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O falso Moralista

Paulo Morais é aquele candidato que, não sendo de esquerda, tem ideias com que todos podemos concordar. São, no entanto, conhecidos alguns episódios em que a vontade justiceira que move Paulo Morais mostra alguma inconsistência.

Paulo Morais é aquele candidato que, não sendo de esquerda, tem ideias com que todos podemos concordar. A sua luta pela transparência e contra os interesses obscuros que ensombram a política nacional merece-me simpatia e seria capaz, como tantas pessoas neste país, de subscrever muitas das suas iniciativas.

São, no entanto, conhecidos alguns episódios em que esta vontade justiceira que move Paulo Morais mostra alguma inconsistência, como aquele em que as supostas provas de situações de favorecimento ligadas ao BES Angola eram, afinal, programas de TV e artigos de jornal onde o próprio fazia acusações nesse sentido.1

Outra história, menos que conhecida e que vos quero contar, passou-se em Sintra em Julho de 2013. Morais foi convidado para uma conferência sobre transparência, organizada pelo movimento de cidadãos “Sintrenses com Marco Almeida” na sua sede de candidatura.

Debate interessante porque organizado por um candidato que, ao longo de anos, utilizou o seu lugar de vice presidente da Câmara para afirmar a sua imagem e preparar uma candidatura que só foi independente porque preterida pelo PSD.

O lugar onde o debate aconteceu também tem história, pois o seu dono, entretanto falecido, era um conhecido empresário sintrense e ex-presidente de câmara que perdeu o mandato por decisão judicial. Recentemente, estivera envolvido em pelo menos dois episódios de violação do Plano Diretor Municipal.

Todos sabemos que não há almoços grátis e o facto de Marco Almeida, quando confrontado pelo Bloco de Esquerda, ter tido mostrado dificuldade e irritação com as explicações sobre a sua sede de campanha e a as suas relações com o dito empresário, devia deixar qualquer defensor da transparência em estado de alerta máximo.

Enviei a Paulo Morais documentos2 que fundamentavam esta suspeição. Respondeu no próprio dia, agradecendo a informação e a documentação. Apesar disto, a conferência aconteceu, Morais não se preocupou que o seu nome fosse associado a um candidatura que, apesar de se dizer cidadã e independente, se assemelhava a um gato laranja com o rabo de fora. A sua determinação tem pés de barro.


Sobre o/a autor(a)

Enfermeiro, doutorando em Saúde Internacional no IHMT/NOVA. Deputado municipal em Sintra, eleito pelo Bloco de Esquerda
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