Sofia Roque

Sofia Roque

Investigadora e doutoranda em Filosofia Política (CFUL), ativista, feminista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

A invocação de Hannah Arendt é um gesto de justiça para com o seu legado e também, egoisticamente, o apontar de uma saída para nós, actuais e futuros habitantes do planeta Terra.

Tornar sensível a sua memória é lê-la, continuar a lê-la e abandonar a indiferença na arte e no mundo.

É a maré alta, como canta o nosso Sérgio Godinho, mas a dessa onda feminista que sacode o conservadorismo, a ortodoxia e o sectarismo incrustados nas rochas.

É preciso pôr de parte o conforto fácil da demagogia ou do egoísmo civilizacional que entoa cânticos em honra das democracias liberais e do capitalismo humanitário.

Este é um tema de intervenção que, quando tomado na sua enunciação feminista e radical, não só instaura uma possibilidade de mensagem e experiência concreta de autodeterminação, como também vira do avesso o dito feminismo institucional e o conservador.

No trânsito entre a ficção e o documentário, o cinema e a política, as contradições vão surgindo, entre virtudes e defeitos, entrelaçam-se e surgem nós: o risco de um presente enredado em si mesmo está sempre lá. Por Sofia Roque.

Nem belas, nem recatadas, nem do lar é o que uma voz coletiva que não conhece fronteiras grita e isso tem consequências entre-nós.

Entre contradições e um intenso processo de ação coletiva, a história do movimento sufragista escreve-se com as mesmas penas e entusiasmos com os quais também se escreve a história de muitas revoluções inspiradoras que dão corpo ao que somos hoje.

Na maioria das condenações do crime de violência doméstica a pena foi suspensa, um sintoma estatístico que descreve uma sociedade doente de machismo e sexismo. É preciso transformar tudo.

A escolha não pode ser entre a política do desastre ou mais uns trocos para ainda mais bolsas, sem uma política de contratação de investigadores coerente e a longo prazo.