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Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele
Iniciar a vida académica na universidade como catedrático é indecente. Uma nomeação e uma aceitação inaceitáveis.A universidade é verdadeiramente um conceito. Há mais de dez séculos que ela se tornou o garante da qualidade, do rigor, da aprendizagem, da liberdade. Um ponto de encontro e de debate, de confluência e difusão. Aprender para todos, respeitar todos. É por isso que iniciar a vida académica na universidade como catedrático é indecente. Não vale a pena a direita dizer que a esquerda tornou a nomeação de Passos Coelho num confronto ideológico; não vale a pena minimizar o debate que se estabeleceu nas redes sociais; não vale a pena alegar que a legislação permite. Com veemência é minha opinião que a decisão é indecente como é igualmente indecente a aceitação, tudo inaceitável.
A indignação é geral e não exclusiva a certos grupos ou centros de investigação e escolas universitárias. Talvez a direita devesse parar para se questionar porque razão se escandaliza a esquerda. Se a direita tiver a coragem de não se escudar com a desculpa da ideologia, rapidamente chega lá. Se não chegar é porque não está interessada. Qual é a explicação para justificar que um ex-primeiro ministro passe a catedrático, sem nenhuma preparação académica adequada e mesmo sem experiência ou atividade de mérito na área? Ou não é verdade que a universidade sempre defendeu um percurso académico rigoroso e uma preparação científica adequada para um desempenho de qualidade? Por partes: claro que o ex-primeiro-ministro tem o direito a ganhar a vida mas podia fazê-lo sem pontapés na lei e na ética. Um emprego correspondendo ao nível académico que possui e a vozearia não teria acontecido. Ao assentar praça em general sujeita-se às críticas. O que lhe é prometido são alunos de mestrado e doutoramento. Mesmo admitindo que os seus conhecimentos sobre economia e administração pública são vastíssimos, onde é que terá obtido as outras ferramentas académicas indispensáveis para ministrar aulas de doutoramento?! Em economia tem a licenciatura, em administração pública só os conhecimentos que o autoritarismo e a Troika lhe deram. Os seus conhecimentos de administração pública foram duramente sentidos, sim, durante o período em que foi primeiro-ministro, quando os direitos adquiridos foram pelo cano abaixo em troca de uma dificuldade crescente na vida do dia-a-dia. Invocando o argumento da ideologia, varrendo a história para debaixo do tapete, a direita procura baralhar e dar outra vez. As reformas da administração pública limitaram-se à introdução de uma mecânica que empobreceu clara e dramaticamente os trabalhadores. Sobre estes procedimentos, talvez PPC tenha muito a ensinar, processos inimagináveis. Podia dar aulas aos que acabam de entrar no ensino superior e até podia dar umas palestras. Uns ciclos de conferências davam pano para mangas e, ainda que de interesse académico duvidoso, a universidade como instituição não seria afrontada. Porque, sim, é mesmo uma afronta para quem acredita que a universidade é uma instituição de mérito acumulado ao longo de mais de dez séculos, que incentiva os melhores. Não se trata de defender corporativamente uma instituição mas apenas reconhecer-lhe o mérito.
Dizem outros que está tudo certo porque a lei permite nomeações deste tipo e cita-se o caso dos graus honoris causa. Pois, mesmo que a lei permita, a ética e a dignidade não. É urgente organizar um curso doutoral sobres estas questões! Quanto aos honoris causa, é a universidade a interagir com a sociedade civil reconhecendo o trabalho de qualidade desta ou daquela personalidade; o grau não significa que fulano ou sicrano assente arraiais numa qualquer cátedra.
E a universidade devia ter muita vergonha. Esta nomeação vem na mesma linha do tratamento dado aos precários, recusando a integração destes e manifestando total falta de respeito pela comunidade. Enquanto os precários ficam à porta, PPC entra pela porta da frente com fanfarra. Uma universidade assim é uma instituição desprezível.
Atrás da secretária de primeiro ministro não se aprende o que é suposto ensinar-se na universidade e, sendo assim, afinal o que vai tão excelente professor ensinar? Chegámos ao ponto. O que se espera de PPC é que forme quadros – aproveitando um período mais alargado do que a Universidade de Verão do PSD oferece – para mais tarde engrossarem o exército de candidatos a boys. Como no antigo regime, outra vez a universidade como fábrica de fazer chouriços, da amálgama à formatação perfeita. Trata-se de uma corrida de fundo e uma vez que ganhar eleições em 2019 parece problemático, o melhor é pensar no longo prazo. Trata-se de oportunidade única. Até 2023, e foi Rui Rio que estipulou esta meta, haverá tempo de lançar umas fornadas no mercado de trabalho ou colocar os candidatos em filas de espera a aquecer para o que aí vem. Não interessa rigorosamente nada a inexistência de currículo académico ou de prática profissional de PPC, nem se teme pela verticalidade da universidade. O que identificamos aqui é uma oportunidade de ouro para a direita doutrinar uns quantos meninos, muni-los com um canudo para brandir mais tarde na corrida ao pódio. All in all, é mesmo uma questão ideológica.
Comentários
o melhor é mandar o PPC pra
o melhor é mandar o PPC pra um campo de reeducação e meter-lhe "O Capital" na cabeça !!
FACTOS:
FACTOS:
- um Licenciado a dar aulas a alunos de Mestrado e Doutoramento;
- um crítico das Novas Oportunidades (que aboliu) a beneficiar para si de uma Novíssima Oportunidade;
- um homem que acredita que tudo deve ser privatizado, a dar aulas sobre administração pública. Chega à 1ª aula e diz: privatize-se - e pronto, acabou a matéria;
- um homem que cortou salários e exigiu provas aos professores, mas que agora vai receber como se estivesse no topo da carreira de docente, sem fazer avaliação nenhuma;
- um homem que aplicou uma ideologia radical de forma cega (Neoliberalismo), indo "além da troika" só por fanatismo, mesmo havendo estudos e prática que provam que estava errado, e que resultou na pior recessão em democracia, em 30% de desemprego real, em mais pobreza, e que agora vai dar aulas de economia;
- um homem que fez parte da administração de uma única empresa privada, lá colocado por cunha, que vivia graças a roubo de fundos europeus (foi a UE que o disse, que roubaram pelo menos 7 milhões), e que não sabia que precisava de pagar impostos, tendo essa empresa acabado falida... e vai agora usar todo este "conhecimento" para dar aulas... numa universidade... com posição e vencimento de topo de carreira...
Mais valia fazer como a Maria Luís Albuquerque (vende informações previlegiadas sobre dívidas em Portugal, a uma empresa estrangeira), o Vítor Gaspar (foi "trabalhar" para o FMI, para levar "democracia" a mais países), o Ferreira do Amaral ("gere" a empresa que lucra com as pontes sobre o Tejo, graças a uma negociata feita por Cavaco e piorada por Guterres, onde a despesa é pública e só o lucro é privado), ou até mesmo como Durão Barroso (foi para o banco especulador Goldman Sachs vender a sua lista telefónica que criou enquanto esteve na UE a fazer lobby a tempo inteiro!).
Pelo menos esses que referi são vigaristas genuínos. Já Passos Coelho, é um dissimulado que gosta de fazer dos outros parvos... e olhem só quantos gostam de o ser, veja-se a quantidade enorme de gente que o tem andado a defender, como se o indefensável pudesse ser justificado.
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