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A Educação do pobre Homem Cristo
"Em termos gerais, quem quer ser professor são os piores alunos, os mais pobres e os menos cultos" sintetiza Alexandre Homem Cristo num artigo intitulado "Temos maus professores".
A média de entrada nos cursos da área de educação, em 2013, e o número de bolsas sociais atribuídas no ano letivo de 2010/2011 são os indicadores usados para chegar ao objetivo pretendido. Qual? Dizer coisas destas: "Portugal tem maus professores. E não é por acaso: é fácil tornar-se professor". A culpa é de quê? Aparentemente é de poderem entrar no ensino superior pessoas com médias baixas e, pior!, pobres. Malditas bolsas! podia Alexandre Homem Cristo acrescentar.
Menos importante do que as condições para entrar num curso é ter condições para sair. E quanto às bolsas: os reacionários já não têm vergonha nenhuma. Milhares estudantes têm sido expulsas e expulsos do ensino superior por não terem condições económicas para suportar as despesas, propinas e não só (habitação, transportes, alimentação, materiais de estudo). As bolsas de reingresso não estão a resultar. Muitas e muitos nem sequer se candidatam - sabem que não têm dinheiro para estudar. Mas génios como Homem Cristo descem à terra para bradar contra "os mais pobres" se licenciarem na área da Educação.
Não, ser professor não é fácil. Admiro a coragem daquelas e daqueles que ainda insistem em ser professoras e professores. Vejo muitos bons profissionais a pedirem reforma antecipada e outras e outros a mudar de profissão. Gente com mestrados, pos-graduações e muitos anos de experiência na docência. A saída destes profissionais de excelência é culpa de quem? Também é das bolsas?
E o problema não é de hoje. Há cerca de doze/treze anos, quando ingressei no secundário, Curso Geral de Humanidades, eu tinha a intenção de seguir História para ser professor. Depois mudei de ideias, não só (é verdade) mas também por ver a vida difícil que levavam os professores e as professoras. Já nessa altura sabia que acabavam por andar dez ou mais anos de casa às costas, que era uma profissão muito precária. De lá para cá, a precariedade agravou-se em geral e nessa profissão. E as sucessivas humilhações são incontáveis de Sócrates/Lurdes Rodrigues-Isabel Alçada a Passos Coelho (com Portas escondido) e Crato de fora.
Faz-se muita demagogia à volta da prova que fizeram para expulsar professores/as contratados/as da sua profissão. A única diferença dos “candidatos a professores” em relação a muitos dos seus colegas (que não terão de fazer qualquer prova) é não terem tido a sorte de ficar vinculados antes. Aquele “quiz” absurdo e medíocre só prova o desrespeito do Governo PSD/CDS pelo ensino. O que aliás prova também que este é bom continuador da obra do Governo Sócrates.
Da parte dos que se licenciaram graças às bolsas (e apesar dos seus atrasos e insuficiências), digo aos homens-cristos e outros santos democratas-cristãos: havemos de vos dar uma lição, com muita classe.
Comentários
Alexandre Homem Cristo é um
Alexandre Homem Cristo é um radical de direita, antidemocrata. Escreve com raiva e por isso é imprudente. Mas não se rala. Quer ferir e não se rala. Foi nomeado pela Assembleia da República para o CNE. Imagine-se.
De tudo o que escreveu indignei-me com as insinuações a roçar o racismo em torno das características inatas dos bons e mais professores.
AHC deveria ter cumprido serviço militar numa tropa especial. Para se fazer Homem a sério respeitador dos professores a quem este país tanto deve.
Sou docente de carreira e estou revoltado por ver gente desta nomeada pelo parlamento. Como é possível????
Caro João Luz, É verdade que
Caro João Luz, É verdade que Homem Cristo foi nomeado, por proposta do CDS, para o CNE. Lendo o artigo dele, nem se suspeita que de facto é a sua área de estudo, pois apenas chovem preconceitos e os indicadores são apresentados com simplificação/deturpação atroz. Acresce que as concepções de AHC sobre a educação são perigosas e, na base delas, apregoando a "liberdade de escolha" para financiamento das escolas privas, afinal está este racismo social que deixa escapar no artigo a que este texto se refere.
O meu nome é José Luz.
O meu nome é José Luz.
Concordo com o seu raciocínio. Revisitei alguns textos do assessor do CDS-PP em causa e encontrei esse denominador comum: preconceitos ideológicos neoliberais que são como muito bem refere.... PERIGOSOS. Mas como diz o povo... «Pela boca morre o peixe». Este geração de iluminados diz depressa ao que vem. A melhor resposta e a mais eficaz é denunciar aos quatro ventos estes ideólogos e combatê-los no plano democrático. Em todos os fóruns. Incomodá-los. Pô-los no seu devido lugar: num táxi.
Caro José Luz, concordo
Caro José Luz, concordo consigo: precisamos de denunciar as falácias daqueles que querem destruir a Escola Pública. É o futuro da nossa sociedade e da nossa democracia que está em causa.
Quero com este comentário
Quero com este comentário clarificar rapidamente a minha opinião.
Li os dois textos e, na minha humilde opinião, têm falhas. O seu texto é uma salada de ideias desorganizadas. Alexandre Homem Cristo apontou um facto, (que os resultados provenientes da avaliação dos professores foram péssimos) e esforçou-se por arranjar uma explicação para que isso aconteça. Quanto a mim o erro está aí. Na explicação que ele pensou encontrar. Ora um estudante pobre tem tantas capacidades como um estudante rico. É estúpido e ignorante dizer o contrário. Agora que há maus professores a leccionarem no ensino há!! A prova não faz justiça ao que um professor deve ser, porém, é da obrigação de pelo menos 70% dos professores passarem e não darem erros ortográficos na prova que lhes foi apresentada!!! O seu texto tem o objectivo de refutar a crónica do outro senhor mas acaba por não o cumprir! Há realmente "facilidade" em formar professores e penso que a área da educação deve ter tanta dificuldade e exigência como um curso da área da saúde. O Sr. Bruno deve esforçar-se em escrever a sua opinião melhor e desviar-se do ataque pessoal. Mesmo que tenha completa razão e que esteja a defender um sentido humanístico melhor.
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