Rui Matoso

Rui Matoso

Investigador e docente universitário

A censura praticada pelo diretor do ICS foi justificada pelo “mau gosto e uma ofensa a instituições e pessoas que eu não podia tolerar”... Na verdade, qualquer decisão alimentada por preferências estéticas individuais aplicadas ao espaço público resulta quase sempre em aberração autoritária.

Desde o Maio de 1968 aos movimentos Occupy, têm sido múltiplos os contextos e as reivindicações com um longo e multifacetado percurso teórico, crítico e empírico, e que são hoje uma fonte vital de experiência e conhecimento. Por Rui Matoso

A urgência de reivindicarmos e contribuirmos para a construção coletiva de “políticas culturais transformadoras” coloca-se desde sempre, designadamente desde que vivemos num regime político democrático.

Já não restam quaisquer dúvidas, se ainda existissem, da farsa em que consiste a crise austeritária europeia, nem das suas consequências trágicas para os povos europeus, em especial para os países do sul onde nos incluímos.

Dois factos foram nestas últimas semanas tornados bastante evidentes: o do aumento das desigualdades de rendimentos, e o triunfo global dos oligarcas. Apesar de não serem absolutamente novidade, quer uma quer outra são ambas péssimas notícias.

Uma curta metragem de “alerta social” pelo cineasta David Rebordão, que declara “uma das razões que me fez criar este filme, foi o de constatar que os artistas portugueses estão muito virados para o seu umbigo”, em entrevista de Rui Matoso para esquerda.net.

Estes anos de austeridade e desgoverno não serviram para repensar, reforçar e melhorar a nossa democracia, muito menos a sua vertente participativa, antes pelo contrário.

Estou convencido de que não há cidades especiais e de que a criatividade humana é transversal a muitas atividades, mas precisa ser nutrida e sustentada num meio ambiente (ecossistema) propício.

Nestes tempos de empobrecimento e miséria simbólica, os “tempos livres” da propalada civilização do bem-estar ou “sociedade de lazer” evidenciam-se como uma enorme falácia.

Relatório Eurobarómetro 2013 evidencia declínio da participação cultural em Portugal. A conclusão geral é a de que, desde 2007, tem havido um declínio geral na maioria das práticas culturais, apontando-se a justificação para os efeitos da atual crise económica e financeira. Tal como acontece em outras áreas sociais, a divisão entre países nórdicos e do sul da UE repercute-se também na cultura. Por Rui Matoso