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Privatizações: Cartaz do PSD devia dizer “Vendemos tudo, mesmo Portugal"
“As privatizações não são apenas um negócio ruinoso para os cofres públicos. Não são apenas prejudiciais à qualidade dos serviços. Não significam só faturas mais altas para os cidadãos. Elas condicionam, de facto, a capacidade de decisão nacional em setores vitais para a economia e, portanto, a nossa soberania”, avançou Mariana Mortágua.
Segundo a deputada, o PSD, que espalhou pelo país um cartaz onde se lê 'Acima de tudo Portugal', devia mudar o seu slogan para 'Vendemos tudo, mesmo Portugal'.
O Esquerda.net reproduz, na íntegra, a “Declaração política sobre as privatizações em fim de prazo” da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua:
“Declaração política sobre as privatizações em fim de prazo
O caderno de encargos das empresas de transportes é um tratado do que não deve ser feito para acautelar os interesses dos cofres públicos. Os riscos da operação ficam sempre para o Estado, já os privados, seja pela bilheteira ou pela taxa de rentabilidade contratualizada, ganham sempre. É como ir ao Casino e apostar na casa vermelha numa roleta sem casas pretas. Neste jogo viciado, a casa perde sempre e quem paga as contas são os contribuintes.
“TAP, EMEF, CP Carga, Carris, STCP, transportes suburbanos da CP, Metro de Lisboa, Águas de Portugal, Oceanário. A lista de empresas e entidades que o Governo quer entregar a privados, a semanas do fim do seu mandato, é interminável. A primeira pergunta que se impõe é conhecida. Qual é a pressa, qual é a pressa?
De um dia para o outro, o Governo prepara-se para despachar a maior empresa exportadora do país, os transportes coletivos que garantem mais de um milhão de viagens por dia, o abastecimento de um bem vital como a água, um dos emblemas da cidade de Lisboa, a maior empresa de transporte de mercadorias e a capacidade instalada de reparação de comboios.
A segunda pergunta é para quê? A maioria das empresas, ou tem tido lucros nos últimos anos, como é o caso da TAP, ou tem resultados operacionais positivos, como acontece nas empresas de transportes. Em ambos os casos, o problema destas empresas é a dívida acumulada, e essa continuará a ser paga pelo Estado.
Diz o Governo que a privatização melhora a competitividade e presta um melhor serviço, mas todos nós vimos o que aconteceu com os preços cobrados pela GALP ou EDP. Aumentaram e aumentaram muito.
A privatização garante a robustez e capacidade de inovação das empresas, dizem-nos mas ainda nos lembramos de uma PT à escala global, quando tinha o Estado no seu capital, e vemos a miniatura a que chegou hoje nas mãos sabe-se lá de quem.
Temos que vender aos privados porque estas empresas dão prejuízo e, depois, olhamos para os 676 milhões de euros de dividendos da EDP ou os 70 milhões dos CTT. Ou seja, com a venda de uma parte da companhia elétrica e os correios perdemos, só este ano e só nestas duas empresas, 210 de milhões de euros no Orçamento de Estado.
As privatizações não são apenas um negócio ruinoso para os cofres públicos. Não são apenas prejudiciais à qualidade dos serviços. Não significam só faturas mais altas para os cidadãos. Elas condicionam, de facto, a capacidade de decisão nacional em setores vitais para a economia e, portanto, a nossa soberania.
Já todos vimos onde nos levou o discurso, usado durante décadas por PSD e PS, sobre a importância da manutenção das empresas estratégicas em mãos nacionais. Hoje, não há nenhuma empresa portuguesa com participação qualificada nos correios, nos aeroportos, na PT Portugal. Também a EDP, a REN ou a banca privada são controladas por fundos estrangeiros, ou países terceiros. Já pensaram o que significa, para a soberania de um país, ter o controlo da produção, distribuição e fornecimento de energia nas mãos de outros países?
Senhoras e senhores deputados,
A semanas de sair de cena, PSD e CDS, que tanta gala fizeram contra as PPP, fazem-nas agora entrar pela porta dos fundos. É este o modelo escolhido pelo Governo para a concessão dos transportes coletivos, garantindo uma renda por disponibilidade - como acontece nas PPP rodoviárias.
A dívida acumulada pelas empresas de transporte, e que é o verdadeiro problema, fica no perímetro público. Tudo está feito e pensado à medida dos privados, que tenham ou não tenham passageiros ou qualidade, terão sempre os lucros assegurados, seja pelos bilhetes ou pelos nossos impostos.
O Governo chega ao ponto de separar a operação dos elétricos e dos elevadores para garantir que as operações mais rentáveis são de facto entregues a privados, ficando mesmo fora de qualquer tipo de exigência de serviço público.
O caderno de encargos das empresas de transportes é um tratado do que não deve ser feito para acautelar os interesses dos cofres públicos. Os riscos da operação ficam sempre para o Estado, já os privados, seja pela bilheteira ou pela taxa de rentabilidade contratualizada, ganham sempre. É como ir ao Casino e apostar na casa vermelha numa roleta sem casas pretas. Neste jogo viciado, a casa perde sempre e quem paga as contas são os contribuintes.
Senhoras e senhores deputados,
Não há uma única razão para tamanho frenesim. Um Governo a caminho do seu fim está a tentar revirar o país do avesso para entregar tudo o que conta a quem aparecer para o levar. Isto tem um nome. Política de terra queimada. O país fica mais pequeno, mais pobre, com menos capacidade de decisão e menos democrático.
'Acima de tudo Portugal', diz o mais recente cartaz do PSD espalhado por tudo o que é cidade deste país. Seria mais justo, ou pelo menos honesto, mudarem o slogan para 'Vendemos tudo, mesmo Portugal'.
Intervenção da deputada Mariana Mortágua
São Bento, 13 de maio de 2015”
Comentários
Uma vez que os nossos
Uma vez que os nossos recursos económicos estratégicos estão em mãos estrangeiras, não temos capacidade de efetuar uma gestão estratégica de um plano de desenvolvimento sustentável para o nosso país. Se quisermos incentivar a "construção", não dominamos nem a produção nem os preços dos cimentos (mãos brasileiras); se quisermos aumentar a competitividade das empresas, não podemos mexer nos preços da eletricidade nem dos combustíveis , por isso o Governo limita-se a forçar a baixa dos salários (mas os trabalhadores portugueses já vivem abaixo dos direitos humanos normais para a UE!); se quisermos incentivar o turismo, os preços dos aeroportos estão em mãos francesas, ...As comunicações estão dominadas por franceses (PT) e ingleses (Vodafone) ...Os CTT estão já em mãos privadas ...Se o PSD/CDS ganhar as próximas eleições ficaremos sem o controlo dos preços da água ...
Ao nível fiscal já não há mais margem de manobra: subir mais o IRS e o IVA, já provocará decréscimo das receitas fiscais totais ...por isso o Governo anda a roubar descaradamente os cidadãos com coimas astronómicas com a passividade e cumplicidade da Provedoria da Justiça e da PGR!
Este país não é nosso, vamos mas é emigrar todos para os países dos nossos patrões, e depois então aceitamos vir cá trabalhar, mas devidamente remunerados e não sujeitos á escravatura como estamos atualmente.
cartaz do PSD
O que o cartaz do PSD é ainda mais extraordinário: à letra é "Portugal ueber alles". Como dizia o Cardoso Pires, recorda-me um amigo: "As palavras não entram por acaso no vocabulário das seitas".
ainda o cartaz do PSD
- a submissão à Alemanha está tão interiorizada nas fileiras do PSD, que até o hino alemão lhes serve de inspiração
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