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Viver fora da Terra

Felizmente, os cientistas não necessitam de deuses para explicar os fenómenos materiais.

Viver fora da Terra tem sido um dos grandes tabus da mentalidade humana. Salvo alguns astronautas, um grupo selecto que pôde participar de missões espaciais, aos quais não se pode refutar, a vida fora da terra continua a ser um tabu. Principalmente, na ignorância de uma razoável parte das mentes ocidentais e também orientais.

Os homens, nos seus primórdios, incapazes de explicar uma série de fenómenos que os rodeavam, encontraram nos deuses as causas e efeitos das suas alegrias e mazelas. Nos primórdios da sociedade humana, onde o nível de desenvolvimento e conhecimento era incipiente, os deuses tornaram-se a explicação normal para fenómenos naturais como as chuvas, cheias, secas, terramotos, maremotos, e erupções vulcânicas. Se as inundações acabavam com as plantações ou com as vidas de homens e animais, esses acontecimentos eram creditados ao humor das divindades.

A ira dos deuses sempre foi uma das explicações dadas quando os homens passaram por calamidades naturais ou epidémicas. Os homens criaram os deuses e, nesse sentido, somos forçados a reconhecer a ilimitada imaginação alcançada para criar milhares e milhares desses, em todos os continentes, com grande originalidade.

Os deuses variam, de seres metafísicos, como o deus católico; de carne e osso, como o Dalai Lama; as pequenas “kumari”, deusas virgens, do Nepal, até, quem diria, uma motocicleta, cuja foto vi não me lembro em que país da Ásia, no interior de um templo. Após terem criados os deuses, com grande imaginação, esses acabaram por aprisionar as mentalidades humanas. Esse fenómeno, em relação ao qual poderíamos ser complacentes no período em que os homens habitavam as escuras cavernas, lamentavelmente, mantém-se após alguns milhares de anos e sobrevive com grande força até os nossos dias. A ignorância, através da qual inúmeros deuses mantém prisioneiros alguns mil milhões de seres humanos, não só afecta as mentes, como a própria vista, impedindo que estes enxerguem, inclusive, o óbvio.

O facto importante é que Richard B. Hoover, astrobiologista da NASA, publicou, na semana passada, o resultado dos seus dez anos de pesquisas sobre meteoritos ao redor do mundo. A polémica novidade é que Hoover, analisando um tipo extremamente raro de meteorito, o CI 1, do qual existem apenas nove exemplares na terra, encontrou fósseis de bactérias alienígenas, utilizando um avançado microscópio de scaneamento. O cientista manifestou: “Eu interpreto como uma indicação de que a vida é mais ampla do que restrita apenas ao planeta Terra.” Argumentou também que: “ Esse campo de investigação tem sido pouco tocado por que, francamente, muitos cientistas irão dizer que isso é impossível”.

O interessante nas pesquisas de Hoover é que algumas bactérias são bem similares às existentes no nosso planeta e outras são completamente diferentes, estranhas e impossíveis de identificar neste momento.

A polémica descoberta de Hoover fez com que fossem convidados todos os cientistas para analisar e criticar as suas pesquisas.

No século passado, os cientistas puderam, através de exaustivas investigações, encontrar evidências de que o Universo, ao contrário do que diz a ignorância humana, não foi criado por deuses, mas sim por uma grande explosão, chamada de “Big Bang”. No universo existia a matéria. E esta provocou uma grande explosão, que está na origem de tudo o que existe em forma de planetas e outras manifestações físicas, como os buracos negros do universo. Após essa grande explosão, que fez o universo expandir-se, coisa que continua ocorrendo, sem que a ciência possa, devido à sua incipiência e carência de pesquisa, esclarecer a dimensão do fenómeno, surgiu a vida no Universo.

Durante séculos, as religiões, que mantêm os homens na ignorância dos tempos do homo sapiens, e são a máxima expressão dessa ignorância cultural, negam-se a reconhecer uma coisa óbvia, que a vida é uma coisa material e, como tal, pode existir em qualquer lugar onde exista esse singular elemento chamado matéria.

Também no século passado, as pesquisas mostraram que existem vários planetas que podem abrigar vida, assim como a conhecemos ou em forma ainda desconhecida. Um dos principais elementos que permitem essa afirmação é a comprovação da existência da água noutros planetas. A água é um elemento que pode ser vital na existência de formas de vida.

A importância histórica da descoberta de Hoover, negada por vários cientistas, é que, pela primeira, vez há uma comprovação física e objectiva de que existe vida fora do nosso planeta. O que, em pleno século XXI, deveria ser considerada uma coisa óbvia

Haverá ainda aqueles que dirão que, se existe vida fora da terra, esta foi criada pelos deuses. Felizmente, os cientistas não necessitam de deuses para explicar os fenómenos materiais.

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