Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Dois dias de cessar fogo efectivo são uma boa notícia para as populações libanesas ameaçadas pelos bombardeamentos israelitas, como para as populações árabes e israelitas de Haifa e de outras cidades que estavam a ser atingidas pela resposta do Hezbollah. De facto, as condições políticas para Israel prosseguir a guerra estavam a ser claramente enfraquecidas. Israel perdeu a guerra.

Israel é o resultado de uma história trágica. O Holocausto e a perseguição nazi aos judeus impulsionou a imigração de populações perseguidas do centro da Europa para fora da Europa, e o decadente império britânico, com o francês, com a indiferença internacional, exilou estas populações e comunidades para Palestina, esperando criar uma zona de contenção e controlo no coração do mundo árabe. Israel nasceu assim no coração da guerra e definiu-se como um Estado em guerra. A guerra é a sua natureza.

Timor falhou? O regime está a desagregar-se com o confronto entre o Presidente Xanana e o ex-primeiro-ministro Alkatiri, e sendo a guerra civil ainda uma ameaça, a população de Díli fugiu para as aldeias das montanhas e não regressou, antecipando o pior. Para já, triunfou o golpe palaciano que levou Ramos Horta ao controlo do governo, procurando agora o controlo político que condicionará as eleições. A Igreja Católica, o Presidente, todos os aliados do poder imperial da Austrália, clamam para já vantagem - e têm-na de facto. Se vencerem, será a independência de Timor que falhará.