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Syriza exige corte da dívida insustentável, Merkel ameaça Grécia com expulsão do euro

Na abertura de campanha, Alexis Tsipras defendeu um corte da dívida que a torne sustentável, “com medidas que não prejudiquem os povos europeus, mas com mecanismos europeus”. A Der Spiegel anuncia que “o governo alemão considera quase inevitável uma saída da [Grécia] da zona euro” se o Syriza ganhar as eleições.

No comício de abertura da campanha eleitoral para as legislativas gregas, realizado neste sábado 3 de janeiro em Atenas, Alexis Tsipras defendeu os pontos do programa eleitoral do Syriza, centrado na recuperação económica e no fim da austeridade, e afirmou que pedirá “com realismo” aos parceiros europeus e aos credores um corte da maior parte da dívida, “que é impossível de pagar”, “com medidas que não prejudiquem os povos europeus, mas com mecanismos europeus”, enquanto que o resto “será pago com crescimento”.

Tsipras lembrou, a propósito, a sua proposta de uma conferência europeia sobre a dívida, semelhante à que em 1953 aliviou parte da dívida da Alemanha, após a guerra.

“Após quatro anos de austeridade, o país está devastado e não só economicamente” realçou Alexis Tsipras e denunciou a “propaganda do medo” e as ameaças com a saída do euro e com a falência.

O líder do Syriza referiu-se às vítimas “desta tragédia nacional de quatro anos”, que são as que o programa de Salónica coloca em primeiro lugar: pessoas sem abrigo, desempregados, pessoas sem segurança social, casas sem aquecimento...

“Só Samaras é que faz de conta que a dívida é sustentável, para não reconhecer que o seu programa fracassou e que é necessário acabar com a austeridade”, salientou Tsipras, assegurando que uma vez ganhas as eleições, o Syriza aplicará imediatamente e “independentemente do que aconteça com as negociações” com a troika o Programa de Salónica (“um programa que não cria défice, mas sim crescimento”).

Tsipras anunciou também que o seu governo terá apenas 10 ministérios para ser menos caro e compromete-se com transparência na gestão, “inclusive na política económica”.

O líder do Syriza defendeu também um programa de investimentos públicos a nível europeu e sublinhou que “toda a gente está consciente de que a Europa não está em perigo por causa da esquerda, mas por causa do ultraliberalismo, das políticas de Merkel”.

“Que todos saibam: haverá negociações, haverá acordo e o Memorando pertencerá ao passado, não só na Grécia como em toda a Europa”, frisou Tsipras, que espera que a esquerda depois da Grécia ganhe também em Espanha (Podemos e Izquierda Unida) e na Irlanda (Sinn Féin).

Governo da Alemanha ameaça Grécia com expulsão do euro se o Syriza ganhar

“Toda a gente está consciente de que a Europa não está em perigo por causa da esquerda, mas por causa do ultraliberalismo, das políticas de Merkel”, afirmou Alexis Tsipras

A Der Spiegel publicou neste sábado uma reportagem onde, citando “fontes próximas do Governo alemão”, diz que “o Governo alemão considera quase inevitável a saída [da Grécia] da zona euro, se o líder da oposição, Alexis Tsipras, dirigir o Governo após as eleições, abandonar a linha de rigor orçamental e deixar de pagar as dívidas do país”.

Segundo a Spiegel, Angela Merkel e o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, mudaram de opinião e agora “consideram sustentável uma saída do país da moeda única, devido a progressos feitos pela zona euro desde o auge da crise, em 2012”.

O artigo refere ainda que as “fontes próximas do Governo alemão” disseram: “O risco de contágio dos outros países é limitado, pois Portugal e a Irlanda são considerados sanados. Por outro lado, o MES (mecanismo europeu de estabilidade) fornece um forte mecanismo de salvamento e a União Bancária garante a segurança das instituições de crédito”.

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