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FMI já lucrou 2500 milhões com os empréstimos à Grécia

As contas são da ONG britânica Jubilee Debt Campaign. Atenas paga 450 milhões ao FMI esta quinta-feira e vai substituir o seu representante no Fundo. Na véspera, Tsipras esteve em Moscovo para tentar relançar as relações comerciais com a Rússia.
Foto Jubilee Debt Campaign/Flickr

As contas são da ONG britânica Jubilee Debt Campaign e foram divulgadas esta quarta-feira. Se a Grécia pagar todos os empréstimos e juros dos empréstimos da troika ao FMI, a instituição vai lucrar 4300 milhões nos próximos nove anos.

Com uma taxa de juro efetiva de 3,6%, bem acima da taxa de 0.9% com que o FMI se financia hoje em dia, a instituição sedeada em Washington embolsou mais de 2500 milhões de euros em lucros. Se lhes juntarmos os outros países sujeitos ao "resgate" da troika entre 2010 e 2014, o lucro dispara para 8400 milhões, revela a Jubilee Debt Campaign.

"Os empréstimos do FMI à Grécia não só serviram para salvar os bancos que emprestaram imprudentemente, mas levaram à saída de ainda mais dinheiro do país. Os juros usurários pesam ainda mais sobre a dívida injusta a que o povo da Grécia foi submetido", afirmou Tim Jones, da Jubilee Debt Campaign.

Central sindical ADEDY manifesta-se pela suspensão do pagamento do serviço da dívida

Esta quinta-feira, dia do pagamento da tranche de 450 milhões ao FMI, a central sindical ADEDY, que representa os trabalhadores gregos do setor público, organiza um comício pela restruturação da dívida e pela suspensão dos pagamentos do serviço da dívida.  

Para a central sindical, a restruturação da dívida "é a condição para a sobrevivência do país, do povo e dos trabalhadores". "Exigimos que nem um cêntimo seja gasto no pagamento do serviço da dívida", conclui o comunicado publicado no site da ADEDY.

Representante da Grécia no FMI deixa o cargo em julho

Segundo a imprensa grega, o representante da Grécia no Fundo Monetário Internacional vai deixar o cargo em julho. A notícia surge na semana em que Varoufakis foi a Washington conversar pessoalmente com Christine Lagarde sobre as negociações que decorrem em Bruxelas e quando a Grécia se prepara para reembolsar o FMI em cerca de 450 milhões de euros.

O agora demissionário Thanos Catsambas fez carreira enquanto funcionário do FMI ao longo de 29 anos, antes de ser nomeado em 2012 pelo governo de Lucas Papademos.

Tsipras em Moscovo: “A Grécia não é uma colónia de dívida, é um Estado soberano”

Com a situação financeira da Grécia e as negociações com os credores a dominarem a atenção da imprensa, Alexis Tsipras afirmou aos jornalistas que a Grécia não tinha vindo pedir ajuda financeira à Rússia. “A Grécia não é um pedinte que anda de país em país a pedir-lhes que resolvam o seu problema económico, uma crise que não diz apenas respeito à Grécia mas é uma crise europeia”, afirmou Tsipras, acrescentando que o seu país “não é uma colónia de dívida, é um Estado soberano”.

A visita do primeiro-ministro grego a Moscovo teve na agenda as relações comerciais entre os dois países, bastante afetada pela resposta da Rússia às sanções impostas pela União Europeia. A Grécia é dos países que mais sofreu com as sanções aos produtos agrícolas, mas Putin afastou o levantamento de sanções país a país.  “Infelizmente não podemos fazer excepções”, disse o presidente russo, apelando ao levantamento das sanções europeias ao seu país. Mas segundo o diário Avgi, citando fontes do governo, será possível exportar esses mesmos produtos agrícolas criando parcerias entre empresas dos dois países.

A construção do gasoduto na Grécia a partir da fronteira turca foi outro tema da reunião, com Putin a afirmar que o país se pode tornar um dos grandes centros de distribuição do gás russo para a Europa. Segundo o Avgi, foi colocada a hipótese de Moscovo pagar a Atenas um adiantamento dos lucros futuros. Para Alexis Tsipras, o gasoduto é fundamental para as necessidades e a segurança energética do país, permitindo baixar o preço do gás para a indústria e os consumidores gregos e o desenvolvimento do projeto deverá respeitar as leis gregas e europeias para o setor.

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