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Netflix cede a censura saudita

A plataforma de conteúdos audiovisuais online cortou um episódio da atuação do cómico Hasan Minhaj que tinha feito uma sátira sobre o assassinato de Jamal Khashoggi.
Foto de diryblueshirt/flickr

O jornalista Jamal Khashoggi foi assassinado há três meses dentro do consulado saudita em Istambul. O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, figura criticada por Khasoggi, tem sido considerado o autor moral do assassinato.

O programa de standup de Hasan Minhaj, Patriot Act, continha um monólogo sobre o que teria sucedido dentro do consulado que incluía frases como: “em determinada altura estavam a dizer que ele morreu numa troca de murros, ao estilo Jackie Chan. Inventaram tantas explicações. A única que não avançaram foi que Khashoggi morreu num acidente a escalar montanhas sozinho.”

Minhaj atacava ainda a imagem “modernizadora” que o príncipe saudita quer fazer passar, a única coisa que o príncipe está em vias de modernizar é a ditadura saudita”, e criticava-o pela guerra do Iémen e pela fome que desencadeou.

A associação norte-americana Human Rights Watch critica a atuação da Netflix que afirmava “apoiar a liberdade artística”, alegação que “não vale nada se se verga às exigências das autoridades governamentais que acreditam que não deve haver liberdade para os seus cidadãos.”

A associação de defesa dos direitos humanos declara ainda que “todos os artistas que aparecem no Netflix devem sentir-se ultrajados pela empresa ter concordado em censurar um programa de comédia porque a realeza sensível dos Sauditas se queixou sobre ele.”

A Netflix respondeu defendendo que é obrigada a “cumprir a lei local” contra a “cibercriminalidade”, desafiar esta lei pode conduzir a uma pena de cinco anos de prisão e a uma multa de cerca de 700 mil euros.

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