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O denominado portal Net-Empregos e os e-flyers que produz de institucional e sérios têm muito pouco. Como admitir publicidade neste tipo de suportes? E que publicidade? Quem ganha com isso? O próprio Estado? Artigo de Margarida Janeiro

Recebo todos os dias na minha caixa do gmail um e-flyer do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). O dito é produzido com base na informação compilada numa base de dados, a nível nacional, o denominado portal Net-Empregos anunciado com pompa e circunstância por Sócrates há uns anos atrás.

Com 1.196.448 candidatos inscritos, o portal auto-denomina-se “o maior site de emprego em Portugal”. Nele se podem registar quer pessoas à procura de trabalho, quer entidades à procura de trabalhadores.

Porém, a plataforma e os e-flyers que produz de institucional e sérios têm muito pouco.

Como admitir publicidade neste tipo de suportes? E que publicidade? Quem ganha com isso? O próprio Estado? A quem pediu ele autorização para a veicular? Aos candidatos inscritos? Deve o próprio Estado “alimentar” a promoção de agências financeiras duvidosas quando o crédito mal parado atinge no País elevados números? E deve escolher os desempregados como público-alvo para a promoção dessa mensagem? Isto é ético?

Pode o Estado, através do IEFP, promover junto dos desempregados o Barclaycard com créditos até 6 mil euros? Ou a Cetelem? Ou utilizar os seguintes slogans “Tenha até 20.000€ na sua conta em 48 horas. Pré-aprovação on-line”, “Cartão de Crédito CITI: anuidades grátis para sempre!”, “De 500€ a 4 000€. Mensalidades fixas a partir de 15€”.

E promover os seguintes passatempos? “Johnnie Walker Experiences Habilite-se a ganhar prémios”, “Participe e Ganhe até 114.000EUR! Concurso Roda do Ouro”?

Deve o portal do IEFP e os e-flyers que produz a comunicar as ofertas de emprego disponíveis, fazer publicidade a “escolas” onde se aprende inglês a crédito e a prestações?

E o que dizer da promoção de entidades que não se identificam? Em cujo cabeçalho surge “anónimo”? Ou da aceitação de requisitos onde esteja expressa a idade máxima do concorrente? E do género?

Outros há em cujo e-flyer surgem escritos abusos como este “6 meses de estágio curricular não remunerados” ou este ainda mais gritante “PROCURA-SE jornalista na área da comunicação preferencialmente que tenha experiência no âmbito de revistas jornais, rádios e restantes órgãos comunicação social com capacidade de organização e gestão das diversas matérias e que queira trabalhar muito e ganhar pouco!”?

Leu bem! Fiz copy paste.

E chamam a isto serviço público?

Margarida Janeiro

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