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Angola, a ditadura que o mundo finge não ver

Em Angola, a polícia reprime até o funeral de um ativista morto quando colava cartazes convocando uma manifestação. Uma oligarquia riquíssima, encastelada em torno do presidente da República, prospera diante da miséria da maioria do povo. José Eduardo dos Santos está no poder há 34 anos sem nunca ter sido eleito nominalmente para o cargo. Mas o mundo desvia o olhar – a riqueza do país parece tornar irrelevantes todos os atentados aos direitos humanos. Dossier coordenado por Luis Leiria.

Começamos por um extenso perfil de José Eduardo dos Santos, o déspota discreto, assinado por Luis Leiria. É a partir da Presidência da República que se espalha a corrupção no país, mostra, com detalhes, o jornalista angolano Rafael Marques. Desta forma, ver políticos portugueses a defender certas posições do regime angolano seria apenas ridículo, não fosse trágico, acusa o escritor José Eduardo Agualusa. Eduardo dos Santos usa agora o Orçamento do Estado para dispor legalmente de dinheiro para enriquecer a sua família, mostra Alfredo Muvuma. Desta, a mais rica é a filha mais velha, a primeira bilionária africana. Já o segundo filho está à frente do Fundo Soberano de Angola, o logotipo de 5 mil milhões de dólares. Em seguida, transcrevemos as declarações de voto de PCP, PS e Verdes que explicam porque não quiseram condenar o assassinato de três ativistas angolanos, e publicamos uma opinião de Luis Leiria sobre as posições do PCP.  

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Neste dossier:

Angola, a ditadura que o mundo finge não ver

Em Angola, a polícia reprime até o funeral de um ativista morto quando colava cartazes. Uma oligarquia riquíssima, encastelada em torno do presidente, prospera diante da miséria do povo. José Eduardo dos Santos está no poder há 34 anos sem nunca ter sido eleito nominalmente para o cargo. Mas o mundo desvia o olhar. Dossier coordenado por Luis Leiria.

Perfil: José Eduardo dos Santos, o déspota discreto

Chegou ao poder porque era, dos presidenciáveis, o mais fraco. Nos primeiros anos, não “mexeu uma palha”. Mas demonstrou a capacidade de adaptação suficiente para sobreviver à queda do Muro de Berlim, abraçar o capitalismo mais selvagem e ainda enriquecer-se e à sua família.

Presidência da República: O Epicentro da Corrupção em Angola

O presente relatório revela o modo como a Presidência da República de Angola tem sido usada como um cartel de negócios obscuros e as consequências dessa prática para a liberdade e o desenvolvimento dos cidadãos assim como para a estabilidade política e económica do país. Por Rafael Marques.

O Príncipe Perfeito

Ver dirigentes políticos portugueses, de vários quadrantes ideológicos, a defenderem certas posições do regime angolano com a veemência de jovens aspirantes ao Comité Central do MPLA seria apenas ridículo, não fosse trágico. Por José Eduardo Agualusa

Do presidente para a sua família: a vala de drenagem

O Presidente da República converteu o OGE no principal, mas não único, instrumento do seu enriquecimento ilícito. Pelo seu artigo 11, basta-lhe invocar a segurança interna ou externa do país para criar quantos fundos quiser, quantas empresas lhe apetecer para acomodar familiares, cortesãos e a cada vez mais extensa lista de bajuladores. Por Alfredo Muvuma, Maka Angola.

Filha do Presidente de Angola é a primeira bilionária africana

Isabel dos Santos é a primeira bilionária africana, segundo a Forbes, que assinala a participação da filha de Eduardo dos Santos na Zon e no BPI, em Portugal, e no BIC e na Unitel, em Angola. Isabel dos Santos detém ainda 45% da Amorim Energia e, através dela, 6% da GALP.

Fundo Soberano de Angola – O Logotipo de 5.000 milhões de dólares

Como 5 mil milhões de dólares de fundos públicos angolanos acabaram sob gestão de um simples logotipo, cujos cordelinhos são movimentados a partir da Suíça pelos amigos do filho do Presidente? Alguns desses amigos foram recentemente condenados por gestão criminosa. Artigo publicado em Maka Angola.

PCP, PS e Verdes votaram contra condenação dos assassinatos em Angola

Leia as declarações de voto do PCP, dos Verdes e do PS que chumbaram, junto com o PSD e o CDS, um voto apresentado pelo Bloco de Esquerda de condenação dos assassinatos de Alves Kamulingue, Isaías Cassule e Manuel Ganga e pela libertação de todos os presos políticos no país.

O PCP e Angola

Angola corre o risco de ser invadida militarmente pelos EUA? Quem se manifesta pelos direitos humanos pretende desestabilizar as instituições e dividir o país? O PCP acha que sim.