João Teixeira Lopes

João Teixeira Lopes

Sociólogo, professor universitário. Doutorado em Sociologia da Cultura e da Educação, coordena, desde maio de 2020, o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto.

Bastaram uns quantos telefonemas de Merkel, Draghi e Barroso (eles próprios porta-vozes das forças financeiras globais) para o líder do CDS tremer, recuar e dar o dito por não dito.

Falo dessa terrível guerra civil que se vem travando entre os mais pobres e que os governantes, às várias escalas (nacional, europeia, global), vêm promovendo com êxito.

Os Cavaquistas e alguns socialistas gostariam de ver Rui Rio à frente do país. Mas vou contar-vos o que se passou na minha cidade durante estes tempos.

Quem escutou as indignadas reações dos socialistas ao discurso de Cavaco Silva ou leu a veemente entrevista que Seguro concedeu ao Expresso, esperaria tudo menos o ovo que saiu do congresso do PS.

Enquanto Rui Rio beberica com deleite o seu cálice de velho vinho do Porto, a segunda torre do Aleixo implode com estrondo, para gáudio hollywoodesco do instinto de espetáculo de uns e para drama de quem vê desaparecer um vínculo à memória e à cidade.

Sócrates clamou ainda contra a austeridade. Mas importa lembrar que foi o seu governo que lhe abriu a porta!

O PS e a UGT enfraquecem com a sua fraqueza a luta social. Das duas uma: ou enfrentam a ditadura da austeridade ou tornam-se definitivamente seus cúmplices.

Urge melhorar a qualidade e a sustentação das propostas alternativas e as formas/meios de as comunicarmos.

É um insulto homenagear o assassino na casa-mãe da democracia.

Neste país que acrescenta injustiça à desigualdade do nascimento importa defender com unhas e dentes as parcas sementes de uma violenta esperança.