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Que futuro estará destinado à disciplina Educação Tecnológica no ensino básico, após a Revisão da Estrutura Curricular?

Que futuro estará destinado à disciplina Educação Tecnológica no ensino básico, após a Revisão da Estrutura Curricular? Não se estarão a criar condições para mais um golpe na desvalorização da ET e assim o Curriculum vir a reduzir tudo nesta área à disciplina EV? Texto de José Lopes.

Apresentada a Revisão da Estrutura Curricular que teve início no ano letivo de 2012/2013, como “contributo para o progresso do ensino e para a promoção do sucesso escolar”, a qual, entre outras alterações, partiu a disciplina de EVT (Educação Visual e Tecnológica) em duas e acabou com o par pedagógico, dando origem a ET (Educação Tecnológica) e EV (Educação Visual). Esta é das componentes desta revisão curricular que mais flagrantemente pode desmistificar a teoria com que foi justificada.

Concluído o primeiro período do ano letivo de mais uma experimentação na Educação, depois de tantas outras sem reflexão e opinião dos principais protagonistas na sua aplicação nas escolas, era preciso começar-se a fazer perguntas sobre como se está a “afirmar a identidade de disciplinas que se reúnem sob a designação de Expressões”, nomeadamente destas duas disciplinas criadas, EV e ET (ex.EVT).

Inegáveis que foram os efeitos no aumento significativo da redução de profissionais da Educação, resultantes também desta alteração na disciplina EVT, não será certamente prematuro questionar – Que futuro estará destinado à disciplina Educação Tecnológica no ensino básico, após a Revisão da Estrutura Curricular? Não se estarão a criar condições para mais um golpe na desvalorização da ET e assim o Curriculum vir a reduzir tudo nesta área à disciplina EV?

Aos planos sempre elaborados à margem das comunidades escolares e educativas, com preocupações meramente economicistas, desprezando as de caráter pedagógico, as contradições são ainda mais evidentes, quando se diz que o acompanhamento e a avaliação dos alunos são fundamentais para o sucesso. Mas quando, no caso concreto de EV e ET, sem o par pedagógico se trabalha nas atuais limitadas condições, com turmas que nos 5º e 6º anos chegam atingir 30 alunos, que “milagres” podem fazer os professores destas áreas curriculares para a tal afirmação da identidade das disciplinas? Afirmação aliás, necessária para contrariar eventuais riscos de desvalorização, que no caso da ET pode vir a ser vítima fácil de mais cortes na Educação.

Eis um debate que podia começar a ser feito nas comunidades escolares e educativas, tendo aliás como base a própria introdução do Ministério da Educação a propósito das “metas curriculares” para cada uma das disciplinas.

Aqui ficam então argumentações sobre “metas curriculares”, que exigem serem confrontadas com a realidade, para que as reformas não continuem a ser feitas em nome de tudo, menos do essencial que é a componente pedagógica. Ora aqui estão temas objetivos para merecerem atenção das estruturas organizativas dos pais e encarregados de educação e naturalmente para efetiva defesa da escola pública, através do acompanhamento crítico e no exercício de cidadania, sobre a aplicação das próprias reformas que vão sendo implementadas e que exigem rigor e exigência no tal sucesso educativo prometido.

Introdução às metas curriculares para ET (Educação Tecnológica)

A tecnologia é parte intrínseca da vida do ser humano, não sendo possível contemplar a cultura e a obra sem a sua presença. Neste contexto a disciplina de Educação Tecnológica, através da realização de ações e experiências sistemáticas, deverá desenvolver no aluno o prazer pela compreensão do objeto técnico, da tecnologia e dos processos de construção e fabrico. Neste sentido, as metas de Educação Tecnológica pretendem estimular um universo em que se promove a articulação de conteúdos e a expansão de conhecimento. Esta dinâmica, que pressupõe a experiência e o erro como instrumentos, incentiva a reflexão e impulsiona o pensamento divergente. Neste âmbito, as metas privilegiam ações orientadas para experiências práticas, que se transformam numa parte ativa do conhecimento.

As metas de Educação Tecnológica sustentam um ensino em que a ampliação do conhecimento é um dos fatores diferenciadores. Proporcionam o enriquecimento de conteúdos, que no contexto cultural dizem respeito a crenças, costumes e hábitos adquiridos pelo Homem como membro da sociedade, no contexto científico referem-se a informação baseada em princípios certos e comprovados, no contexto experimental dizem respeito aos conhecimentos adquirido através da prática, ensaios e tentativas, e no contexto da logística referem-se à organização e gestão de meios e materiais necessários a uma atividade ou ação.

Essenciais à ação educativa, as metas no 2.° Ciclo do Ensino Básico organizam-se através de quatro domínios que se conjugam para o desenvolvimento de conhecimentos no contexto da Técnica, da Representação, do Discurso e do Projeto,estimulando o aluno a apreender e a desfrutar diferentes universos técnicos e tecnológicos.

Neste âmbito, o domínio da Técnica é caraterizado por procedimentos de carácter sistemático e metodológico que têm como objetivo a aquisição de conhecimento teórico e prático e a ampliação de aptidões específicas. O domínio da Representação é caraterizado por procedimentos de registo, comunicação, esquematização e visualização de simbologias gráficas de modo racional e conciso, conforme os propósitos a que se destina. O domínio do Discurso é caraterizado por procedimentos de encadeamento de factos e acontecimentos que aludem ao que se quer comunicar/significar e que são expressos segundo regras de construção discursiva. O domínio do Projeto é caraterizado por procedimentos coordenados e interligados, executados com o intuito de cumprir um determinado objetivo específico, envolvendo ações de análise de requisitos e recursos disponíveis.

A construção, a organização e os conteúdos das metas tiveram em atenção os programas existentes de Educação Tecnológica, característica que facilita a boa articulação entre os objetivos gerais e os conteúdos dos programas disponíveis.

As metas para Educação Tecnológica estão estruturadas por ano letivo e os seus conteúdos apresentam uma estrutura de complexidade programada, segundo três eixos de progressão da complexidade: horizontal, vertical e domínio. O eixo horizontalprojeta-se ao longo dos anos (do 5º ao 6º ano) e evidência a articulação entre objetivos gerais. O eixo vertical projeta-se ao longo de um ano específico e evidência a articulação entre domínios. O eixo do domínio projeta-se verticalmente ao longo dos objetivos gerais, em que o último dá relevo a processos cognitivos, que estruturam os conteúdos do domínio em questão.

No âmbito dos objetivos gerais, as metas incidem sobre conteúdos como a tecnologia e o objeto técnico, medições, comunicação tecnológica, fontes de energia, matérias-primas e materiais, movimentos, processos de utilização, fabrico e construção e estruturas.

Os objetivos e descritores indicados em cada ano de escolaridade são obrigatórios, sem prejuízo de, em anos subsequentes, continuarem a ser mobilizados.

Introdução às metas curriculares para EV (Educação Visual)

A disciplina de Educação Visual, através da realização de ações e experiências sistemáticas, deverá desenvolver nos alunos a curiosidade, a imaginação, a criatividade e o prazer pela investigação, ao mesmo tempo que proporciona a aquisição de um conjunto de conhecimentos e de processos cooperativos. Neste sentido, as metas de Educação Visual pretendem estimular um universo de conhecimentos abrangentes, incentivar a assimilação de conhecimentos em rede, em que as informações são sincronizadas, permitindo alcançar uma educação em que o conhecimento circula, progride e se difunde.

As metas de Educação Visual sustentam um ensino em que a ampliação do conhecimento é um dos fatores diferenciadores. Proporcionam o enriquecimento de conteúdos, que no contexto cultural dizem respeito a crenças, costumes e hábitos adquiridos pelo Homem como membro da sociedade, no contexto científico referem-se a informação baseada em princípios certos e comprovados, no contexto experimental dizem respeito ao conhecimentos adquirido através da prática, ensaios e tentativas, e no contexto da logística referem-se à organização e gestão de meios e materiais necessários a uma atividade ou ação.

As metas que se reconhecem como fundamentais ao desenvolvimento da ação educativa nos 2.° e 3.° Ciclos do Ensino Básico, e que facultam vivências de diferentes universos visuais, estruturam-se em quatro domínios que se conjugam para o desenvolvimento de conhecimentos no contexto da Técnica, da Representação, do Discurso e do Projeto.

Neste âmbito, o domínio da Técnica é caraterizado por procedimentos de carácter sistemático e metodológico que têm como objetivo a aquisição de conhecimento teórico e prático e a ampliação de aptidões específicas. O domínio da Representação é caraterizado por procedimentos de registo, comunicação, esquematização e visualização de simbologias gráficas de modo racional e conciso, conforme os propósitos a que se destina. O domínio do Discurso é caraterizado por procedimentos de encadeamento de factos e acontecimentos que aludem ao que se quer comunicar/significar e que são expressos segundo regras de construção discursiva. O domínio do Projeto é caraterizado por procedimentos coordenados e interligados, executados com o intuito de cumprir um determinado objetivo específico, envolvendo ações de análise de requisitos e recursos disponíveis.

A construção, a organização e os conteúdos das metas tiveram em atenção os programas existentes de Educação Visual, característica que facilita a boa articulação entre os objetivos gerais e os conteúdos dos programas disponíveis.

As metas para Educação Visual estão estruturadas por ano letivo e os seus conteúdos apresentam uma estrutura de complexidade programada, segundo três eixos de progressão da complexidade: horizontal, vertical e domínio. O eixo horizontal projeta-se ao longo dos anos (do 5º ao 9º ano) e evidência a articulação entreobjetivos gerais. O eixo vertical projeta-se ao longo de um ano específico e evidência aarticulação entre domínios. O eixo do domínio projeta-se verticalmente ao longo dosobjetivos gerais, em que o último dá relevo a processos cognitivos, que estruturam osconteúdos do domínio em questão.

No âmbito dos objetivos gerais do 2.° Ciclo, as metas incidem sobre conteúdos como materiais básicos de desenho, os elementos constituintes da forma, a comunicação e narrativa visual, cor, espaço, património e discurso. No 3.° Ciclo, as metas incidem sobre conteúdos como a representação de formas geométricas, desenho expressivo, sólidos e poliedros, Design, luz-cor, expressão e decomposição da forma, comunicação visual, Arquitetura, perspetiva, perceção visual e construção da imagem, arte e património e Engenharia.

Os objetivos e descritores indicados em cada ano de escolaridadesão obrigatórios, sem prejuízo de, em anos subsequentes, continuarem a ser mobilizados.

23/12/2012

Texto de José Lopes, Assistente Operacional (EB 2,3 António Dias Simões-Ovar)

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