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A minha carreira não é tempo perdido
Como os restantes funcionários públicos, os professores tiveram a sua carreira congelada entre 2005 e 2007 e novamente entre 2011 e 2017. A adicionar aos cortes salariais diretos, o congelamento das carreiras destes trabalhadores não foi mais do que uma forma de desvalorizar os seus salários, que foram perdendo valor com o passar dos anos.
Para qualquer um destes trabalhadores, a negação do direito à progressão foi uma marca deixada pela austeridade e pela troika na sua carreira. Retirar essa marca é a responsabilidade de quem quer fechar a porta à austeridade sem deixar janelas por onde possam espreitar novos ataques aos direitos de quem trabalha e vive neste país.
Foi por essa razão que o Bloco de Esquerda insistiu para que o descongelamento das carreiras se fizesse até ao final da legislatura, e não em quatro anos como o Governo previa. Claro que será sempre impossível reparar todos os danos causados pela presença da Troika nas suas vidas mas é possível apagar os danos que deixou a para o futuro das suas carreiras.
Esse é o único apagão que é necessário. Infelizmente, não é esse o apagão que o Governo quer promover com as regras de descongelamento e reposicionamento nas carreiras. Ao contrário do que acontecerá com as carreiras gerais da Função Pública, aquelas que têm regras de progressão específicas entram no dia 1 de janeiro de 2018 como se os últimos anos não tivessem existido.
É o caso dos docentes, a quem o tempo de serviço não será contado para efeitos de progressão na carreira. Apesar de verem as suas carreiras descongeladas para o futuro, o passado é apagado. É como se não tivessem estado na escola durante esses anos, apesar de terem sido responsáveis pela capacidade de resistência da Escola e da qualidade da educação aos ataques da austeridade.
É natural que estes docentes se sintam injustiçados. Durante estes anos tão difíceis o Estado confiou neles para garantir que o sistema de educação não desmoronava, mas agora não podem confiar no Estado sequer para reconhecer que lá estiveram, porque o seu tempo não foi congelado mas eliminado para efeitos de progressão na carreira.
É verdade que o pecado original é do PSD/CDS. Foi o Governo de Passos Coelho que escolheu apagar o tempo de serviço dos professores e professoras quando congelou as carreiras da Função Pública. Mas isso não muda o essencial, que é a necessidade de reparar a injustiça cometida.
Neste debate foram lançados para a praça pública muitos argumentos falsos ou apenas parcialmente verdadeiros. Um deles afirma que as regras de progressão destas carreiras, e em específico dos docentes, excluem critérios de mérito. É falso porque os professores são avaliados em vários momentos da sua carreira e têm de cumprir requisitos específicos da sua profissão para poderem evoluir, sobretudo em determinados escalões.
Excluindo todos os argumentos, restará sempre o peso orçamental do reposicionamento com contagem integral do tempo de serviço. Não deixa de ser um fraco argumento. Por um lado, porque os sindicatos já se disponibilizaram para negociar o faseamento da medida. É isso que o Bloco de Esquerda vai propor no Orçamento de Estado para 2018, uma negociação com os sindicatos que encontre uma solução para estes trabalhadores.
No campo das negociações, outro tipo de compensações poderia ajudar a alcançar um acordo sobre a contagem integral do tempo de serviço, como a tão ansiada antecipação da idade da reforma. Há muitas formas de corrigir uma injustiça. Pior seria que, para evitar problemas em Bruxelas, o Governo teimasse em não os resolver aqui.
Artigo publicado no jornal “I” a 15 de novembro de 2017
Comentários
Boa noite
Boa noite
Porque dá o Bloco de Esquerda tanta importância à uma greve que durou um dia com um prejuízo mínimo para os alunos e não dá importância nenhuma a greve dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica que já dura desde dia 2 de novembro e que implica a anulação e adiamento de milhares de exames e consultas médicas. Porque???
Ass: Sandra Carvalho
Boa noite. Expresso por aqui
Boa noite. Expresso por aqui a minha profunda tristeza em relação ao que se tem passado nos últimos dias. Dizem que sou Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica, porque foi aprovada a nossa carreira em Julho, mas a verdade é q não o sou. Não o sou, porque o ministério da Saúde abandonou as negociações, esqueceu novamente que existimos e nem com 16 dias de greve, milhares de exames desmarcados e doentes afectados, não se ouve nada... Um profundo silêncio.
Perante isto, é evidente que os profissionais e doentes afetados não contam. Será que não são cidadãos portugueses?? Ou só os professores o são? É que só vejo notícias da greve dos professores, que foi de 1 dia, mas dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica, que já vão em 16, nada!!
Sinto-me envergonhado. Envergonhado pelo atual governo não ter respeito por mim e pelos meus colegas.
Pior estamos nós TSDT que nem
Pior estamos nós TSDT que nem carreira temos!! Que á 18 anos o estado não reconhece as nossas licenciaturas. Somos licenciados com graus de complexidade e competência igual a outros profissionais da área da saúde mas somos os únicos que não somos pagos como licenciados! Onde esta a equidade e o estado democrático?
Repito-me, mas é necessário:
Repito-me, mas é necessário: existem mais profissões - começam a ouvir-se os militares, mas esta situação abrange até o setor empresarial do Estado - cuja progressão nas carreiras está dependente do tempo de serviço e que esteve, igualmente, congelada entre 2011 e 2017.
O que me leva a perguntar se os mecanismos de recuperação do "tempo perdido" se irá aplicar exclusivamente aos professores em sede de negociação com o Ministério da Educação ou será extensível, como é da mais elementar justiça, aos restantes trabalhadores do Estado/setor empresarial do Estado que estão na mesma situação?
É com enorme consternação que
É com enorme consternação que vejo elementos do Bloco a defenderam a causa dos professores, marcando presença inclusive na manifestaçao, quando outro grupo profissional, os TSDT's estão de greve à 15 dias por serem vitimas de discriminaçao salarial sem paralelo com outras classes de licenciados na função pública. Recebemos de salário base 1020 euros, valor que já nem compativel com bacharelato é . Lembro que o nosso impacto no orçamento de estado é quase insignificante quando comparado com os professores, pois não chegamos sequer a 10 mil profissionais na funçao publica. Será que valores como justiça e igualdade já não sao importantes para o BE? Atentem ao impacto financeiro que a nossa greve já teve no SNS e façam contas se não é um erro continuarem dia após dia sem negociarem. De uma coisa podem ter a certeza, não vamos parar de lutar enquanto não reporem a justiça. E se o BE nada fizer podem ter a certeza que serão também responsabilizados pelos graves prejuizos que estão a causar no SNS.
Cara Deputada Joana Mortágua
Cara Deputada Joana Mortágua
Depois de se ler este texto, com o qual concordo inteiramente, pergunto-me sobre o que achará da luta dos TSDT? Não vou dizer o significado da sigla e deixá-la ter de ir ao Google ver o que é...
A esquerda, com que sempre me identifiquei, tem-me vindo a desiludir diariamente. Onde está a pressão sobre o governo? Eu só quero ser devidamente remunerado e ter uma carreira que me permita continuar a ter vontade de evoluir. Não é pedir muito, não é pedir mais que o justo!
Acho piada ao BE, a vossa
Acho piada ao BE, a vossa solidariedade para com os professores cujo cronômetro parou 9 anos, em progressões quase continuas. São muitos, mais uns votos. Compreendo! Os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica têm o cronômetro parado há 18 ANOS!! Pronto, somos poucos. Mas quando algum de vós tiver de fazer radioterapia, quimioterapia, terem uma cirurgia cardiotoracica com circulação extracorporal vão rezar para que o Técnico seja competente e vos dê a mão.
Outros estão há 18 anos com a
Outros estão há 18 anos com a carreira congelada, estão há 15 dias em greve e ninguém fala nisso. Já os professores coitadinhos!!!!!!!
Respeitando a importancia das
Respeitando a importancia das reivindicações dos professores que sao justas e lícitas, venho acrescentar a luta dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapeutica pilar essencial do SNS em greve por tempo indeterminado á 16 dias, com uma carreira que não é revista á 18 anos, sendo_lhes exigido o grau de licenciatura para o exercicio que sem por isso ser remunerados,....em greve tem de cumprir serviços minimos.....mas as clinicas privadas continuam a lucrar com o trabalho destes profissionais algumas pertencem aos chefes de serviço da mesma área que trabalham nos hospitais públicos e ai uma greve só os favorece os exames são feitos nad clinicas e o estado deixa acontecer e paga e ganha porque enquanto durar a grave poupa em salários dos técnicos, .....isto é a democracia que temos.....é pena......eu que tinha tanta esperança nas forças de esquerda e ninguem nos ouve...
Bom dia.
Bom dia.
Só tenho a lamentar que existem outros profissionais, na área da saúde , nomeadamente os TSDT, com um percurso profissional bem mais prejudicado e que sejam negligenciados por todos os grupos parlamentares.
Não será a nossa greve, desde dia 2 de Novembro e por tempo indeterminado, perecível da vossa atenção?
Obrigada por nada
Uma Técnica Superior de Análises Clínicas e Saúde Pública, licenciada há 20 anos, com pós graduação em gestão de Unidades de Saúde e com mestrado em curso... Para Nada??
Só é lamentável que existam
Só é lamentável que existam carreiras de primeira e outras de segunda. Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica aguardam Há 20 anos por uma carreira!!! Estão em greve há 2 semanas, com implicações para o sns como nunca antes vistas. milhares de exames em atraso no pais, doentes sem consultas devido ausência de exames e os senhores ministros e responsáveis deste pais nada fazem. É muito triste verificar que há classes profissionais de primeira e outros nem interessam... Infelizmente a política é isto mesmo.
Bom dia
Bom dia
O comentário que tenho a fazer é uma grande hípocrisia virem com palavras a favor dos professores quando os TÉCNICOS SUPERIORES DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA ESTÃO EM GREVE FAZ 15 DIAS!!!!
Nem sequer de nós falam ou sequer nos ouvem!
Não estamos a pedir nada mais do que a justa reposição mediante a formação que apresentamos.
Sermos pagos como licenciados e como profissionais qualificados que somos será Deputada.
Estamos há 18 anos à espera q olhem para nós!!!
15 dias de greve e nada nos dizem!!
Tb tivemos cortes, tb temos carreiras congeladas!
Só queremos o q é justo!
O Bloco tem uma Palavra a Dizer ao Governo.
A Sra Deputada ( em quem votei e ajudei a q o Bloco tivesse o poder de aplicar a justiça por que se rege de olhar para todos por igual).
Olhem para os TÉCNICOS SUPERIORES DE SAÚDE com o respeito que merecem e q tem sido negligenciados há 18 anos!
Cumps
Depois de ler este rol de
Depois de ler este rol de comentários, só tenho uma pergunta: que mal fizeram os professores a quem o governo quer roubar tempo de serviço a estes profissionais de saúde que também reclamam aquilo a que têm direito????? Isto é muito triste, mas infelizmente é o país que temos, sempre a puxar para baixo. Parabéns ao Bloco pelo que tem feito a favor das duas lutas, que são mais que justas. Quem quiser saber e comentar o que têm feito pelos TSDT, aconselho a leitura deste artigo publicado no mesmo dia por outro deputado do BE: http://www.esquerda.net/opiniao/ha-15-dias-em-greve/51970
Cara Sónia a vossa luta é tão
Cara Sónia a vossa luta é tão importante como a nossa e ninguém pretende menosprezar a vossa luta. O que pretendemos é igualdade de tratamento quer ao nível do governo (bastou-vos apenas um dia de greve para o governo abrir negociações com os vossos sindicatos e nós estamos em greve há 15 dias e o governo recusa qualquer tipo de negociação), quer ao nivel do BE, que faça pressão ao governo para negociar com os sindicatos dos TSDT, quer com a comunicação social que dê também visibilidade à nossa luta.
E LANÇO UM DESAFIO À SRA DEPUTADA JOANA MORTAGUA E TAMBÉM A CATARINA MARTINS QUE QUESTIONEM O GOVERNO O PORQUÊ DE NÃO NEGOCIAREM COM OS SINDICATOS DOS TSDT CUJA A CARREIRA SE ENCONTRA ESTAGNADA HÁ MAIS DE 18 ANOS.
Deputada Joana Mortágua
Deputada Joana Mortágua
É de facto triste que esta preocupação não se estenda também aos TSDT (TÉCNICOS SUPERIORES DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA) que esperam há 18 anos pela Reestruturação da Carreira, de serem tratados com respeito e remunerados como Licenciados, muitos com Mestrados e Doutoramentos, sim...porque apesar da forma como somos "ludibriados" pelos sucessivos Governos e pelas falsas promessas dos nossos governantes, a aposta no conhecimento e na qualidade dos serviços que prestamos aos nossos utentes mantém-se. É pena!! Que esta classe em mais uma tentativa de "abrir os olhos" a quem de direito e assumindo os prejuízos que isso acarreta (consciência pessoal/consciência profissional/financeiros), se submeta a uma Greve Histórica em termos de adesão e União da classe à 16 DIAS, mas que, por fortes conveniências de outros parece ser abafada propositadamente...Seria nobre da sua parte e porque defende os trabalhadores e a justiça dos mesmos se se debruçasse com preocupação/verdade (com olhos de ver) no que está a acontecer neste sector da saúde... NO QUE RESPEITA AOS NÚMEROS DOS MILHARES DE MCDT (Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica) (TAC, RESSONÂNCIAS MAGNÉTICAS,RADIOGRAFIAS, ANÁLISES CLÍNICAS, ANÁLISES DE BIÓPSIAS, ELETROCARDIOGRAMAS, PROVAS DE ESFORÇO, CINTIGRAFIAS ÓSSEAS, TRATAMENTOS DE RADIOTERAPIA, PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS, TRATAMENTOS DE FISIOTERAPIA, ETC,ETC…) que não foram realizados a NÍVEL NACIONAL durante estes 16 DIAS DE GREVE E QUE CONTINUARÁ POR TEMPO INDETERMINADO e especificá-los analogamente a cada profissão (TÉCNICO SUPERIOR DE RADIOLOGIA, TÉCNICO SUPERIOR DE ANÁLISES CLÍNICAS, TÉCNICO SUPERIOR DE FISIOTERAPIA, TÉCNICO SUPERIOR DE MEDICINA NUCLEAR, TÉCNICO SUPERIOR DE RADIOTERAOIA, TÉCNICO SUPERIOR DE ANATOMIA PATOLÓGICA…somos 18 profissões no total) para que O GOVERNO A OPINIÃO PÚBLICA/COMUNICAÇÃO SOCIAL ENTENDA DE UMA VEZ a dimensão a nível hospitalar (NACIONAL) e os diferentes sectores que atinge, mas principalmente DA RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA QUE EXISTE ENTRE MUITOS ATÉ AO RESULTADO FINAL (representam uma escadaria na vida de um paciente, onde vai subindo degrau a degrau todos os dias...estagnados há 16 dias), JÁ PARA NÃO FALAR NOS CUSTOS PARA O ESTADO (saberá muito melhor que eu), NÃO SERIA MUITO MAIS RAZOÁVEL UM ENTENDIMENTO ENTRE AS PARTES, o que nos RETIRAM INJUSTAMENTE há 18 anos, representa "uma gota no oceano" em comparação a estes custos. Fica o DESAFIO a quem defende a justiça e luta pelos Direitos dos Trabalhadores!!
Muito mais haveria para dizer...estas são apenas algumas palavras de quem se sente cansada de esperar (18 anos) por JUSTIÇA/EQUIDADE!!E CLARO, A MINHA CARREIRA TAMBÉM NÃO É TEMPO PERDIDO, MESMO!!
Concordo plenamente com as
Concordo plenamente com as suas preocupações, no entanto tenho só uma história para lhe contar! Tenho uma irmã que é educadora de infância, já eu sou analista clínica (pertenço aos tão falados porém ignorados técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica), os nossos cursos evoluíram para 4 anos mais ou menos na mesma altura, exactamente na mesma altura fomos fazer o 4o ano, as duas com a mesma espectativa, a evolução na carreira! Ora bem, assim que
terminamos o 4o ano, ambos entregamos o respectivo certificado. Pasme-se ela no mês seguinte teve um aumento de 250€,ja eu continuo na mesma passados 10 anos! Responda-me só, se souber, porque é a minha licenciatura, uma licenciatura de 2a?
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