Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

É um livro sobre a gente que se desenrasca e sobre os medos do dia seguinte. Assim, é um retrato da grandeza e das misérias de um país em transformação, escarnecendo da ideologia auto-justificativa e do discurso do poder.

As diretas não são só um fútil concurso de beleza ou a porta aberta a jogos financeiros clandestinos. São uma campanha para forçar a esquerda a virar ao centro e à direita.

Quando escrevo esta nota, só tenho informação oficial de algumas conferências de imprensa de membros do governo sobre capítulos específicos do Orçamento. Mas, apesar disso, é possível escrever com certeza que as contas apresentadas até agora estão erradas.

O Nobel da Economia acaba de ser atribuído a três professores norte-americanos: Lars Peter Hansen e Eugene Fama, de Chicago, e Robert Shiller, de Yale. Deste modo, juntam-se economistas muito diferentes.

Zorrinho, líder parlamentar do PS e habitual porta-voz de Seguro, usa hoje o Correio da Manhã para atacar a esquerda:

A esquerda precisa de uma maioria e de um presidente para retirar o poder da obscuridade da finança e entregá-lo à responsabilidade da democracia.

O ministro que sai acusa os ministros que ficam de não saberem o que querem ou, se sabem, de não lutarem pelo que querem. Na tempestade, o navio está à deriva.

A resistência à bancarrota só se pode organizar na luta contra a dívida, com a proposta de um compromisso político para uma maioria que rejeite e termine o Memorando.

Termina sábado o Festival e o Forum, com um grande debate com Aleida Guevara sobre a “experiência da América Latina”, onde começaram as maiores contestações das últimas décadas contra os programas de ajustamento estrutural. Mas ontem foi dia de política: Eric Toussaint apresentou o seu livro recente sobre a dívida, Chantal Mouffe conduziu um debate sobre as diversas interpretações estratégicas acerca dos movimentos de rua, e Slavoj Zizek falou sobre “o amor como categoria política”.

De 4 a 18 de Maio, Zagreb enche-se de estranhos sinais nas ruas principais, anunciando um festival de cinema subversivo ou um festival subversivo de cinema – a língua inglesa é muito traiçoeira. Milhares de pessoas participam na discussão de filmes e, depois, nos fóruns por onde passa a filosofia, política, psicanálise, história, testemunho de movimentos sociais e debates de estratégia. A esquerda junta-se nos Balcãs.