Joana Mortágua

Joana Mortágua

Deputada e dirigente do Bloco de Esquerda, licenciada em relações internacionais.

A influência desta ideologia reacionária e fascizante não é obra de um único partido, mas de uma grande articulação a que já deram muitos nomes, partido digital bolsonarista, extra partido, partido paralelo.

Se a direita dita tradicional não quer olhar para Itália (ou França), ponha os olhos no Brasil. Não sobrou nem um Montenegro para amostra.

Estas grandes empresas que estão a lucrar com a crise distribuem dividendos aos seus iluminados acionistas; apesar da economia estar a contrair, queixam-se que já contribuem demasiado para a sociedade enquanto transferem os seus extraordinários rendimentos para offshores.

Aqui não há justiça: enquanto uns arreganham os dentes para proteger os lucros do seu negócio, outros perdem o direito à educação. A pergunta que se impõe é: o que vai fazer o governo para proteger os Estudantes do Ensino Superior.

Estava coberta de razão quem disse que as mulheres praticantes de futebol precisam de driblar bem mais que as adversárias em campo para mostrarem seu talento, valor e habilidades.

Ruiu mais um castelo de cartas liberal. Afinal, a Uber não era a personificação do incrível mundo das startups, do empreendorismo e da modernidade capitalista, era apenas mais uma multinacional disposta a abusar do poder, fugir à lei e enganar meio mundo para enriquecer os seus accionistas.

Em vez de alinhar pela perspetiva do progresso humano, Pacheco Pereira cometeu um erro. Ao colocar-se na posição de vítima em heróico ato de resistência face a uma “fúria censória”, retirou-se do debate pelo lado de quem substitui a dialética pela afirmação do preconceito/de uma verdade absoluta e inquestionável.

Construir dois aeroportos nas próximas décadas é um absurdo. Um absurdo só ultrapassado pela forma como o Governo tem gerido o dossier, em total desrespeito pelo país, pelas decisões do Parlamento e pelos compromissos climáticos dos país. Andam a brincar connosco.

A ideologia patriarcal do empresário português tem no “politicamente correto” o inimigo declarado. É curioso como os ultraconservadores gostam de usar o poder do Estado para criminalizar decisões pessoais, como o aborto, por serem contrárias à sua visão do mundo.

O crime indignou além fronteiras porque Dom Phillips e Bruno Pereira são símbolo de duas realidades indivisíveis: a esperança e coragem de quem levanta os braços, num mundo que nos faz pensar que talvez não estejamos assim tão longe da queda do céu.