobre os utilizadores, e outras atividades conexas. As receitas destinar-se-iam a financiar um fundo de apoio aos media nacionais e locais, atenuando a sua asfixia financeira pelos gigantes digitais, que tem prejudicado as condições e a qualidade do trabalho dos jornalistas. O imposto, que foi bloqueado a nível europeu por oposição alemã, irlandesa e nórdica, vai no entanto ser aplicado a nível nacional por França e Itália. Espanha e Reino Unido também manifestaram intenção de fazer o mesmo.

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