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“Continuaremos a dar muito trabalho à direita no PE”
A cabeça de lista do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, Marisa Matias, disse na Fórum Lisboa, onde o partido realizou a sua noite eleitoral, que, ao garantir a manutenção da representação no Parlamento Europeu, com a eleição de um eurodeputado, o partido conseguiu o seu principal objetivo e, neste sentido, agradeceu a todos os militantes e eleitores que continuaram a depositar a sua confiança no Bloco de Esquerda.
“Quem votou em nós e em nós confiou sabe que vamos continuar o nosso trabalho, sem nos desviarmos, com muitas propostas e sem traições”, disse a reeleita eurodeputada, garantindo que “vamos continuar a dar muito trabalho à direita e a combater as políticas de austeridade no Parlamento Europeu”.
Não foi um bom resultado, reconheceu Marisa Matias, porque o Bloco não conseguiu o seu segundo objetivo, que era eleger João Lavinha e assim manter a mesma representação que antes. Em resposta a uma pergunta sobre as causas desse resultado, Marisa Matias disse que há vários fatores, nomeadamente o surgimento de forças políticas que ocuparam espaços que estavam vazios. Mas a eurodeputada disse-se convicta de que o Bloco levantou as discussões que tinha de levantar nesta campanha.
Marisa Matias sublinhou também que em termos europeus o Bloco vê com preocupação a subida da extrema-direita, mas também festeja o grande crescimento do Partido da Esquerda Europeia.
Comentários
Eleições europeias
Estamos a cavar o nosso proprio poço camaradas perdemos desta vez mais de cem mil simpatizantes e estamos a perder simpatizantes em cada eleição que passa.
Já nem conseguimos convencer os nossos simpatizantes camaradas.
A comissão politica e a mesa nacional tem de ser responsabilizados pelo caminho que estamos a percorrer pelas escolhas que fazem, pelo modo como se dirigem ao povo português, com propostas pouco claras e pouco objectivas, exemplos:
- Criminalização do piropo, isto é ridiculo.
Quando existem 2,5 milhões e meio de pobres em Portugal e cerca de 1,5 milhões de desmpregados.
- A liderança Bicéfala é um falhanço. Tenho o maior respeito pelo trabalho tanto do João Semedo como o da Catarina Martins mas "empurra-los" para esta situação é não conhecer o povo português.
O pouco rigor na escolhas dos candidatos como Sá Fernandes,Rui Tavares ou até o actual numero dois das listas europeias que ninguem conhece.
Mas existem muito mais situações que só servem para cavar o poço.
Eu faço um alerta Acordem, Acordem, Acordem.
João Costa Vaz
Resposavel pela comissão de trabalhadores da Efacec Engenharia Lisboa/Internacional
E eis um comentário que
E eis um comentário que mostra bem o que tem estado mesmo mal no BE.
Não, não é a liderança (e eu sou insuspeito: votei na moção B na última convenção, em boa medida, por achar completamente absurda quer a ideia da bicefalia quer, ou talvez principalmente, a forma como ela surgiu no debate). A liderança tem funcionado muito melhor do que eu temi, apesar da falta de carisma do João Semedo não ajudar.
É a comunicação e a estratégia. A comunicação do Bloco tem sido um desastre e o caso do piropo é um excelente exemplo disso. Que ainda hoje, e mesmo entre aderentes do Bloco, se fale de uma "proposta de criminalização do piropo" é sintomático de que o partido foi incapaz de explicar que a opinião de duas aderentes, livremente expressa como devem ser sempre as opiniões dentro do Bloco, por mais absurdas que possam ser, NÃO equivale a uma proposta do Bloco, mas é simplesmente uma expressão de democracia interna. Casos como este exigem uma comunicação inteligente e bem-humorada, que não existiu.
E a estratégia também tem vindo a falhar há alguns anos. O Bloco cai sistematicamente em armadilhas, dando mostras de uma enorme ingenuidade. Quando o PS, no verão passado, veio dizer que só participaria dos encontros para o consenso cavacal se todos participassem, a resposta certa do BE deveria ter sido simplesmente "nós não fomos convidados" em vez de "nós não vamos". Quando o 3D fez a proposta de uma coligação nas vésperas das europeias, a resposta do Bloco devia ter sido, pedagogicamente, "só podemos fazer coligações com partidos existentes; umas eleições exigem tempo de preparação de estratégias e candidaturas, e não podemos estar na indefinição relativamente à nossa candidatura, à espera do tribunal constitucional decidir se aceita, ou não, a legalização do Livre", em vez de "nós não aceitamos dissolver-nos". Quando foi uma delegação da AR a Angola, nós devíamos ter ido, tal como devíamos ter ido falar com a troica. Nós devemos estar nas coisas e, estando, afirmar a nossa opinião, em vez de passar a imagem de sermos o "partido do não vou". Eu tive de ouvir esta, do "partido do não vou", e tive grande dificuldade em rebatê-la porque me encheram de casos em que o partido não foi mesmo.
Esta imagem de inconsequência que o Bloco adquiriu a partir da catadupa de asneiras que cometeu em 2011 levará tempo a ser anulada, mesmo com uma boa comunicação, que não tem havido, e mesmo com uma estratégia que consiga compreender o impacto que as atitudes e as palavras têm no eleitorado, que também não tem havido.
As nossas propostas são quase sempre boas. Não merecem ser destruídas pela incapacidade de as fazer chegar às pessoas.
Parabens, Marisa Matias, o
Parabens, Marisa Matias, o meu voto não faltou.
Falta, agora, uma análise muito profunda dos resultados e do que está a falhar no BE. Não podemos cantar alegremente a derrota da direita e ir desaparecendo do mapa eleitoral.
Esta direcção não deu resultado - há que dizê-lo frontalmente.
Marisa Matias foi uma boa
Marisa Matias foi uma boa deputada e o Bloco apresentou uma boa lista. No entanto os eleitores não são propriedade de ninguém. Penso que o Bloco deve ter uma estratégia de convergências à esquerda do PS (nomeadamente com o Partido Livre e com os subscritores do manifesto 3D). Deve também continuar a participar nos movimentos populares e sociais transformadores. Só assim conseguirá contribuir para uma alternativa ao atual poder. Gostaria de lembrar ao companheiro anterior que o partido Livre teve quase metade dos votos do Bloco (provavelmente de antigos eleitores do Bloco). A convergência faz-se entre diferentes.
Não votei BE...
Meus caros
Aquilo que começou por ser uma alternativa, uma luz á esquerda, uma lufada no discurso "monotono" das esquerdas... perdeu-se completamente desde a criação de uma direção bicéfala. Não há nenhum partido no mundo que tenha criado algo assim; a falta de propostas reais e objectivas, o discurso gasto e repetitivo da Catarina Martins, o martelar constante na troika e nas fortunas, etc. conduzem ao esvaziamento do partido. As pessoas querem propostas com valor, querem soluções e ideias construtivas. Adiantou alguma coisa berrar contra a troika ou contra a reunião em Sintra?
Nas ultimas eleições não votei BE porque vejo um ambiente algo pesado no Bloco e muita raiva em discursos sem nada de novo. Não conseguem transmitir confiança nem esperança...
Os comentários que aqui estão
Os comentários que aqui estão são cautelosos, amigos e responsáveis. Querem significar - algo que partilho - uma desilusão face a uma força política que, porque é força e porque é política, se não pode alhear dos resultados das urnas. Se algum esvaziamento teria resultado da apropriação de um certo PS (de Sócrates) de causas importantes do BE, isso é negativo? Quando, entre outras coisas, significou colocar essas causas em letra de lei? De modo algum, quer significar exatamente a força do Bloco.
Mas, parece não haver encanto, não haver entusiasmo, não haver mobilização. Não é exclusivo do Bloco, mas em tempos o Bloco já soube superar isso. Acho que o Bloco tem um espaço político - que se não confunde com o "carisma" de uma ou outra figura de passagem (tipo Marinho Pinto), mas a sua leitura dos dias, aquela que tão bem soube fazer em tempos não tão distantes, parece subitamente congelada. A força de "congelação" é imensa e expressa por diversas formas, mas é justamente a capacidade "descongelante" do Bloco que o colocou na cena política.
Não ensaio sugestões de quais alianças, aproximações, ligações podem ou devem ser feitas, mas atrevo-me a sugerir mais intransigência, mas menos ar seráfico; de uma seriedade de "porreta" estamos nós fartos. O Bloco soube opor-se às troiquices, mas não soube manter o seu discurso, alinhou o diapasão pelo discurso seráfico e serôdio da "crise" e das suas (supostamente) estreitas soluções.
Uma força de oposição é uma outra linguagem, não é uma outra coisa na mesma linguagem.
Continuarei, ainda assim, convictamente alinhado!
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