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Resposta ao “jornalismo de combate” do grupo Diário
Hoje o Diário de Aveiro, Diário de Coimbra e Diário de Viseu publicam na capa um editorial sobre o atual momento político. Ontem foi publicado no Diário de Leiria. O editorial é um ataque à possibilidade de Bloco de Esquerda e PCP poderem ter qualquer influência governativa e acaba com uma promessa: o Diário “não deixará de combater” esse cenário se se concretizar.
Não deixa de ser curioso que os jornais deste grupo declarem o combate a um governo. Tanto mais a um governo que ainda não existe e não se sabe se existirá. Mas percebemos que esse combate não é só de amanhã, mas foi e é o seu combate de todos os dias. Percebem-se assim as suas opções editoriais…
O editorial assinado pelo diretor finge-se preocupado com a democracia, mas duvido que o editorial tenha sido votado ou sequer discutido com os jornalistas. Certamente baseia-se na capacidade do proprietário em decidir. Daí que no editorial sejam colocados ao mesmo nível valores como a democracia e a economia de mercado, a liberdade e a moeda única. Não fala da democracia de “uma pessoa, um voto”, fala da “democracia do dinheiro”. Com este conceito e prática de democracia não estranhamos o texto.. É a democracia dos poderosos.
O sr. diretor escreve que espera que “impere o bom-senso no Partido Socialista” para que “esta associação perversa com a extrema esquerda” com “ideologias comunistas totalitárias” não se concretize. São as palavras de quem sabe que o PS tem estado ao lado dos interesses do capital e não o quer a fazer cedência ao lado do trabalho perante Bloco e PCP. Percebemos, a força da esquerda e a sua capacidade de se superar está a fazer o medo mudar de lado.
Não deixa de ser curioso que evoque a condição de “jornal informativo” quando valora o jornalismo de combate na primeira página, “republicano” quando ignora a Constituição da República e não sabe que as legislativas elegem um parlamento e não um primeiro-ministro, e, por fim, “liberal” quando quem assina o editorial terá herdado o jornal.
O sr. diretor considera que esta “instabilidade política” compromete “a continuidade da recuperação económica”. Não se sabe onde terá estado nos últimos quatro anos perante o governo que mais instabilidade criou na vida das pessoas, que mais reduziu os seus rendimentos e que levou 500 mil pessoas a abandonar o país.
O nosso combate é outro. É contra a desigualdade social e pela justiça na economia. Por isso, o Bloco continuará firme na rejeição do governo PSD/CDS que tanto atacou o país. E está disponível para a viabilização de um governo que quebre o ciclo do roubo e da austeridade. Em todos os casos, a esquerda sabe qual o seu caminho de polarização para a construção de uma alternativa. Sabemos o quanto este caminho assusta quem está tão confortável com o desconforto de tantos.
Comentários
Trabalhei, há muitos anos na
Trabalhei, há muitos anos na secção desportiva do "Diário de Coimbra". Sempre foi um jornal genericamente de direita, mas, nessa altura, era aberto a todas as correntes políticas. Atualmente, está totalmente alinhado com os interesses das várias elites empresariais da região Centro, em especial do setor imobiliário, representados pelo pântano do "centrão".
Na campanha autárquica, o movimento independente de esquerda Cidadãos por Coimbra (CPC), que teve o apoio do BE, foi quase totalmente silenciado. Na arruada final, protestámos em frente à sede do jornal, gritando "Informação sim, manipulação não". Fizemos, inclusive, uma queixa à CNE, que, no entanto, considerou, com alguma ligeireza, não ter encontrado provas das nossas acusações.
Entretanto, as atividades do BE no concelho de Coimbra há muito não são divulgadas nesse jornal (?). Durante as eleições, quase nunca as ações de campanha do partido foram noticiadas. O mais escandaloso foi a ausência de notícias sobre a arruada e o comício com a Catarina e o Francisco Louçã, que decorreu no passado dia 28. E só quando era iminente a eleição do Pureza é que enviaram um jornalista à nossa noite eleitoral.
Não culpo os/as jornalistas que lá trabalham. A maioria é gente honesta, mas não pode contrariar o patrão, sob pena de sofrer retaliações ou, mesmo, perder o emprego. Infelizmente, algo que acontece, atualmente, na maioria dos órgãos de comunicação social.
Um conhecido jornalista de Coimbra, conhecedor dos meandros da comunicação social na cidade, confidenciou-me, mesmo, que há uma orientação política da administração que se pode resumir nisto: "à esquerda do PS nada existe". Por isso, essa lamentável posição agora assumida não me espanta.
Não vale a pena argumentarem
Não vale a pena argumentarem que quem votou no PS não votou numa aliança PS/PCP/BE. Na verdade também não votou numa aliança PSD/CDS/PS, n'é?
E se o resultado das eleições
E se o resultado das eleições tivessem sido os que estão abaixo indicados? Quem deveria formar governo?
BE – 36,83 %
PSD – 32,38 %
CDS-PP – 17, 63%
CDU – 8,01%
PS – 5,15%
Há que ter um certo cuidado com a resposta pois se, porventura, tal cenário vier a suceder, não sei se a esquerda portuguesa será coerente com aquilo que defende na actual situação política.
NOTA: pode trocar o lugar do BE pela CDU ou pelo PS. A ideia fulcral é que num cenário em que havendo uma maioria de direita no parlamento em número de deputados (juntando PSD e CDS), seriam estes os partidos a tomar conta dos destinos do país?
Meu caro, escusa de armar em
Meu caro, escusa de armar em esperto. Se houvesse uma maioria de deputados de direita, e eles se entendessem, formariam governo.
Uma eleição legislativa não é uma eleição presidencial do primeiro-ministro. Se o partido mais votado não conseguir formar uma maioria parlamentar, a incumbência da formação do governo passa para o segundo e assim sucessivamente. É o que ocorre em todas as democracias europeias. Qual a razão de em Portugal ser diferente?
Felizmente neste país as
Felizmente neste país as pessoas não são todas iguais. Evidentemente que a maioria a ser conseguida pelo PSD+CDS teria toda a legitimidade de governar e nada a iria impedir se assim o quisessem - faça uma viagem no tempo até 2011 e pergunte ao "Irrevogável".
A democracia é isto, e não serve apenas para quando queremos defender os nossos interesses pessoais. Mas isso parece ser um conceito difícil de perceber para aqueles que sempre viveram bem com o uso e abuso da mesma enquanto o país era conduzido para o abismo.
O que eu gostava de saber é se aqueles que hoje atacam - ou simplesmente questionam - a legitimidade do que está a acontecer também o fariam nessa ocasião de modo a manterem a coerência. Essa é que é a verdadeira questão.
eh eh eh...a direita anda
eh eh eh...a direita anda aterrorizada...uma deputada do CDS eleita por Lisboa e assessora do irrevogável Paulo Portas (uma tal Teotónio Pereira) escreveu que já pediu aos filhos (menores) para fazerem as malas pq vêm aí os comunistas....este diretor escreve que seria “uma associação perversa com a extrema esquerda com ideologias comunistas totalitárias”...eles andam aterrorizados principalmente por, provavelmente, irem perder o poder!!!!
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