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Câmara de Beja expulsa famílias ciganas residentes num acampamento

Cerca de 20 famílias ciganas foram notificadas para abandonar o local onde vivem, um acampamento junto ao “parque nómada”, criado há mais de uma década pelo município. O Bloco de Beja apela à Câmara para suspender as notificações e a ameaça de ação coerciva.
Câmara de Beja expulsa famílias ciganas residentes num acampamento
Foto de António Pedrosa/ Prémio Fotojornalismo Estação Imagem - 2012/ LUSA.

O Bloco de Esquerda de Beja divulgou um comunicado onde manifesta a sua “enorme preocupação” desde que tomou conhecimento da notificação enviada pela Câmara Municipal de Beja, assinada pelo seu Presidente João Rocha, às dezenas de famílias residentes no acampamento junto ao parque nómada, “intimando-as a levantarem as tendas até 10 de Agosto, sob pena de execução coerciva, numa ameaça pouco velada de intervenção policial”.

Perante a situação, o Bloco “apela em tempo útil à Câmara de Beja para que suspenda estas notificações e a ação executiva marcada para 10 de Agosto”, lê-se no comunicado. “Uma autarquia de esquerda não pode invocar «a lei (em abstrato) contra a grei» na senda da campanha xenófoba do candidato do PSD em Loures, André Ventura”, alegam a organização local do Bloco.

O "parque nómada" foi criado há mais duma década, por iniciativa da própria Câmara de Beja, para realojamento de famílias que viviam em barracas junto ao Bairro da Esperança. Entretanto, “o «parque» foi crescendo e transformou-se num gueto, perante a passividade da Câmara, que agora decreta o despejo de dezenas de famílias, sem alternativa, pondo em causa até a frequência escolar das crianças aí residentes”, denunciam.

Para o Bloco de Beja, não se resolvem problemas sociais “enxotando” comunidades para uma vida nómada, “à semelhança do que fez o salazarismo durante quase 50 anos”. Os bloquistas consideram ainda “inaceitável” a ameaça de recurso à violência policial “contra uma comunidade, incluindo crianças, mulheres e idosos”.

Políticas sociais inclusivas

No comunicado, a coordenadora distrital do Bloco de Beja defende que “a alternativa à repressão é fomentar políticas sociais inclusivas, em particular no domínio da habitação, de forma garantir a integração das diversas comunidades - objetivo repetido pelo governo, nomeadamente pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade”.

A organização bloquista diz ainda que “está disponível para contribuir para a concretização destas políticas sociais, não só nas autarquias mas, desde já, no quadro da discussão do Orçamento de Estado para 2018”.

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