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“É preciso deixar de ser subserviente aos grandes interesses”

Catarina Martins afirmou que a ideia de uma economia exportadora para resolver o problema da liberalização do mercado na União Europeia foi um plano que "era uma treta".
Foto de Paulete Matos

"Do ponto de vista desta ideia de economia exportadora que iria resolver o problema da liberalização do mercado dentro da União Europeia (UE), a única coisa que há a dizer é que o plano era uma treta. Agora temos que resolver e essa resolução exige passos complicados e exige, do ponto de vista europeu, abrir debates complicados e ter coragem para o fazer", afirmou, em Leiria, a porta-voz do Bloco.

Catarina Martins admitiu ainda que "é bom que uma economia exporte", e por isso defendeu as exportações da economia portuguesa.

Não há economia sem mercado interno”

"O que não existe é um país que viva das exportações. É preciso ter mercado interno, porque as exportações têm volatilidade. Nós devemos ter posições internacionais, mas um país para ter economia tem de ter mercado interno", sublinhou.

Perante esta quadro, a dirigente bloquista considerou que "nunca iria resultar acabar com o mercado interno para os produtores, achando que depois íamos exportar para a Rússia, porque a grande distribuição tem poder para os esmagar. Foi um plano que nunca foi bom."

Em relação às dificuldades que os produtores do setor primário estão a enfrentar, Catarina Martins considera que "está-nos a explodir o que foi feito".

"Foi feita uma liberalização completa de setores, acreditando que vinha aí uma economia exportadora e de baixos salários, que iria resolver todos os problemas. Depois ficámos com uma série de explorações no leite, nos suinicultores, em vários setores que são explorações pequenas e familiares, sem capacidade de impor os seus custos à grande distribuição que esmaga todas as margens e possibilidades de sobrevivência", avançou.

Catarina Martins disse ainda que é preciso "deixar de ser subserviente a grandes interesses", que "são os dos mais ricos do país e dos mais poderosos do mundo".

A dirigente do Bloco não deixou de lembrar que o "regime de austeridade baseia-se muito na destruição dos direitos mais básicos do trabalho". Portanto, uma das medidas propostas que, "até não tem impacto orçamental, é a reconstrução de direitos do trabalho".

o regime de austeridade baseia-se muito na destruição dos direitos mais básicos do trabalho

"Todas as medidas para reposição dos direitos do trabalho são essenciais para defender a economia e resgatar o país da austeridade", disse.

Respondendo ao tema do encontro intitulado "O que traz o Orçamento? O que quer o Bloco?" Catarina Martins respondeu que aquilo que "o Bloco quer é, acima de tudo que a democracia valha" e "para a democracia valer tem de se tomar decisões sobre a nossa riqueza, sobre os nossos setores estratégicos, como por exemplo, o nosso sistema financeiro".

"Estamos neste momento a perder numa luta sobre se o sistema financeiro há-de ser angolano ou espanhol, mas nunca em mãos nacionais para poder decidir. Isso precisa de escolhas claras sobre a necessidade de controlo público de setores estratégicos e de afirmarmos claramente quais são. Transportes, comunicações, energia e sistema financeiro são, sem dúvida, setores estratégicos", sustentou.

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