Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

A hipocrisia dos governos europeus pretende tratar a questão como um caso de polícia, como se fossem perigosos criminosos a invadir um país que lhes é estanho.

Mas o que estes imigrantes nos dizem é o contrário. Que querem viver, trabalhar, ser felizes, ter uma oportunidade. Têm direito a essa oportunidade.

O episódio da votação do empréstimo na Câmara de Lisboa revelou o novo estilo do PSD. Caceteiro, ameaçador, contraditório, ignorante.

A greve da função pública somou-se ontem à longa greve dos ferroviários e trabalhadores dos transportes. A resposta generalizada e prolongada dos grevistas franceses é um incentivo para a luta pela segurança social em toda a Europa.

O esvaziamento da direita, pateticamente demonstrado no debate do Orçamento, é o efeito da vitória de Sócrates ao esvaziar a política da direita. Mas essa é a derrota de quem pensasse que o PS poderia vir a fazer políticas sociais respondendo ao atraso e às injustiças.

Durante o último fim de semana, o Governo dedicou três desmentidos - em quatro comunicados - ao Bloco de Esquerda. Tanto frenesim pode parecer estranho, e é mesmo. O Ministério da Saúde fez dois comunicados, o da Educação um e o do Ambiente outro. O Secretário de Estado do Ambiente foi despachado para a RTP, para uma resposta que pretendia acusar-me de "mentir". Os outros comunicados afinavam pelo mesmo diapasão.

Não sei se haverá prova mais evidente da irresponsabilidade das políticas de mercado do que esta ignorância acerca das suas vítimas: o aumento do endividamento e da pobreza e o aumento do desemprego - com a redução das prestações sociais - são apresentados nos jornais económicos ou nos discursos ministeriais como dois factos sem qualquer relação.

Vasco Pulido Valente ficou irritado porque respondi à sua crónica no Público. VPV não gosta de ser contradito. Espalhou por isso a sua irritação em letra de forma, o que já é dizer pouco.

Vasco Pulido Valente voltou (PÚBLICO, 12 de Agosto) a um dos seus temas recorrentes: mostrar que o "bloco" é uma doença e que o seu contágio é pernicioso. Não é novidade. VPV aborrece-se com o Bloco, e quando chega o Verão isso afecta-o mais ainda. VPV não gosta da roupa dos deputados do Bloco. VPV abomina as ideias dos fundadores do Bloco. VPV acha-me "fradesco" e declara que já "ninguém" suporta a minha voz. VPV acha o Bloco "gordo, careca, velho, respeitável e oco" e portanto, à beira do seu fim, que será a integração no governo do PS.

O professor Marcelo Rebelo de Sousa é uma das únicas pessoas neste país que é ao mesmo tempo uma instituição. Acarinhamos os seus gestos, a sua intriga, a sua maledicência, as suas insinuações, como os seus raciocínios e informações. Habituámo-nos a ele, é tudo.

Na sequência dos resultados eleitorais em Lisboa, tanto o PSD como o CDS mergulharam numa crise vertiginosa. Era de esperar. O PSD tem o pior resultado de sempre, depois de ter governado a Câmara durante 6 anos, de ter escolhido Carmona para presidente e de se ter desentendido com ele. E, no PSD, o desgaste da direcção é muito acentuado e todas as oposições preferem a substituição de Marques Mendes. O CDS não elege, pela primeira vez na sua história, e percebe-se que teria tido mais hipóteses com a vereadora que abandonou o partido, Maria José Nogueira Pinto. Paulo Portas quis testar a sua liderança e perdeu. Era portanto de prever que os dois partidos de direita entrassem em convulsão.