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Os 13 que não fazem diferença
Para os/as menos atentos/as, a primeira grande preocupação do senhor Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, quando confrontando com as questões relativas ao despedimento coletivo, resultante do encerramento da fábrica Cofaco, foi esclarecer que o número de pessoas em questão é de 167 e não 180, como se esta diferença diminuísse o problema sócio-económico que se avizinha no Pico.
O passado recente do encerramento da fábrica no Faial, o desmantelamento de maquinaria, a pressão a que as trabalhadoras estavam sujeitas por não saberem do seu futuro, os rumores que se ouviam e aquilo que o Governo Regional tentava negar, faziam prever o que aconteceu: o despedimento.
Pelo que foi tornado público, terá sido assumido o compromisso verbal de garantir todos os direitos às trabalhadoras e aos trabalhadores. No papel e com assinaturas, nada.
Valendo-se da boa-fé de uma administração que, num processo de reestruturação, procederá a um despedimento coletivo, numa região com tantas fragilidades económicas, o senhor Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia disse ser prematuro afirmar quantas pessoas serão reintegradas no futuro, mas, contraria-se logo de seguida, dizendo que acredita que grande parte dos trabalhadores será readmitida, na nova unidade fabril.
Sabendo-se que o desenvolvimento tecnológico tem servido para diminuir postos de trabalho (quando deveria simplesmente facilitar a vida às pessoas, reduzindo o seu esforço e as suas horas de trabalho, aumentando o tempo de lazer), conclui-se rapidamente, e sem grande esforço, que poucas serão as pessoas readmitidas. E havendo readmissão? Os anos de trabalho até abril, do corrente ano, são contabilizados? Areia para os olhos!
Outro dado que está a passar despercebido é o de estarmos a falar de postos de trabalho ocupados essencialmente por mulheres que, devido à sua idade e às reduzidas ofertas no mercado, terão grande dificuldade em conseguir trabalho.
O Senhor Secretário também referiu não se tratar de “uma situação muito confortável”, mas terá, o senhor Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, noção do desconforto de cerca de 200 trabalhadores saberem que a empresa que os vai despedir receberá milhões em apoios públicos?
Está aí o novo ciclo: pagar milhões a empresas que despedem!
Artigo disponível em acores.bloco.org
Comentários
Algo parecido aconteceu na
Algo parecido aconteceu na Infinium em Vila do Conde, o cherne foi lá meter 500 milhoes e a administração alemã fechou a fabrica portuguesa pouco depois. Inadmissíveis estas situações, especialmente com empresas estrangeiras. O ciclo não é novo infelizmente...
O Sr não-Engº também meteu lá
O Sr não-Engº também meteu lá bastante quanto era claro que a empresa mãe estava com graves problemas.
O problema da Infinium foi diferente: à típica maneira alemã, investiu e apostou em tecnologia que não estava minimamente pronta para o mercado e faliu.
O Vasco Cordeiro é do PS, é
O Vasco Cordeiro é do PS, é um artista açoriano. Ou, como diria o meu colega
Silvestre Fontes, que era da BASE/FUT:
"O Vasco Cordeiro é um rapaz jeitoso"
Fernando Justino
Provassem eles "os que mandam
Provassem eles "os que mandam" a precariedade laboral, o desassossego que não deixa a mente tranquila, com o medo a trazer marés de insegurança, aparentes estados transitórios e de ansiedade, a culminar em desespero...
Provassem eles "os que mandam" o trabalho duro e mal remunerado...
Provassem eles "os que mandam" a incerteza do amanhã e a forma encontrada a uma continuidade sem garantias de nada, a ser excepção, os sacrifícios implícitos...
Provassem eles "os que mandam" experimentar por um só dia, os dias destas 180 pessoas, desculpem-me mas afinal apenas 167, menos 13 portanto, e digam-me com toda a sinceridade, a ser possível, qual a sensação?
Qual a sensação de ter 3 filhos, de serem 5 à mesa, do pai não poder avançar para o Pico, da mãe assegurar o trabalho, a não dar-se no mar e no retorno a casa, ajudar os filhos com os trabalhos escolares que não vislumbram horizontes de encaminhamento até ao ensino universitário, pois o salário chega, tem de chegar, para combater a fome satisfatoriamente, e pouco mais, quanto mais ousar sonhar com um futuro melhor para os filhos...
Se provassem o fel da miséria, a negação dos sonhos, os cortes nas ambições pessoais, o conforto mínimo comprometido, o cansaço físico e o estado desgastante do cérebro, o fazer contas de sumir, a casa fria, os pés gelados... Talvez diante de uma lareira acesa, num sofá reconfortante, com vários cartões de multibanco e alguns de crédito, porque a vida está com um custo elevado, a tomar um uísque velho, talvez pudessem por instantes angustiantes, sentir na pele, o que na pele, sofrem os que vivem do lado de lá.
O lado da precariedade. No limiar da pobreza. Nas intermitências do destino...
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