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Monsanto diz que só vende OGM na Europa a Portugal e Espanha

A gigante agroindustrial das sementes geneticamente modificadas reconheceu que o negócio dos OGM na Europa não é bem visto pela população. A exceção é Portugal e Espanha, onde diz beneficiar de "amplo apoio político e um sistema de regulação" mais favorável.
Foto eco-logical photography/Flickr

Um porta voz da empresa norte-americana que é perseguida por ambientalistas e agricultores onde quer que se instala afirmou à Reuters que "vamos vender as sementes geneticamente modificadas apenas onde elas gozem de um amplo apoio dos agricultores, dos políticos e onde exista um sistema de regulação que funciona". Thomas Helscher acrescentou que "por enquanto, isso apenas se aplica a poucos países europeus, sobretudo Espanha e Portugal".

Embora as palavras do porta-voz da Monsanto tenham sido interpretadas como o anúncio da retirada da empresa dos restantes países, a verdade é que ela está a lucrar como nunca através da venda de sementes tradicionais e de herbicidas como o Roundup e prepara-se para ver aprovada pela Comissão Europeia uma nova patente de milho trangénico, a SmartStax. Quanto às sementes trangénicas proibidas por ameaça à saúde pública em boa parte dos países europeus, continuarão a espalhar-se em Portugal com o beneplácito da ministra da Agricultura do CDS, como o foram antes com os ministros do PS.

O anúncio da Monsanto provocou alguma confusão na imprensa e não terá sido alheio ao protesto de 25 de maio em 50 países. Em Lisboa, centenas de ativistas do ambiente e pequenos agricultores concentraram-se em frente à Assembleia da República e organizaram-se protestos semelhantes no Porto, Horta e Ponta Delgada.

EUA: Pequenos agricultores arriscam-se a ser processados após contaminação

Esta segunda-feira houve mais um episódio na batalha jurídica que opõe um grupo de 50 agricultores biológicos ao gigante da agroindústria. Segundo informa o Huffington Post, um tribunal norte-americano rejeitou o recurso dos agricultores, que simplesmente pretendiam assegurar que não seriam processados pela Monsanto no caso das suas plantações serem contaminadas pelas sementes transgénicas vendidas pela empresa.

Este tipo de contaminação acontece frequentemente e nas últimas semanas surgiu um novo caso num campo de trigo no estado norte-americano de Oregon. Nos EUA como na América Latina, as variedades de sementes resistentes aos pesticidas - também vendidos pela Monsanto - são usadas em grande escala, afetando também as restantes culturas.

O argumento usado pelo Tribunal foi considerado "bizarro" pelo advogado do Centro para a Segurança Alimentar, organização que se constituiu como queixosa neste processo. É que apesar da empresa se recusar a assinar um documento em que abdicaria de processar os agricultores contaminados pelas suas sementes, os juízes consideraram que uma declaração entretanto publicada no site da Monsanto já garantia que a empresa não teria intenção de os processar. Ao mesmo tempo, reconheceram que os registos conhecidos dão conta da contaminação de boa parte das sementes tradicionais pelas sementes resistentes ao pesticida Roundup. Entre 1997 e abril de 2010, a Monsanto instaurou 144 processos judiciais contra agricultores, reclamando o pagamento de royalties pela alegada - e em muitos casos involuntária - utilização das suas sementes transgénicas.

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