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Proprietários de casas para turistas terão quota para arrendamento habitacional

Destacando que “o alojamento local pode ter efeitos positivos na regeneração dos centros urbanos, na requalificação do património edificado, na diversificação social, no complemento de receita dos moradores, na criação de emprego e na recuperação económica”, o Grupo de Trabalho Políticas de Habitação, Crédito Imobiliário e Tributação do Património Imobiliário sublinha, contudo, que, em contrapartida, “uma oferta excessiva e concentrada do alojamento local numa área da cidade pode ter inconvenientes”.
Em causa estão a redução da oferta de arrendamento habitacional convencional, a inflação dos valores da habitação, a saída dos residentes locais para zonas periféricas, a descaracterização dos bairros tradicionais e incómodos aos moradores permanentes dos edifícios.
O grupo de trabalho “partilha da opinião que o alojamento local, sendo um fenómeno recente e com rápido desenvolvimento, carece de acompanhamento atento, devendo ser ponderado tomar medidas de regulação, ajustadas ao contexto português, que potenciem os seus efeitos positivos e mitiguem eventuais efeitos perversos”.
Os representantes do Governo, PS e Bloco consideram que a regulação desta atividade deve assentar em medidas de moderação, compensação e diversificação e que é necessário acompanhar e avaliar as medidas de regulação que forem adotadas. “Não sendo suficientes para atingir os objetivos pretendidos, deverão ser reforçadas”, assinalam.
A par da obrigatoriedade de os proprietários com vários alojamentos locais disponibilizarem alojamento em arrendamento de longa duração na mesma área urbana, o grupo de trabalho discutiu ainda o aumento do custo do condomínio para quem tem apartamentos arrendados a turistas e a criação de uma taxa especial, destinada ao fundo municipal de sustentabilidade ambiental e urbanística.
Bairros tradicionais estão a ser transformados “numa espécie de Disneylândia”
O deputado bloquista Pedro Soares lamenta que, “com investidores a dedicar prédios inteiros ao alojamento local”, se esteja a “matar a galinha dos ovos de ouro e a transformar bairros tradicionais numa espécie de Disneylândia“.
Segundo o dirigente do Bloco, o grupo de trabalho deverá “negociar com o Governo iniciativas legislativas, já durante a próxima sessão legislativa”.
Comentários
Gostaria de conhecer a
Gostaria de conhecer a opinião do Bloco acerca dos investimentos dos grupos hoteleiros em Alojamento Local com a afectação de todas as fracções ao alojamento local e, se defendem que os condóminos tem uma palavra a dizer na autorização do alojamento local, porque não deveriam ter os residentes uma palavra a dizer aquando do licenciamento dum novo hotel?
O Bloco a ser forte com os fracos e fraco com os fortes. Mais do mesmo...
Al e apartamentos turisticos
Instalou-se uma confusão entre alojamento local e apartamentos turísticos, que convém esclarecer e separar. O Al existe há muito tempo na Nazaré, por exemplo, onde representa um complemento económico importante para a auto sustentabilidade de muitas famílias. No interior, é fundamental para combater a desertificação. Na Austria há 540 mil camas em alojamento local. Em França, as chambres d'hôtes partilham com os gites uma receita anual superior a 20 mil milhões de euros. Tudo isto começou nos anos 80, num movimento eco-social que visou diversificar a economia familiar, tornando-a mais sustentável. Atenta ao fenómeno, a OCDE percebeu que por cada 160 mil euros de receitas estes alojamentos criam dinâmicas para 23 postos de trabalho, contra 6 na hotelaria. No Algarve, os apartamentos turísticos passaram a chamar-se Al, assim como em Lisboa. Na realidade são apartamentos turísticos ou aparthotéis, cuja génese social e organização empresarial nada tem a ver com o AL ou Turismo Rural.
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