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“Para nós, palavra dada é mesmo palavra honrada”

Mariana Mortágua interveio no encerramento do debate orçamental para sublinhar que no combate às rendas excessivas “nada justifica o volte face do Partido Socialista a não ser a subserviência de sempre ao poder das elétricas”.

A intervenção do Bloco no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2018 ficou marcada pela mudança de posição do governo e do PS em relação a uma proposta acordada com o Bloco de Esquerda e já aprovada em plenário no sentido de criar uma contribuição a pagar pelas empresas das energias renováveis com lucros excessivos avaliados entre 500 a 600 milhões de euros por ano.

“O que hoje fica à vista é que o Partido Socialista preferiu amarrar-se aos mesmos setores que já protegeu nos seus governos anteriores. Os mesmo setores que beneficiaram sempre das mais nebulosas escolhas. Quando era preciso um primeiro-ministro com “nervos de aço” para responder às empresas que pretendem manter rendas de privilégio, o governo falhou”, acusou Mariana Mortágua.

“Não nos queixamos apenas da deslealdade de ter rasgado o compromisso com o Bloco, o que já não seria pouco, porque a lealdade parlamentar baseia-se na palavra dada. Queixamo-nos da oportunidade que o país perdeu”, prosseguiu a deputada no dia em que assumiu temporariamente a liderança parlamentar do Bloco.
 
“Uma contribuição solidária sobre as energéticas para a extinção do défice tarifário, responde por quem trabalha, pela economia, pelo ambiente e não custa um cêntimo aos cofres do Estado. Nada justifica o volte face do Partido Socialista a não ser a subserviência de sempre ao poder das elétricas”, sublinhou a deputada.

“Ainda antes de apresentarmos e negociarmos esta contribuição no âmbito da especialidade, o Bloco anunciou o seu voto a favor do Orçamento. Para nós, palavra dada é mesmo palavra honrada. Por isso votaremos o Orçamento que negociámos e não faltaremos ao nosso compromisso”, prosseguiu Mariana Mortágua, destacando que esse compromisso não é apenas com o PS ou a atual maioria parlamentar, mas sobretudo “com os trabalhadores, que há demasiado tempo esperam um alívio no IRS”, “com os pensionistas, que precisam da sua pensão aumentada, “com os funcionários públicos, que merecem que o seu tempo de serviço, o seu esforço e o seu empenho sejam reconhecidos, e “com o país que ardeu, que merece e exige medidas urgentes para apoiar quem tudo perdeu, para reconstruir o que foi destruído, e para prevenir que uma tragédia assim se possa repetir”.

"O país sabe que conta com a força do Bloco, uma força estável nos seus compromissos"

Mariana Mortágua declarou em seguida que com o voto favorável a este Orçamento do Estado, o Bloco cumpriu a sua palavra "Fazemo-lo porque não desperdiçamos nenhuma das conquistas que fizemos. Mas também não abandonaremos nenhum das lutas por cumprir".

É por essa razão que "o país sabe que conta com a força do Bloco, uma força estável nos seus compromissos, de uma só palavra, ontem e amanhã. O país sabe que conta com o Bloco para não andar para trás sobre nenhuma das mudanças que o país exige", prosseguiu.

Ao longo da sua intervenção, Mariana Mortágua destacou ainda algumas das propostas aprovadas na especialidade, com as quais “conseguimos reparar danos, materiais e morais, causados por PSD e CDS a quem estava e está em situação de maior fragilidade”, como o corte de 10% no subsídio de desemprego após seis meses ou as penalizações que Mota Soares impôs aos desempregados de longa duração “empurrados pelo desespero para a reforma antecipada”.

“Foi na especialidade que protegemos a Saúde das cativações e garantimos o compromisso de médico de família para todos. Que assegurámos a gratuitidade dos manuais escolares e a redução do número de alunos por turma. Que reforçámos os apoios sociais às pessoas com deficiência, e demos consistência à Estratégia Nacional para os Sem Abrigo”, elencou a líder parlamentar bloquista, referindo também o aumento da derrama para empresas com lucros acima de 35 milhões para financiar a Segurança Social.

Mariana Mortágua: "O PS preferiu amarrar-se aos mesmos sectores que protegeu no passado"

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