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Polícia compra blindados de guerra para a Cimeira da Nato

Também uma lei especial para proibir manifestações e expulsar "quem atente contra a ordem", e a reposição das fronteiras estão em discussão, adianta o DN, que refere a PAGAN como grupo associado a possíveis acções de desobediência civil. O movimento já reagiu, recusando “a associação do seu nome a actos violentos”.
Um dos tipos de carro blindados utilizados na guerra no Iraque. A PSP pediu carros blindados para uso anti-motim, com capacidade para seis pessoas, anti-bomba, antifogo e anti-minas, tal como os utilizados pelos militares britânicos e norte-americanos no Iraque.

Segundo avançou o Diário de Notícias (DN) este domingo, a polícia quer "blindar" o Parque das Nações durante a realização da Cimeira da NATO, agendada para os dias 19 e 20 de Novembro.

O evento exige “segurança máxima”, uma vez que irão estar presentes os principais líderes mundiais, entre os quais Barack Obama. As autoridades portuguesas consideram a necessidade de não só limitar a circulação em toda a área, com vários perímetros de segurança e check-points, como também de aprovar um regime legislativo de excepção, temporário, que permita proibir manifestações que, segundo os seus pressupostos, possam resultar em violência urbana.

Por causa do encontro dos senhores da guerra, o espaço Schengen também pode ser suspenso e as fronteiras voltarem a ter controlo apertado, à semelhança do que aconteceu durante a realização do campeonato europeu de futebol, em 2004, durante o qual também vigorou um regime especial. Os processos de expulsão de quem perturbe a ordem pública serão quase imediatos.

Segundo avança o mesmo jornal, a lei de excepção vai ainda permitir a colocação em locais públicos de uma vasta rede de câmaras de vídeo-vigilância para recolher e gravar imagens.

Neste momento existem três grupos de trabalho designados no âmbito do Gabinete Coordenador de Segurança (GCS): um de Coordenação Geral e Planeamento; outro do Informações; outro para avaliar a necessidade de aprovação de legislação especial temporária. PSP, GNR, PJ, SIS são as entidades com mais participação. 

A PSP, entidade responsável pelo policiamento do evento, já entregou ao GCS uma extensa lista de equipamento de ordem pública, desde barreiras de protecção, a gás lacrimogéneo, que entende ser necessário adquirir. Na lista estão ainda carros blindados para uso urbano, anti-motim e para transporte de pessoal para zonas 'quentes' de grandes distúrbios e colocar homens equipados no local. Têm capacidade para seis pessoas e são anti-bomba, antifogo e anti-minas, sendo utilizados pelos militares britânicos e norte-americanos no Iraque.

Além disto, a Unidade Especial de Polícia, da PSP, também conseguiu ver aprovado um recrutamento de emergência de 60 elementos para reforçar o Corpo de Intervenção.

A avaliação de ameaça à cimeira, segundos as autoridades portuguesas, assenta em três factores principais: a importância política da própria cimeira, onde será aprovado o novo conceito estratégico da NATO; o facto de virem todos os grandes líderes mundiais, concentrando-se na capital durante dois dias, no mesmo local; e a presença de militares portugueses no Afeganistão. Estes pressupostos tornam esta cimeira um possível alvo de um ataque terrorista, segundo as autoridades, para além de se preverem manifestações e protestos, que, pelos vistos, serão recebidas com carros blindados, tal é a vontade da polícia portuguesa. 

“A PAGAN recusa liminarmente a associação do seu nome a actos violentos”

A notícia do DN inclui a associação destes pressupostos à ideia da iminência de episódios de violência urbana que, diz o jornal, serão protagonizados por “grupos extremistas que contestam a NATO e que normalmente aproveitam estes encontros para protestos mais violentos”. Como exemplos destes grupos, o DN refere o grupo internacional 'Black Bloc' e o movimento português PAGAN – Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO.

Entretanto, a PAGAN já enviou uma nota à imprensa repudiando as associações feitas no artigo do DN, recusando “liminarmente” a associação do seu nome “a actos violentos ou ameaçadores da ordem pública”.

A plataforma assume-se como um movimento que “quer exercer o seu direito de expressão e opinião, demonstrando desacordo e desagrado quanto às políticas belicistas da NATO e, mais especificamente, quanto à participação portuguesa na absurda guerra levada a cabo no Afeganistão”. A rede internacional, na qual se insere, acolhe organizações muito diversas, e “tem como base comum os conceitos de Pacifismo e Não-Violência”, diz o movimento.

Além disso, a PAGAN considera “moralmente inaceitável” a instrumentalização do nome de uma plataforma de cidadãos, “no sentido de legitimar o investimento do Estado português em meios de repressão social como os blindados que veremos nas ruas de Lisboa”. 

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