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Vulneráveis
O estudo do ISCTE é claro: 31% das famílias portuguesas ganham por mês entre 379 e 799 euros. Outros 20,1 por cento são pobres (abaixo da linha de pobreza, avaliada em 360 euros, sendo que este valor representa 60% do rendimento médio).
É este o país que temos, depois de anos e anos de políticas erradas, assentes na quebra dos salários e num estado-providência fraco. A maior parte destes pobres ou quase-pobres trabalha. Muitos deles vivem o paradoxo de terem estudado bem mais que a geração anterior, mas sofrerem piores condições de vida. Receiam, por isso, não ter capacidades financeiras para "proporcionar aos filhos a formação necessária".
Uma semana de férias fora do local de residência? Nem pensar. Um filme ou um livro? Luxos. A grande preocupação consiste em pagar as despesas da casa e as contas da farmácia. Muitos e muitas não conseguem sequer usufruir da baixa médica até ao fim. Um quinto dos inquiridos tem dificuldades no pagamento das contas da casa, 12 por cento não tem dinheiro para comprar todos os medicamentos de que precisa
Ora, ironia das ironias, o estudo realizou-se em 2008, muito antes, por conseguinte, da brutal investida anti-social do Governo e do PSD.
No final destes anos de PEC teremos um país insuportavelmente mais pobre e desigual. Pela primeira vez desde há muitas décadas, a geração de hoje viverá pior do que a dos seus pais. Os inquiridos, aliás, mesmo tendo investido mais nos estudos, acreditam que vão permanecer, no final da vida activa, na mesma categoria em que entraram.
Mas pior, pior ainda é a resignação. Os portugueses dão-se por felizes, em boa medida porque gostam da família e dos amigos… É tarefa da esquerda quebrar o círculo vicioso deste conformismo. Antes que ele nos quebre a tod@s.
Comentários
João Agradeço que partilhe
João
Agradeço que partilhe connosco estas informações, deprimentes, e de que muitos se calhar ainda não se aperceberam. Discordo, contudo, do seu último parágrafo. Ser pobre e ser infeliz é ter dois males, não é suficiente um? Se dissesse que os portugueses se dão por felizes com o que ganham, percebia o seu apontamento sobre a resignação; mas uma vez que se refere à felicidade em geral, acho que não está relacionada. A infelicidade não traz benefícios a ninguém, estou em crer, não parece que ajude sequer a lutar por melhor vida.
rs
Concordo integralmente com a
Concordo integralmente com a opinião do João Teixeira Lopes e atrevo-me a ir mais longe quando nele afirma "Receiam, por isso, não ter capacidades financeiras para "proporcionar aos filhos a formação necessária", uma vez que isso acontece para aqueles que têm ou pensam vir a ter filhos. É que cada vez mais sei de casais da minha geração (nascidos na década de 70) a assumir a decisão de não ter filhos por razões puramente económicas. Penso que se nada mudar, isto nos levará a um caminho perigoso...
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