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BPN: BIC exige 100 milhões para banco que comprou por 40 milhões

O banco BIC, presidido pelo ex-ministro laranja, Mira Amaral, que pagou 40 milhões de euros pela privatização do BPN, enviou para o Tesouro português faturas no valor de 100 milhões de euros, ao abrigo do contrato de execução assinado por Maria Luís Albuquerque e o grupo luso-angolano. Segundo uma auditoria encomendada pela Caixa Geral de Depósitos o valor poderá ascender aos 600 milhões de euros.
Foto: Mira Amaral, Presidente do grupo luso-angolano BIC e ex-ministro de Cavaco Silva

O grupo luso-angolano BIC, que pagou 40 milhões de euros pela privatização do BPN, enviou para o Tesouro faturas de 100 milhões de euros ao abrigo do contrato de execução assinada com Maria Luís Albuquerque, atual ministra da Finanças, divulga o jornal Público na sua edição de hoje.

Conta o diário que este valor está relacionado "com as contingências decorrentes" da venda do banco ao BIC por 40 milhões de euros, e as "faturas" estão a ser enviadas à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, ao abrigo de um acordo negociado diretamente entre Maria Luís Albuquerque, na altura secretária de Estado do Tesouro, e o grupo luso-angolano.

Segundo fontes ligadas às operações, a verba é reclamada à luz do contrato de execução do BPN que prevê que o BIC Portugal “se responsabilize por liquidar as contingências judiciais (ações instauradas contra o BPN por clientes e trabalhadores), mediante o compromisso de ser reembolsado posteriormente pelo Tesouro”.

O valor deve mesmo não ficar por aqui, uma vez que os 100 milhões de euros dizem apenas respeito a uma “pequena parcela” das contingências relacionadas com o BPN. Uma auditoria encomendada pela Caixa Geral de Depósitos no ano transato fixou as responsabilidades em 600 milhões de euros.

Recorde-se que a nacionalização do BPN já custou mais de 4 mil milhões de euros aos cofres do Estado e tudo aponta que o contrato leonino assinado entre o Estado e o banco presidido pelo ex-ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral.

Administrador da Caixa demitiu-se por entender "contrato ruinoso para o Estado"

No dia 28 de novembro, ao tomar conhecimento do contrato Lourenço Soares, demitiu-se do cargo de administrador da Caixa Geral de Depósitos. "É verdade que me demiti por discordar completamente dos termos do contrato, que está hoje em vigor, nomeadamente no ponto da obrigatoriedade de reembolsos, por entender que era prejudicial, para não dizer ruinoso, para os interesses do Estado", disse em declarações ao Público.  Deixou ainda claro que "o Estado está obrigado a pagar ao BIC as facturas que este envia e não tem alternativa senão fazê-lo, pois o contrato vincula-o".

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