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Maioria quer “ressuscitar” TV Rural
A direita parlamentar entregou na Assembleia da República um diploma em defesa do regresso à RTP e à rádio pública de um programa semelhante ao “TV Rural”, programa que nasceu em 1959, tempos idos do fascismo, e durou até 1990.
"A ideia é voltar a ter um programa de informação sobre agricultura e pescas do qual todos se recordam, numa altura em que estamos a apostar neste setor, que é dos poucos da nossa economia que está a crescer. Será mais uma ferramenta ao serviço do setor primário", explicou à Lusa o deputado social-democrata Pedro do Ó Ramos, um dos autores da iniciativa que será discutida esta quinta-feira na Assembleia da República.
Para este deputado a iniciativa conjunta com os democratas-cristãos nada tem de "ingerência" na RTP ou RDP.
"É uma crítica que não colhe. Já que existe uma tutela, sem que se trate de uma imposição governamental, então uma programação sobre estes temas constitui o verdadeiro serviço público. Trata-se de uma vantagem, com benefícios para os agricultores, e não de uma ingerência", concluiu.
O projeto de resolução da maioria “recomenda ao Governo que promova a realização e a emissão em canal aberto de serviço público de um programa televisivo semanal sobre Agricultura e Mar". No texto da resolução, destaca-se o pioneiro "Diário Rural", emitido durante 29 anos pelo Rádio Clube Português (entre 1964 e 1993) e o "TV Rural", apresentado pelo emblemático Sousa Veloso e que esteve em antena entre 1960 e 1990.
“É uma programação à medida das conveniências da maioria”
A oposição critica em coro e acusa a maioria de ”ingerência” na programação da televisão do Estado.
A deputada do Bloco de Esquerda Cecília Honório defende que "não cabe ao Parlamento pronunciar-se ou definir as grelhas televisivas", acrescentando que o seu partido está "mais preocupado com o futuro do serviço público de televisão em si e não em acompanhar este ressuscitar do TV Rural, o qual, se fosse por iniciativa do CDS-PP, seria mais uma TV Lavoura".
"Parece-nos que se trata da defesa dos interesses de programação à medida das conveniências da maioria. Um serviço público por encomenda em vez de haver um investimento sério para garantir que o mesmo não está em risco", disse.
Por seu turno, a deputada socialista Inês Medeiros classificou a ação como uma "ingerência absurda", defendendo a "autonomia" na programação da estação de televisão pública. O grupo parlamentar do PCP, contactado pela Lusa, não quis pronunciar-se para já sobre o assunto, enquanto "Os Verdes", pela voz de Heloísa Apolónio, condenaram igualmente a iniciativa.
Comentários
Um ano ido, deixem-me que vos
Um ano ido, deixem-me que vos diga... que estreiteza de mente que têm. Só quem vive encafuado nas estantes urbanas, ou que, tendo nascido do campo lhe tem ódio de morte, venerando a sociedade urbana de consumo pode insurgir-se contra algo como isto. Digo-vos que um programa naqueles moldes seria de grande utilidade para jovens que vêm na agricultura um meio de diminuir a sua despesa familiar, e de aumentar a qualidade da alimentação, mas que nunca aprendeu essa actividade. De resto, não sei porque ainda não demoliram a ponte 25 de Abril, os bairros económicos, as escolas primárias, aliás deviam explicar a todos os que deram o litro durante o regime ditatorial, que fizeram mal, porque tudo o que então foi feito está mal. Comecem por explicá-lo ao Engº Sousa Veloso, por exemplo.
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