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“É urgente preparar o país para o cenário da saída do euro ou mesmo do fim do euro”

No final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins sublinhou também que “numa Europa em degradação o nosso país não pode ficar alegremente no pelotão da frente para o abismo europeu”.
Catarina Martins apresentou as conclusões da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, 26 de março de 2017 – Foto de Miguel A. Lopes/Lusa
Catarina Martins apresentou as conclusões da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, 26 de março de 2017 – Foto de Miguel A. Lopes/Lusa

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda reuniu, neste domingo 26 de março de 2017, para debater a situação europeia e as conclusões da Cimeira que assinalou os 60 anos do Tratado de Roma.

Aprovou também a resolução “A resposta da esquerda àdesagregação europeia: democracia”.

Cimeira europeia afirma o fim da Europa de convergência

No final da reunião da Mesa Nacional, a coordenadora do Bloco de Esquerda criticou a cimeira europeia, apontando que: “Os vários governos reunidos mostraram-se incapazes de dar qualquer rumo a um projeto institucional que está cada vez mais distante das populações e que não tem dado a resposta necessária a nenhum dos povos que faz parte da UE”.

“O documento que foi assinado afirma claramente o fim da Europa de convergência”, frisou a coordenadora bloquista.

“O Bloco tem vindo a dizer, há muito, que o projeto europeu abandonou a convergência e a coesão social ou seja abandonou a capacidade de resposta aos povos europeus no que diz respeito ao emprego, aos serviços públicos, ao crescimento da economia, por ser um projeto cada vez mais manietado pelo sistema financeiro e com cada vez menos democracia” criticou também a deputada, assinalando que o documento da cimeira oficializa que “a partir de agora a UE funcionará a várias velocidades sem que ninguém saiba explicar muito bem o que isto quer dizer”.

Catarina Martins criticou também que “agora é política oficial da UE a concorrência desleal na UE, toda uma série de movimentos a que vimos assistindo e que passavam à margem do que era o discurso oficial da UE” e que agora são incorporados no discurso oficial, enquanto “matérias como a convergência, a solidariedade saíram da agenda e são retiradas as piores lições do que tem acontecido nos últimos anos e nos últimos meses”.

“A primeira resposta que os chefes de Estado querem dar é à questão da segurança externa. Ou seja, quando sabemos que a maior parte dos riscos, das tensões que existem em países da UE, têm a ver com política de guetos sociais, de exclusão social, de falta de emprego, que faz com que pessoas nascidas em países da Europa cometam atentados terroristas contra as povoações em que moram, porque são vítimas dessa exclusão, a UE faz de conta que o problema está lá fora e diz que a sua prioridade vai ser a sua política de segurança para tudo o que existe para lá dos muros da UE. É uma UE que fica fortificada para o resto do mundo e que é incapaz de olhar para os problemas que tem dentro de si”, acusou a coordenadora bloquista.

É preciso construir alternativas claras”

“O Bloco de Esquerda julga que este é tempo, tanto no nosso país como a nível europeu, de as forças progressistas, as forças de esquerda, se unirem em torno de projetos alternativos. A nossa prioridade é uma economia que funcione e que seja capaz de justiça social”, apontou Catarina Martins, sublinhando que as prioridades são o emprego, a solidariedade e “um mundo em que todos os cidadãos e cidadãs são respeitados”.

Salientando que “numa Europa em degradação o nosso país não pode ficar alegremente no pelotão da frente para o abismo europeu e tem de ter capacidade de defender a capacidade produtiva da sua economia o seu emprego e o seu Estado Social”, a coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou:

“Para recuperar a capacidade democrática do nosso país sobre a economia e a finança, é urgente preparar o país para o cenário da saída do euro ou mesmo do fim do euro”.

Catarina Martins apontou como questões urgentes para Portugal: “a reestruturação da dívida soberana, o investimento público e o controlo público da banca e dos setores estratégicos da economia”, lembrando que “foi o que foi feito na Europa nos tempos em que a Europa teve o seu maior período de desenvolvimento e de paz”.

Bloco não desiste de na Europa lutar por alternativas

Lembrando que “sempre fomos internacionalistas e achamos que são necessários todos os laços de cooperação”, Catarina Martins realçou que “de facto, os laços de cooperação entre os Estados europeus hoje só podem existir rejeitando os tratados que acabam por ter dentro de si as mesmas declarações xenófobas e racistas que fez Dijsselbloem”.

A coordenadora bloquista anunciou ainda que o Bloco decidiu, nesta reunião da mesa nacional, que “vamos acolher em Lisboa em outubro próximo a reunião do coletivo europeu chamado Plano B”.

O Encontro irá decorrer nos dias 19, 20 e 21 de outubro com o mote: “Entre responder ao povo ou salvar o euro a escolha é clara: escolhemos o povo.”

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