João Camargo

João Camargo

Investigador em Alterações Climáticas. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

A reforma florestal aprovada em julho já está ultrapassada. É assim quando tudo acelera.

As alterações climáticas estão a materializar-se e a exceder em muitos casos a prudência dos modelos científicos.

Se os contratos forem cumpridos, 2018 será ano de quatro furos de prospeção petrolífera algures entre Lisboa e o Porto.

Veio de mansinho. Palavrinha aqui, palavrinha ali, pouco barulho, pouco alarido. Mais um acordo de comércio, que diferença é que faz? Nós queremos é comércio, que é como quem diz, queremos progresso.

Há anos que se repete a fórmula de marketing “economia azul” na promoção da plataforma continental.

Num território tão vulnerável como o português, as maiores empresas pesam como uma âncora para evitar preparar um futuro no novo clima.

O Governo propõe uma troca às celuloses: elas deixam o osso, as zonas menos produtivas do país, em troca do lombo, a zona litoral centro-norte do país,

A floresta portuguesa perdeu cerca de 10 mil hectares de área por ano nos últimos 25 anos. Nesse período, a área de eucaliptal ter-se-á expandido cerca de 150-170 mil hectares.

Não existirá uma floresta habitada, um meio rural sustentado e um território a travar a sua desertificação enquanto o dinheiro continuar a entrar nos cofres das celuloses. Por João Camargo

As condições para a existência de tragédias como Pedrógão Grande não se repetirão só nos próximos verões: repetir-se-ão já este verão.