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Portugal é dos países onde é mais difícil manter a casa quente

No país onde se paga a eletricidade mais cara da Europa, considerando o poder de compra, quase um quarto das famílias não consegue manter a casa quente “de forma adequada”, segundo os dados revelados nesta quinta-feira, pelo Eurostat.
Portugal é dos países onde é mais difícil manter a casa quente
Um idoso protege-se do frio junto a uma lareira, devido à vaga de frio que se fez sentir, em São Vicente da Beira, 3 de fevereiro de 2012. Foto de António José/ LUSA.

Segundo os dados referentes a 2016, divulgados pelo Eurostat, nesta quinta-feira, o número de famílias portuguesas que não conseguem manter a casa aquecida tem vindo a diminuir, mas o país ainda representa uma das situações mais graves dentro da União Europeia (UE).

Considerando o último ano analisado, o de 2016, as estatísticas do Eurostat mostram que ainda há 22,5 por cento das famílias que não conseguem manter a casa quente “de forma adequada”, o que coloca o país na quinta posição dos que têm mais problemas.



Desde 2006 que esta percentagem apresenta em Portugal uma tendência descendente, apenas interrompida em 2007, 2010 e entre 2011 e 2014, época de crise e austeridade, em que se registaram ligeiras subidas. Em 2006, o mesmo indicador mostrava que, em Portugal, 39,9 por cento (quase quatro em cada dez famílias residentes no país) sofriam com este problema. Nesse ano, Portugal era o segundo pior a este nível.

Dados de 2016, Eurostat/ Público.

Pior do que Portugal, só mesmo a Bulgária, a Lituânia, a Grécia e Chipre. Por comparação, a média na EU, de famílias que sofrem com esta “pobreza térmica”, cifra-se em 8,5 por cento, contra os 39,2% de famílias na Bulgária, cujos dados foram obtidos por estimativa (ao contrário da maioria, para os quais há dados reais) e que apresenta o pior rácio do conjunto dos países analisados.

O Eurostat alterou, sem explicar as razões, os dados disponibilizados nesta quinta-feira, a meio da tarde, retirando as estatísticas referentes aos anos 2006 e 2007, mas o jornal Público disponibiliza o quadro completo, aqui.

Em Portugal, paga-se a eletricidade mais cara da Europa

Em maio de 2017, o gabinete de estatísticas da União Europeia, Eurostat, divulgou outros dados, mostrando que Portugal é o nono país com a eletricidade mais cara para as empresas, entre os 28 do espaço comunitário. Já o preço cobrado aos particulares é, em média, mais do dobro pedido às empresas. Para as famílias portuguesas, a fatura da eletricidade é a quarta mais cara de toda a Europa: 23,6 euros por cada 100 quilowatt-hora (kWh). Só os consumidores domésticos da Dinamarca, Alemanha e Bélgica pagam acima deste valor.

Assim, no segundo semestre de 2016, quem vive em Portugal pagou mais 3,10 euros, por cada 100 kWh consumido. Se a comparação for feita em relação à Bulgária, o país com a eletricidade mais barata dos 28 (9,4 euros por 100 kWh), as famílias portuguesas pagaram mais 14,2 euros.

Contudo, quando os preços são corrigidos pelas paridades de poder de compra (PPC), tornando assim a comparação mais correta face à real capacidade aquisitiva em cada país e face aos preços relativos de bens comparáveis, Portugal ultrapassa todos os restantes países, registando o custo médio mais elevado para este bem energético, fundamental para aquecer os espaços interiores no inverno e tentar contornar as deficiências energéticas que resultam de defeitos na construção das casas.



O panorama para este novo ano não é mais positivo, dado que já se sabe que, em 2018, a eletricidade será mais cara para quatro milhões de pessoas, segundo a estimativa avançada pela RTP.

O aumento de 2,5 por cento atinge os clientes da EDP comercial, mas até ao final deste mês, todas as empresas que fornecem este bem energético terão de fixar as tarifas. Por esta razão, a entidade reguladora (ERSE) aconselha a comparar preços e a considerar  mudar de fornecedor, se assim se justificar e de acordo com as necessidades de cada família ou consumidor particular.

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