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Bloco quer juntar a prevenção e o combate ao fogo na mesma estrutura do governo
Perante a segunda vaga de incêndios, em quatro meses, “é chegado o momento de pensarmos o próprio paradigma com que temos combatido os incêndios”, que atualmente se sustenta numa estrutura governamental que “não está adequada ao tempo que vivemos”, defendeu a Coordenadora Nacional do Bloco, numa conferência de imprensa, esta tarde, na sede nacional do partido, em Lisboa.
“Temos de ter um mecanismo de proteção das populações, numa altura em que os fenómenos climáticos extremos, como as secas, os ventos, são cada vez mais frequentes”, uma evidência “estatística” que deve obrigar a tomar medidas, disse ainda.
“Podemos não ter a capacidade para parar as alterações climáticas”, ou de “em tempo útil ter uma reforma da floresta que evite” os incêndios, porém, “no tempo das nossas vidas, temos de ser capazes de proteger vidas em Portugal”. Por isso, propõe Catarina Martins, “temos de mudar o modelo de proteção da floresta e de proteção civil”.
A remodelação da estrutura do governo deve ser “capaz de ter a ciência ao serviço da prevenção”, pois existe, neste momento, a “capacidade científica de estudar melhor como vai ser a progressão de um fogo”, conhecimento que não está de momento ao serviço de quem está a combater os fogos.
Ao contrário de outros países, explicou Catarina Martins, Portugal tem “uma divisão estanque entre floresta e combate aos incêndios”, algo que “não tem sentido” que continue. Por isso, “é necessário encontrar” uma nova “estrutura do governo” e “conjugar meios”, que concentre a capacidade de “prevenção a longo prazo” da floresta, a “capacidade de prevenção quotidiana” da floresta - que garanta a limpeza de combustível primário -, e o próprio combate aos incêndios com “forças profissionalizadas”, que devem ter apoio científico para as decisões no terreno.
As declarações à imprensa sucederam-se a uma reunião com Joaquim Sande Silva, especialista nomeado pela Assembleia da República, por indicação do Bloco de Esquerda, para a Comissão Técnica Independente que analisou os incêndios na região centro.
Questionado pelos jornalistas, Joaquim Sande Silva referiu-se aos acontecimentos deste fim-de-semana, considerando “lamentável” a declaração do primeiro-ministro - que, este domingo, afirmou que situações destas iriam voltar a acontecer -, porque “é encarar os problemas das pessoas como uma fatalidade que não se consegue resolver”.
“É dizer aos portugueses e à sociedade portuguesa que é incapaz de resolver problemas que outros países resolveram”, dando como exemplo Espanha, onde, “com um clima semelhante” e uma vegetação “não tão diferente da que temos em Portugal”, se regista uma tendência diametralmente oposta ao longo dos anos, concluiu.
Comentários
Já arderam mais de 100
Onde estão as bandeiras do BE? Como e’ possível apoiar - ficar calado é apoiar - um governo que corte os meios de apoio às populações do interior. Os postos de vigia deixaram de existir no dia 1. Quanto pouparam ? Quantos morreram? Quantos estão queimados ?
Como e‘ possível aceitar tamanha incompetência e irresponsabilidade e ficar calado? Em nome de quem? Ou o BE é um partido para a defesa do interesse de alguns? Vão ficar calados mesmo?
Caro Manuel, sabemos bem que
Caro Manuel, sabemos bem que o Bloco de Esquerda não é de ficar calado e muito menos de defender quem precisa. Aguardemos por uma reação por parte de quem lidera o partido, aguardemos por propostas concretas para mudar este cenário e este paradigma que teme em não mudar.
Prevenção
Principalmente durante estes quatro meses devia ser feito um balanço sobre a atividade no domínio da prevenção dos 308 Presidentes de Câmara, como presidentes da proteção civil em cada Concelho. São árvores que estão secas ou doentes e que a qualquer momento podem matar ou provocar danos. São matos e silvas que invadem estradas e caminhos públicos ou linhas de caminho de ferro. São bermas de estradas transformadas em valetas e cheias de vegetação. Já governo central está perdoado porque está ocupado em projetos. Mas, para que serve a lei dos 50 metros de proteção ao redor de estradas e linhas férreas ? Fico-me...
Tragédia e complacência
Caros camaradas
Percebo a dificuldade do BE em estar ao mesmo tempo com " deus e com o diabo". AS sua responsabilidades políticas em apoiar este governo acabam por anular de forma cada vez mais independente os valores principais por que se tem batido, sempre. De certo modo o BE vai engolindo sapo após sapo para cumprir os seus compromissos e decisão de apoiar este governo. Mas ... há limites! Não basta a análise correta e as propostas oportunas com as quais concordo, que faz sobre o combate, não basta! Tem que deixar de ser politicamente correcto, demasiado quanto a mim e de uma vez por todas dar um murro na mesa. Isso implica, neste momento e em face a um desempenho perfeitamente inadequado da ministra da administração interna e dos seus mais directos colaboradores incluindo o secretário de estado, que revelaram a maior incompetência e imprudência na aceitação da redução do estado de prontidão no combate aos incêndios quando os sinais emanados das previsões meteorológicas do IPMA durante vários dias - calor acima da época, situação de seca extrema em muitos locais do país, etc, fariam claramente sugerir que bastava um pequeno rastilho para que nova catástrofe pudesse surgir. Carambas! Então a ministra não dá conta de como o país estava em ameaça grave de risco de incêndio! Incrível a falta de percepção dos potenciais riscos de incêndio e consequente tragédia. Perante esta terrível catástrofe o BE só tem uma solução para manter a credibilidade politica que tem neste momento e prestar a obrigatória e devida homenagem às 42 vítimas desta última vaga de incêndios. Reivindicar no parlamento ou em conferencia de imprensa a demissão da ministra e do secretário de estado. Disse. Carlos Gomes Militante do Bloco de Esquerda em Vila Real.
Desordenamento do território
A verdadeira questão é saber se vai haver coragem política para acabar com o desordenamento do território, com as casas que são semeadas em qualquer terreno, longe de povoações, como se fossem cogumelos. Coragem para dizer aos autarcas que fora do perímetro das aldeias não se pode construir. Coragem para deitar abaixo as centenas de milhar de casas que foram plantadas como cogumelos ao longo de 40 anos de poder local.
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