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Presidenciais: o combate contra o silêncio

A audiência dos debates televisivos tem sido reduzida, mas se uns têm preferido os silêncios, há outros que não.

Finalmente sente-se o clima de pré-campanha eleitoral. Se até agora não se falava de outra coisa senão a crise e o FMI, se até agora o confronto de ideias entre as várias candidaturas não passava de notas de rodapé nas TV’s e nos jornais e se até agora o candidato gestor de silêncios fazia campanha com as vestes de Presidente da República, o cenário tem vindo a mudar com os diversos debates televisivos.

No entanto, e apesar dos debates, Cavaco Silva tem mantido a sua habitual posição de arauto a que ninguém presta atenção e de árbitro que se entristece quando os seus conselhos não são ouvidos mas que têm sido muito importantes para não cair numa situação ainda mais desesperada. Nada de novo traz para a mesa porque Cavaco é mesmo assim, sem ideias novas para nos retirar da crise e absolutamente conformado com o poder dos especuladores financeiros de quem não vale a pena sequer falar.

O candidato da direita não nos tem oferecido mais do que apadrinhar o casamento de um casal de ex-sem abrigo, a proposta de aproveitamento dos restos dos restaurantes para alimentar os pobres ou a exaltação do papel da mulher como fada do lar que lida com a difícil economia familiar e com a educação dos filhos. E, apesar de não falar, sempre se foi irritando com as perguntas sobre o lucro de 140% em 2 anos que realizou com a compra e venda de acções da Sociedade Lusa de Negócios, à data detentora do BPN. Ou seja, Cavaco é o decalque de uma direita conservadora e resignada à dominação do poder económico sobre o poder político.

E se das restantes candidaturas pouco há a dizer – como se prova pela sondagem do jornal Expresso do último Sábado que dá menos que 5% a Francisco Lopes, Fernando Nobre e Defensor de Moura -, Manuel Alegre tem-se assumido como garantia da escola pública, do serviço nacional de saúde, da segurança social e dos direitos dos trabalhadores.

O único candidato que pode forçar uma segunda volta e com isso derrotar Cavaco Silva, tem afirmado o seu compromisso para com a defesa do Estado Social. É essa a força que tem tido esta candidatura, porque, ao contrário de outros que defendem a caridade, Manuel Alegre tem defendido a cidadania e a solidariedade social como pilares de uma democracia em que as pessoas têm direitos e não uma dívida de agradecimento a quem lhes presta auxílio.

Daqui a cerca de um mês, no dia 23 de Janeiro, far-se-á um combate entre a defesa do Estado Social e o conservadorismo do silêncio. Todos os que querem romper os silêncios e exigir os seus direitos saberão que a candidatura de Manuel Alegre é necessária e urgente.

Sobre o/a autor(a)

Engenheiro e mestre em políticas públicas. Dirigente do Bloco.
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