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Síria: “Os civis estão a ser massacrados”, afirma Alto Comissário da ONU

Regime de Bashar al-Assad responsável pelo ataque mais mortífero dos últimos quatro anos. Organizações humanitárias apelam a um cessar-fogo que possibilite a chegada de ajuda ao enclave nos arredores de Damasco.
Síria: “Os civis estão a ser massacrados”, afirma Alto Comissário da ONU
Organizações humanitárias afirmam que há quem esteja a morrer simplesmente por não ser possível garantir tratamento a tempo. Foto: Abdulmonam Eassa/AFP/Getty Images

“Os civis estão a ser massacrados”, denuncia o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein. Só nos últimos dias faleceram cerca de 350 pessoas e ficaram feridas mais de 800. Este está a ser considerado o mais bárbaro ataque dos últimos quatro anos, desde que a zona foi alvo de um ataque químico. Estima-se que em Ghouta, controlada pela oposição ao regime de Bashar al-Assad, habitem pelo menos 400 mil civis.

Na sequência daquela que está a ser descrita como uma das mais mortíferas vagas de ataques nos últimos quatro anos na Síria, várias organizações humanitárias apelaram a um cessar-fogo que permita a chegada de ajuda ao enclave de Ghouta oriental, nos arredores da capital Damasco. Também António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, descreveu a situação no terreno como se tratando de um “inferno na Terra”.

“Podemos morrer a qualquer momento. Nunca se sabe de onde podem vir os rockets para acabar com as nossas vidas”, disse Tareq al-Dimashqi ao The New York Times.

Por não estar garantida a segurança dos funcionários e voluntários internacionais, a entrega de alimentos e medicação na zona foi suspensa. É por esse motivo que as organizações humanitárias, entre as quais se encontram a Cruz Vermelha e o Programa Alimentar Mundial, afirmam que há quem esteja a morrer simplesmente por não ser possível garantir tratamento a tempo.

“Ainda estamos vivos, não podemos andar fora da casa, nem mesmo uns poucos metros”, acrescentou Dimashqi, sublinhando que ele e a mulher estão a passar dificuldades para alimentar a filha de apenas cinco meses. “Só tenho esta bebé e não conseguimos encontrar comida para ela. Não temos outra opção a não ser resistir até ao último momento. A morte e a vida tornaram-se iguais para mim”, disse.

O ataque levou à publicação de um comunicado em branco pela Unicef. “Nenhuma palavra fará justiça às crianças mortas, às suas mães, aos seus pais e aos seus entes queridos”, lê-se na frase que antecede o comunicado. Segundo a Union of Medical Care and Relief Organizations, nos últimos dias as bombas atingiram cinco hospitais.

Em declarações ao The Guardian, um médico da cidade afirma que "estamos perante o massacre do século XXI. Se o massacre dos anos 1990 foi Srebrenica e os massacres dos anos 1980 foram Halbja e Sabra e Shatila, o Ghouta Oriental é o massacre deste século, agora". O médico acrescentou ainda que "o que pode ser mais terrorismo do que matar civis com toda a espécie de armas? Isto é guerra? Chama-se um massacre".

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